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Eu estava sentado em meu escritório, a cabeça ainda cheia de acontecimentos recentes

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Eu estava sentado em meu escritório, a cabeça ainda cheia de acontecimentos recentes. A garota, Maya, havia voltado ao quarto após o nosso breve encontro, e então me dei conta de que ainda estava com os medicamentos dela.

-Merda... —murmurei para mim mesmo, pegando o frasco de comprimidos na mesa.

Levantei-me com um suspiro pesado, caminhando pelos longos corredores da mansão. O som de meus passos ecoava, misturando-se ao silêncio do lugar. Eu não estava acostumado a lidar com esse tipo de coisa — dor, trauma, e muito menos com uma garota tão jovem, tão inocente e quebrada. Mas, de uma forma, aquilo me afetava, a minha síndrome de Wendy está começando a me afetar. Sinto que irei estragar tudo novamente. Sinto que isso irá alimentar a minha obsessão de cuidados, e acabar a matando, como fiz com a minha ex mulher.

[...]

Parei na porta do quarto de Maya e bati, mantendo um tom firme.

-Maya, trouxe seus medicamentos. Não vou demorar.

Silêncio. Eu esperei um momento, batendo de novo, mas ainda sem resposta. Um desconforto começou a crescer em meu peito. Talvez ela estivesse no banho.  Ouvi o som da água correndo ao longe.

- Maya? — chamei mais uma vez, mas nada.

Depois de alguns segundos, com a síndrome martelando em minha cabeça, tentei a todo custo apenas ignorar, franzi o cenho e empurrei a porta com cautela. O quarto estava vazio, exceto pelo som abafado da água vindo do banheiro adjacente. Eu hesitei por um segundo, algo na atmosfera parecia... errado. O som parou abruptamente e não ouvi mais nada.

Deixando os medicamentos sobre a cômoda, caminhei até a porta do banheiro, batendo de leve.

-Não vou entrar, mas se você demorar muito, eu vou acabar achando que aconteceu alguma merda, entendeu? — tentei soar mais firme, mas a preocupação crescente fazia minha voz tremer levemente. Nenhuma resposta.

Foi quando algo dentro de mim se acendeu em alerta. Eu não sabia dizer o que, mas algo me incomodava profundamente naquele silêncio. Com a respiração mais pesada, girei a maçaneta e abriu a porta do banheiro.

A visão me atingiu como um soco no estômago. Maya estava submersa na banheira, imóvel. O pânico tomou conta de mim, fazendo seu corpo reagir antes de minha mente processar o que via.

-Caralho, Maya! — gritei, correndo até ela.

Eu estava com raiva. Raiva dela, raiva da situação, raiva de mim mesmo. Ela estava ali, molhada e frágil nos meus braços, e eu não conseguia controlar a explosão de palavras.

-Filha da puta! — gritei, ainda segurando-a com força. — Você quer morrer? Que merda você tava pensando?

Ela tossiu, cuspindo a água que havia engolido, o rosto pálido, e os olhos perdidos. Mas ela não respondia, apenas tremia. Eu a balancei, ainda mais furioso.

-Responde, porra! — meu peito subia e descia rápido, o sangue fervendo nas minhas veias. — Você acha que isso vai resolver alguma coisa? Acha que se matar vai mudar o que te fizeram?

Ela soltou um soluço fraco, finalmente conseguindo respirar, mas a expressão dela era vazia, derrotada. Como se estivesse desistido de tudo. E essa porra me irritou ainda mais.

-Olha pra mim, Maya! — gritei de novo, segurando o rosto dela com força, forçando-a a me encarar. — Você quer me dizer que vai deixar esses filhos da puta vencerem? Que vai dar a eles o poder de destruir você assim?

As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto negro e sereno dela, misturando-se com a água da banheira, mas não era de medo, era de desespero. Eu vi isso. E foi aí que algo dentro de mim se partiu.

Soltei um suspiro pesado e larguei um pouco a pressão em seu rosto. Ela continuava tremendo, tentando puxar o ar, mas seus olhos estavam presos nos meus agora. Pela primeira vez, eu vi algo além do medo — um abismo de dor.

-Porra, garota... — minha voz finalmente abaixou, agora mais áspera, mas sem o ódio que eu estava despejando antes. — Não faz isso. Não se entrega assim. Se você vai lutar, luta de verdade. Se tem raiva, usa essa porra. Mas não faz isso. Nunca mais.

Ela soluçou mais forte, mas dessa vez se jogou para frente, enterrando o rosto no meu peito. Eu fiquei parado por um momento, sem saber como reagir, mas acabei passando os braços ao redor dela, segurando-a firmemente.

A água ainda pingava no chão ao nosso redor, e a respiração dela se acalmava aos poucos. Eu continuei ali, mantendo-a perto, sentindo o peso da situação cair sobre mim.

-A última coisa que você vai fazer aqui é desistir. — sussurrei, mais pra mim do que pra ela. — Eu não vou deixar.

-Eu... Não queria morrer...—Disse ela em suspiros com o rosto ainda em meu peito.— Só queria que a dor parasse...

-Chega de banho por hoje.

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