Apresentações

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Aos 18 anos, Ariel Osborne cursa o terceiro ano do ensino médio no Colégio interno Elmore, ele sentia-se cansado e não esperava a hora de finalmente tirar férias e ir para a faculdade, não o entenda mal, a escola é maravilhosa e os funcionários também. No entanto nem tudo são flores, Ariel sentia falta de ver seus gatos todos os dias, de simplesmente poder passar os fins de semana maratonando filmes enquanto comia besteiras, ele sentia falta de casa.

No colégio, Ariel tinha que lidar com algo que ele não sabia muito bem, como pessoas, mais especificamente, Kai Harrison, que na verdade, um dia já fora melhor amigo de infância e primeiro romance de Ariel, mas ambos acabaram seguindo caminhos opostos no decorrer do tempo.

Esse ano não estava sendo fácil, seu gato, Salém, que por muito tempo foi seu suporte emocional, faleceu nas férias do ano passado, em dezembro. Já faziam dois meses desde o ocorrido, mas o sentimento parecia o mesmo, Salém foi sua companhia por longos anos, Ariel sabia que ele já estava ficando cada dia mais velho e cansado e que eventualmente ele iria embora, mas não esperava que fosse naquele momento, ele na verdade nunca esperou.

Mesmo após 2 anos vivendo no colégio, os sentimentos de não pertencimento e angústia o acompanhavam por todo lugar. Ariel se sentia sozinho, uma peça de quebra cabeça colocada no lugar errado e essa sensação de solidão,  de não ser bom o suficiente, de se olhar no espelho e nem se quer saber o que via o torturava todos os dias, os dias de Ariel poderiam ser piores se não fosse por Nicolas Murphy sua alma gêmea, seu melhor amigo. 

Ariel conheceu Nicolas assim que entrou na escola, no seu primeiro dia de aula. Eles demoraram um pouco para se aproximarem, até descobrirem que estavam no mesmo dormitório, de imediato as personalidades se encaixaram e desde então eles têm construído uma forte amizade.

Até  hoje ele lembra desses momentos com muito carinho...

Ele lembrava de como sentia calafrios e enjoos por todo o corpo no primeiro dia, lembrava de achar que sua pressão havia caído, pois sentiu suas pernas fracas e trêmulas, a respiração desregulada e ao olhar para aquela multidão de jovens sentiu que podia desmaiar ali mesmo. Foi quando um adolescente que à primeira vista pareceu um pouco assustador, foi em sua direção, com cabelos longos que chegavam aos ombros e tinha as laterais rapadas, com apenas as pontas descoloridas, pois a raiz morena já havia crescido, piercings na sobrancelha e na orelha, e centímetros mais alto que o ruivo. Apesar do visual dele se destacar bastante, o que assustava e chamava a atenção de Ariel, era sua expressão serena e fechada que chegava a ser intimidante.

Quando Ariel o sentiu se aproximar, seu corpo ficou em dúvida entre fugir dali rápido e o evitar ou se aproximar, mas o nervosismo foi tanto que ele acabou ficando imóvel olhando para o garoto.

— Ooi! Cara você parece meio pálido, tá tudo bem?

Nossa... ele realmente poderia desmaiar ali mesmo.

— Sim! É que... eu tô meio perdido, eu acho, eu não venho muito para esse lado da cidade, sabe? Não conheço ninguém daqui e... é sei lá — Ariel cuspia as palavras como se estivesse sendo assaltado a mão armada.

De repente aquele rosto desconhecido que parecia tão fechado se abriu em um olhar caloroso e um pequeno sorriso.

— Eu me chamo Nicolas Murphy e você?

— Eu?

— Como você se chama

— Ah, meu nome é Ariel Osborne

— Eu posso te apresentar os lugares, talvez assim você se sinta mais tranquilo, o que acha? — Nicolas oferecia sua mão para o ruivo que a pegou hesitante.

— Sim!

— Então vamos, logo você vai se acostumar com a atmosfera daqui, tem muita gente merda, mas também tem um pessoal legal...

— Você entrou aqui com algum conhecido?

— É,  eu entrei aqui com o meu amigo de infância, mas infelizmente ficamos com o cronograma completamente oposto, então não vamos nos ver muito.

— Ah, é uma pena, mas pelo menos vocês conseguiram entrar juntos...

— Aah, não fique triste, você vai fazer amigos muito rápido eu tenho certeza, ja pode me considerar um!

Nick foi mostrando cada lugar do colégio, até que finalmente os sinais tocaram e as caixas de som começaram a instruir os estudantes a procurarem seus dormitórios.

— Obrigado, valeu mesmo Nicolas

— Me chama de Nick, a gente se vê Ari

— Sim, até mais Nick

Ariel sentia seu rosto queimar de vergonha com o novo apelido. Após se despedirem, seguiram direções opostas, olharam os papéis e voltaram a seguir pela mesma direção sem perceber, pois estavam tão distraídos  olhando para o mapa no papel e procurando o número de seus dormitórios nos arredores, que só perceberam a presença um do outro quando Ariel caiu após Nick ter esbarrado nele.

— AAi!

— Ai meu Deus! Desculpa, tá tudo bem?

Nick rapidamente se aproximou do de cabelos ruivos para o ajudar a se levantar

— Sem problemas, eu tava distraído com o papel... Nick?

— Eu!

— Eu pensei que você tivesse ido pra lá — Gesticulou o garoto confuso

— Olha, parece que nossos dormitórios ficam na mesma direção, qual seu número? O meu é 104

— O MEU TAMBÉM! É... 104 — gritou as primeiras palavras

Nesse dia o ruivo se sentiu sortudo, foi como ter ganhado um bingo.

— Legal!! Então bora!

Nick riu do entusiasmo de Ariel e novamente saiu o puxando pelos corredores em direção ao dormitório. Os primeiros dias que o ruivo passou com Nick no colégio foram suficientes para o fazer baixar a guarda e perceber que ambos podiam se tornar ótimos amigos. As oposições dos dois se completavam, sem contar que ambos demonstravam afeto de forma semelhante, o que os aproximou ainda mais rápido.

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⏰ Última atualização: Oct 09 ⏰

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