𝐈𝐋𝐈𝐂𝐈𝐓𝐎 || Gongfourz

✦✧✧ Capítulo 5 ✧✧✦

Paciência definitivamente não era uma das qualidades de Jay Park. Já sabia que ele mandaria Baekho atrás de mim assim que eu não aparecesse no porão com a grana. O que eu não esperava era que ele viesse acompanhado. 

Olhei para trás e vi dois caras saírem de dentro das cabines, fechando o cerco ao meu redor. Eu conhecia aqueles rostos: eram capangas do Jay. O frio na espinha se intensificou. Eu estava ferrado. Muito ferrado.

Virei para Baekho, que com uma calma irritante, tirou o blazer e o dobrou cuidadosamente sobre a pia, como se tivesse todo o tempo do mundo.

— Já te contei o que aconteceu com o nosso antigo entregador? — ele perguntou, como quem puxa assunto sobre o clima.

— Arrumou um emprego melhor? — arrisquei, tentando parecer despreocupado. Ele balançou a cabeça com um sorriso frio.

— Não, ele me deu problemas, tentando ser esperto. Começou a consumir parte da mercadoria. Achou que não íamos perceber. Tive que dar uma mão pra ele... ajudar a se livrar do vício.

Engoli em seco.

— Que generoso da sua parte ter mandado ele pra reabilitação — provoquei, embora minha voz tenha saído mais trêmula do que eu gostaria.

Baekho arreganhou um sorriso.

— Não sei de nenhuma clínica que fique no inferno. — seus passos começaram a ecoar pelo banheiro enquanto ele andava na minha direção. — Agora, quer ouvir uma história engraçada?

Eu sabia que não vinha nada engraçado dali. Cada passo que ele dava parecia sincronizar com o aumento da minha pulsação.

— Nosso comprador ligou hoje — continuou, o sorriso cruel crescendo. — E eu falei pra ele que o motoboy já tinha entregado o pacote... Sabe o que ele disse? Que não recebeu nada.

Meu estômago deu um nó e senti a garganta secar de uma vez. Merda.

— Eu posso explicar... — comecei, dando um passo pra trás.

Mas não tive chance. Antes que eu completasse a frase, Baekho fez um sinal com a cabeça. O primeiro capanga avançou e desferiu um soco que atingiu com força meu rosto, me lançando ao chão. O gosto de ferro tomou minha boca, mas eu não tive tempo para lamentar. O segundo já vinha na minha direção, mas reagi rápido, levantando a perna e acertando um chute na lateral de seu joelho. Ele cambaleou para trás, ganhando um segundo precioso para eu me levantar.

— O pacote ainda tá comigo! — gritei, limpando o sangue que escorria do canto dos lábios.

Eles nem me deram bola e continuaram avançando, com socos e chutes vindos de todos os lados. Claro que eu não ia facilitar e ficar apanhando quieto. Eram dois contra um, mas consegui revidar, acertando alguns socos para afastá-los. Só que, pensando bem, talvez bater de volta não tenha sido a melhor ideia.

Baekho, que estava só assistindo de braços cruzados, finalmente se cansou. Ele entrou na briga com uma rapidez assustadora, agarrou minha cabeça e me lançou com tudo contra o espelho da pia. O som do vidro quebrando ecoou pelo banheiro, mas duvido que alguém lá fora tenha ouvido com a música alta.

— Acha que isso é uma brincadeira, garoto? — ele sussurrou com desprezo, enquanto puxava meu cabelo com força, obrigando-me a encará-lo de perto. — Ser o cachorrinho favorito do Jay não te torna intocável.

— Eu... eu não consegui entregar ainda... — consegui dizer, a voz meio ofegante, enquanto sentia o sangue quente escorrendo pela testa. — A polícia apareceu na festa e tive que dar o fora. Mas o pacote tá seguro... eu juro. Só preciso de um pouco mais de tempo pra passar pro comprador.