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BELLA VESTIU seu pijama lentamente, tentando organizar os pensamentos antes de descer para falar com sua mãe. Ela sabia que qualquer menção a Luzia seria suficiente para desencadear uma discussão, mas não tinha como evitar o assunto, já que precisaria contar sobre os planos para o fim de semana.

Quando desceu as escadas, Clara estava sentada no sofá, distraída com o celular. A televisão estava ligada, mas ela não parecia prestar muita atenção. O clima já estava tenso antes mesmo de Bella abrir a boca.

— Mãe — Bella começou, com a voz hesitante. — No sábado, eu vou ao parque com a Luzia...

Ela mal teve tempo de terminar a frase quando Clara já ergueu o olhar, seu rosto mudando de uma expressão neutra para um misto de desaprovação e raiva.

— Luzia, de novo? — Clara bufou, largando o celular no sofá. — Bella, já tá ficando feio isso. Você tem 15 anos e só vive grudada nessa menina. O que as pessoas vão pensar de você, hein? Já passou da hora de você arrumar um namorado decente, pra parar de andar com essa garota pra lá e pra cá. Isso não é normal!

Bella sentiu o peito apertar, a raiva e o nervosismo crescendo dentro dela. Sabia que aquela conversa terminaria mal, mas mesmo assim, a dureza das palavras de sua mãe sempre a atingia como uma faca.

— Luzia é minha amiga, mãe! — Bella retrucou, tentando manter a calma, mas a voz já trêmula. — Qual o problema nisso? Só porque eu não estou saindo com algum garoto?

Clara revirou os olhos, cruzando os braços e soltando uma risada amarga.

— Amiga? Sei muito bem onde essas "amizades" levam — Clara rebateu, o tom cheio de desprezo. — Você tem que começar a pensar na sua reputação. O que os outros vão pensar, Bella? Uma garota da sua idade andando o tempo todo com outra menina? Não vou admitir isso! Não com uma filha minha!

Bella sentiu o sangue ferver. Já era difícil lidar com as próprias dúvidas e confusões sem ter que ouvir aquele tipo de coisa. Sentiu as lágrimas ameaçando surgir, mas lutou para mantê-las longe.

— Então é isso, né? — Bella falou, a voz cada vez mais embargada. — O que importa pra você é o que os outros pensam. Não interessa o que eu sinto, então?

— O que você sente? — Clara cortou, impaciente. — Bella, eu me preocupo com a sua integridade. Já não basta a sua prima, que resolveu que quer namorar mulher? Não vou admitir isso na minha casa. Você precisa arrumar um namorado logo, antes que a cidade inteira comece a falar de você!

Bella ficou paralisada por um segundo, o coração disparado, a cabeça girando. Cada palavra da mãe era como uma martelada.

— Eu não sou a Rosamaria!— Bella gritou, tentando manter a voz firme. — E mesmo que fosse, o que tem de errado nisso? Só porque eu não tô namorando algum garoto, isso não faz de mim...

— Não faz de você o quê, Bella? — Clara interrompeu, a voz ficando mais alta. — Você acha que é normal uma garota da sua idade só andar com outra menina desse jeito? Isso é nojento! As pessoas estão falando, Bella. Eu escuto os comentários, e você acha que eu vou deixar isso continuar? Minha filha sendo falada por ai, sendo chamada de sapatão?

Bella, já tomada pela raiva e frustração, disse sem pensar:

— É por isso que eu prefiro morar com o papai!

A sala ficou em silêncio por um segundo. O olhar de Clara endureceu, e ela soltou uma risada amarga.

— Ah, então é isso? Prefere morar com o seu pai? — Clara disparou, levantando-se do sofá. — Vai, então! Vai pra casa dele e pede pra ele pagar todas as suas coisas! Eu faço de tudo por você, te sustento, te dou tudo o que você quer, e o que eu recebo em troca? Você jogando isso na minha cara!

𝐒𝐔𝐁𝐋𝐈𝐌𝐄 | Luzia NezzoOnde histórias criam vida. Descubra agora