Prólogo

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Em algum ponto do século XXI as coisas dentro da sociedade organizada começaram a dar tremendamente errado. Pessoas cometiam cada vez mais crimes, desastres naturais passaram a ocorrer com cada vez mais frequência, fome e desigualdade social assolavam e aterrorizavam cada ser pensante que habitava sob o vasto céu azul. É claro que cada uma dessas calamidades fora construída ao longo de toda a história do planeta terra, mas já havia chegado a um ponto irreversível: ou mudávamos as coisas, ou a sociedade como conhecíamos seria reduzida a pó.

Com isso em mente um grupo de revolucionários dotados de inteligência e infindáveis recursos financeiros lançaram à população o que eles chamaram de Projeto REBOOT.
A ideia era muito simples, eles iriam reorganizar a sociedade do zero, ou melhor, reiniciar as inúmeras convenções sociais criadas desde o início dos tempos, desde o início da existência humana coletiva. Ou seja, racismo, xenofobia, e todo tipo de preconceito seria extinto. Desigualdade social se tornaria um tabu uma vez que os recursos concentrados nas mãos de poucos se tornassem balanceados entre todos. Quanto aos criminosos? Esses seriam tratados de forma muito singular.

Dentre os conhecidos crimes, o Projeto REEBOT garantia a extinção de quase todos eles. Foi apresentado a todos que, a maioria dos crimes cometidos em abundância como furtos, roubos, agressões e outros, aconteciam pela necessidade sobrepujante de sobrevivência. Pessoas furtavam e roubavam para poder comprar a janta ao fim do dia, afinal de contas, que falta faria uma nota de cem dentro da carteira de um CEO?

Agressões eram constantemente reportadas nos noticiários pois a diversidade étnica de uma cidade fazia com que as pessoas se sentissem ameaçadas pela coloração de pele, sexualidade, sexo e demasiadas variantes de seu semelhante, era caótico, e precisava encerrar.

Os fundadores do REBOOT acreditavam que estavam caminhando para o apogeu da existência humana, sem mais percalços pelo caminho, a ciência iria se desenvolver, a fome iria sumir, os poderosos e intocáveis iriam ruir, pobreza seria uma fábula para as crianças contarem em rodinhas de contos de terror.

Ou assim pensavam.

Acontece que o tiro saiu pela culatra, e algumas dezenas de anos depois, todos os ideais que nasceram com o projeto se tornaram apenas uma história bonita para crianças da alta sociedade. Novamente, a sociedade que caminhava para a igualdade estava sendo segregada, novamente, elites se formavam subjugando todos aqueles que meramente mencionassem resistir ao seu controle.

Foi então que no ano de 2065 a Inteligência Artificial chamada "O Salomão" foi criada, e tudo, absolutamente tudo ruiu.

O Salomão tinha um único propósito: selecionar os úteis, descartar os inúteis. Ele agia quase como a Teoria Darwiniana de que os mais fortes suprimiam os mais fracos, única e exclusivamente, a Inteligência criada pela Unidade de Controle Populacional e de Danos, servia para limpar a alta sociedade de pessoas que eles consideravam "inadequadas".

Sanguíneos, Comuns e Ilhados. Esse era o novo normal, foi nesse contexto em que eu nasci. Foi numa droga de Ilha, isolada de tudo que eu conhecia como sociedade onde eu dei meu primeiro suspiro, e provavelmente daria meu último. Não que isso valesse de algo para a Capital, ou para a UECPD, ou para a Elite Londrina.

Mas bem, eu não era qualquer uma. Eu faria valer de algo. 

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