a volta para sp

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Depois de horas na praia, o grupo começou a sentir o cansaço do sol e da água. Todos concordaram que era hora de voltar para o hotel, tomar um banho e se preparar para a viagem de volta para São Paulo. O clima, que antes era leve e descontraído, começou a ganhar um tom de despedida silenciosa. O último dia havia chegado ao fim.

No caminho de volta, Yris, Henrique, Agnes e Nagashima caminharam lado a lado, ainda se provocando e rindo das situações do dia, mas algo estava diferente. Era como se a praia tivesse criado um laço mais forte entre eles, algo que transcendeu as brincadeiras e apostas.

Henrique caminhava ao lado de Yris, seus dedos às vezes roçando de leve os dela. Ele olhava para ela de vez em quando, como se estivesse procurando o momento certo para dizer algo. Mas Yris, distraída com o pôr do sol e o som das ondas que ainda ecoava na mente, parecia distante. Agnes e Nagashima vinham logo atrás, conversando sobre qualquer coisa para quebrar o silêncio que às vezes surgia entre os dois.

Quando chegaram ao hotel, subiram rapidamente para os quartos. O cansaço da praia havia deixado todos exaustos, mas eles sabiam que precisavam se arrumar e fazer as malas para pegar o voo de volta para São Paulo.

No quarto, Yris jogou-se na cama com um suspiro profundo. Agnes se sentou ao lado dela, olhando para o teto, enquanto uma sensação de melancolia começava a se espalhar.

Acho que vou sentir falta disso – disse Agnes, quebrando o silêncio. – Sabe, da praia, de estar todo mundo junto assim… Não é sempre que a gente tem dias como esses.

Yris assentiu lentamente, ainda deitada.

É... também acho que vou sentir falta – respondeu, olhando para o teto, perdida nos próprios pensamentos. – Foi bom estar aqui com vocês. Mesmo com todas as brincadeiras e provocações, foi especial, de algum jeito.

Agnes virou-se para ela, um sorriso tímido surgindo no rosto.

E você e o Henrique? – perguntou com uma leve provocação. – Vai sentir falta dele?

Yris revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso.

Ah, nem sei. A gente se dá bem, mas ele é meio bobo às vezes – disse ela, rindo.

Bobo, mas parece que você gostou – retrucou Agnes, rindo também.

Enquanto isso, no quarto ao lado, Henrique e Nagashima também estavam deitados, com as malas já prontas. Henrique olhava para o teto, pensando no dia que teve. Aquela aposta com Yris ainda rodava na cabeça dele. O selinho que ela lhe deu foi rápido, mas algo nele mexeu com ele mais do que ele esperava.

Tá pensando na Yris, né? – disse Nagashima, se sentando na cama e jogando uma toalha molhada em cima de Henrique.

Cala a boca, cara – respondeu Henrique, jogando a toalha de volta. – Mas, se quer saber, talvez eu esteja, sim.

Nagashima riu.

Sabia. E você acha que ela gostou? Porque, pelo jeito, a Agnes tá meio na dúvida comigo ainda – comentou, passando a mão pelos cabelos.

Henrique deu de ombros.

Ah, não sei. Acho que ela gostou, mas com a Yris é difícil saber, né? Ela se esconde atrás daquele jeito meio brava dela. Mas, sei lá, vou ver como as coisas ficam quando voltarmos pra São Paulo.

A conversa foi interrompida por uma batida na porta. Era Agnes, que entrou junto com Yris, as duas já arrumadas para o voo.

Vamos, rapazes. Vocês vão perder o voo desse jeito – disse Agnes, provocando.

Tô pronto, tô pronto – respondeu Nagashima, pegando a mochila.

Yris apenas olhou para Henrique e sorriu de leve, como se não quisesse prolongar o clima. Eles desceram juntos até o saguão do hotel, onde pegaram o transfer que os levaria ao aeroporto.

No Aeroporto

Já no aeroporto, o clima começou a mudar novamente. A agitação típica de voos, as malas sendo pesadas, os últimos minutos de espera. O grupo se sentou perto do portão de embarque, e dessa vez, o cansaço parecia dominar todos.

Henrique, ainda ao lado de Yris, olhava para o celular, mas não conseguia se concentrar em nada. Ele queria dizer algo, mas não sabia como começar. Yris também parecia um pouco inquieta, mexendo no cabelo e olhando ao redor, evitando contato visual por mais tempo que o normal.

Finalmente, Henrique suspirou e falou:

Yris… sobre hoje na praia… aquele selinho... – ele começou, meio sem jeito.

Yris olhou para ele, surpresa por ele ter tocado no assunto.

O que tem? – perguntou, tentando manter o tom despreocupado.

Henrique deu um pequeno sorriso.

Não sei, só queria dizer que… foi legal, sabe? Eu gostei. Acho que... talvez a gente pudesse ver no que dá, quando voltarmos pra São Paulo.

Yris ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que ele disse. Por dentro, ela sentia algo semelhante, mas nunca foi do tipo de expor seus sentimentos tão facilmente.

É… também achei legal – respondeu finalmente, dando um sorriso sincero. – Mas vamos com calma, né? A gente vê como fica.

Henrique assentiu, aliviado por ela não ter rejeitado a ideia.

Enquanto isso, Nagashima estava em uma conversa baixa com Agnes, tentando não ser tão óbvio, mas era claro que ele também estava tentando entender o que sentia. O grupo, de certa forma, estava em sintonia, cada um lidando com seus sentimentos da forma que conseguia.

De Volta a São Paulo

O voo passou sem grandes acontecimentos. Quando o avião finalmente pousou em São Paulo, já era noite. A cidade estava iluminada por milhares de luzes, e o ar era diferente do calor úmido de Fortaleza.

No desembarque, as despedidas começaram a acontecer de forma natural. As malas foram pegadas, e cada um se preparava para voltar para suas respectivas casas.

Foi uma viagem incrível, gente – disse Agnes, abraçando cada um. – Já tô com saudade.

A gente precisa marcar outra dessas – completou Nagashima, tentando manter o clima leve.

Henrique e Yris se olharam uma última vez antes de se despedirem. Não precisavam de muitas palavras, havia uma compreensão silenciosa entre eles.

Até mais, Henrique – disse Yris, sorrindo.

Até mais, Yris – respondeu ele, retribuindo o sorriso.

Cada um foi para seu caminho, mas todos sabiam que aquela viagem havia mudado algo entre eles. A partir daquele momento, nada mais seria exatamente igual. E talvez fosse isso que tornava a volta para casa tão especial.

Naquela noite, enquanto cada um retornava para sua vida em São Paulo, o pensamento de que algo novo havia começado ecoava em suas mentes, deixando a expectativa de que o futuro seria ainda mais interessante do que eles imaginavam.

A filha do hariel - Henrique LemosOnde histórias criam vida. Descubra agora