Prólogo.

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Agatha estava exausta. Seus olhos percorriam os papeis espalhados na mesa, mas a falta de cooperação de Rio tornava o trabalho ainda mais extenuante. O que ela estava pensando quando aceitou aquele caso? O reconhecimento, claro. A oportunidade de defender uma das mulheres mais influentes do país. A possibilidade de provar, mais uma vez, como Agatha era a melhor naquilo que fazia. No entanto, o que ganhou foi uma cliente evasiva e uma bela dor de cabeça. 

Com os cotovelos apoiados na mesa de madeira no centro do escritório da CEO, a advogada esfregou o rosto com as mãos e suspirou profundamente. Elas estavam ali há horas e a conversa parecia rodar em círculos.

— Escuta, Vidal. — Agatha ergueu o olhar, a paciência claramente se esvaindo. — Se você quiser que eu te defenda e ganhe esse caso, precisa ser sincera comigo.

Do outro lado da mesa, Rio estava completamente relaxada, brincando com um pequeno canivete que sempre carregava consigo. Ela girava a lâmina de maneira casual, como se a reunião fosse uma distração passageira, não o momento crítico que Agatha tanto tentava criar.

— Achei que você fosse capaz de ganhar qualquer caso, — disse Rio sem tirar os olhos do canivete. — É o que sua reputação diz, não?

Agatha quase revirou os olhos, mas se conteve, embora o olhar de indignação não fosse disfarçado.

— Para fazer o meu trabalho, preciso ter algo com o qual trabalhar. Especulações sobre a sua vida todo mundo tem. Eu preciso saber exatamente o que aconteceu, direto da fonte.

Os lábios da CEO se curvaram em um sorriso, aquele sorrisinho malicioso que carrega um toque de provocação.

— Então você quer beber direto da fonte... — fez uma pausa. — É isso?

Dessa vez, Agatha não conteve o revirar de olhos e inspirou profundamente, precisando de um segundo em silêncio para não perder o último fio de paciência que lhe restava e sair daquele escritório sem olhar para trás. 

— Vidal, isso não é uma brincadeira.

O cômodo mergulhou em um silêncio pesado. Rio parou de brincar com o canivete e olhou diretamente para Agatha, o sorriso lentamente desaparecendo. Então, sem dizer nada, levantou-se da cadeira. Seus passos eram lentos, decididos, e quando chegou à poltrona na qual Agatha estava sentada Rio inclinou-se, apoiando as mãos uma de cada lado do encosto, o torso curvado, aproximando-se o suficiente para que Agatha pudesse sentir o aroma amadeirado do perfume que Rio usava.

— Eu não estou brincando, — Rio sussurrou, a voz baixa e séria, enquanto seus olhos escuros se fixavam nos de Agatha. — Você vai ganhar esse caso. Não importa o que aconteça, o veredito vai ser favorável a mim. Sempre é. Mas a pergunta que realmente importa é... Você vai me ajudar a fazer isso do jeito certo ou do jeito divertido?

A proximidade, a intensidade no olhar e a insinuação deixaram o ar ao redor delas pesado, quase sufocante. Agatha, por um breve momento, sentiu seu coração acelerar, reunindo todas as forças possíveis para não permitir que seu olhar se desviasse dos olhos de Rio e se direcionasse aos lábios carnudos da morena. No entanto, Agatha logo se endireitou na poltrona, mantendo a compostura.

— Você sabe que quem brinca com fogo, em algum momento, acaba se queimando — a advogada pontuou em um tom firme, tentando ignorar a tensão palpável entre as duas. 

Rio inclinou-se ainda mais, diminuindo a distância entre elas, o sorriso brincando nos lábios enquanto sua voz saía baixa, provocante.

— Bom, dizem que os incêndios mais intensos são os que mais valem a pena... — murmurou, os olhos fixos nos de Agatha, deixando a sugestão no ar. — Mas se você tem medo de se queimar, doutora, talvez esse caso não seja pra você.


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Notas da autora: O primeiro capítulo será postado na sexta feira, dia 11/10, às 22h (horário de Brasília). Depois, teremos atualizações semanais. Nos encontraremos em breve! <3 

Play With Fire [AGATHARIO]Onde histórias criam vida. Descubra agora