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Aquela já era a quinta vez que você dava um passo para trás na fila. Mais um pouco e você acabaria tropeçando no pé da menina que estava atrás. E isso com toda a certeza do mundo não ia dar bom.

Não era para você estar ali. Você não pertencia àquele lado da cidade. E se as roupas de grife já não denunciavam o suficiente, o olhar amedrontado e os lábios tremendo te entregavam por completo.

Tudo por causa de uma aposta.

— Ai que raiva de você Mai. – murmurou baixinho sob respiração, vendo que mais três pessoas e seria a sua vez de entrar. Tão perdida em pensamentos estava — mais precisamente xingando aquela que deveria ser sua amiga — que só faltou pular quando seu celular vibrou na sua mão e o som de “Hollaback Girls” soou alto, chamando atenção de quem estava por perto. Seu rosto queimava tanto, e nem coragem de levantá-lo teve quando atendeu. — Alô?

Por que tá tremendo tanto jumentinha? Tá parecendo um pinto achado no lixo. – reprimiu a palavra chula que quis sair da sua boca no momento que reconheceu a voz.

— Eu tenho mesmo que entrar? - choramingou, se desesperando quando viu que só tinha uma pessoa na sua frente. — Meu deus, tão rápido. – murmurou, sentindo lágrimas se formarem em sua linha d’água e seu coração bater desenfreado no peito. Você estava mais que parecendo um pinto achado no lixo, você estava aterrorizada! — Mai, eu não quero...

Larga de ser bundona, você que quis apostar comigo, agora aguente as consequências gatinha. – zombou, maldade pingando na voz da morena e a vontade de chorar aumentou mais um pouquinho quando finalmente chegou a sua vez e teve que apresentar seu ingresso e documento ao segurança. — Ei relaxa, já falei que eles não vão fazer nada que você não queira. – a morena procurou te acalmar.

Do outro lado da rua, sentada confortavelmente no banco de seu Porsche, Mai observava seu estado e ela quase sentiu pena. Quase. Se tivesse um coração um pouco mais bondoso certamente sentiria mais, mas mesmo assim te faria vivenciar o que você estava prestes ao entrar no local que entrava neste exato minuto.

— Tem certeza? E se eles acharem que é conveniente me agarrar do nada?

Princesinha, fica em paz que isso não vai acontecer, tá? Agora eu vou desligar, se cuida.

— Não Mai! Por favor, continua falando comigo! Não me deixa aqui sozinh-

E como é que por acaso você iria aproveitar as maravilhas que residem aí dentro? Nuh uh, se divirta! E lembre-se...- pausou, causando suspense. — Se te oferecerem alguma coisa você aceita e se a vontade bater, usa camisinha. 

— O qu- não teve tempo de retrucar, a vagabunda já tinha desligado. — Mas que piranh-

— Oi, primeira vez na Lick The Wrapper? - levou um susto quando uma mulher pareceu brotar do chão em sua frente. — Eu sou a host da casa e posso te ajudar se tiver com alguma dúvida. – sorriu amigavelmente, e se o chão pudesse se abrir e te engolir ali mesmo você ia adorar.

Estava tão nítido assim que você nunca havia pisado o pé num lugar daquele?

Bom, você nunca pisou num lugar daquele realmente, então não era pra menos — sua mente fez questão de te lembrar e ser razoável.

— Na verdade sim, é a minha primeira vez aqui. – sorriu de volta, trêmula e com as bochechas ardendo. — Como que funciona as...hum, sessões?

A host sorriu, simpatizando com a sua timidez. Certeza que perdeu alguma aposta, tadinha — pensava a host.

— Bom, só porque você está aqui, não necessariamente precisa participar de alguma sessão. – te confortou e você pode respirar minimamente aliviada. — Mas basicamente quem negocia as sessões são nossos modelos. Eles ficam por toda parte, e se você se interessar por algum, pode solicitar alguns minutos ou horas com ele. Ou eles, aqui não colocamos limites de quantidade. – a host piscou, e seu rosto só faltou explodir. — Durante as sessões vocês também não precisam necessariamente fazer sexo, eles geralmente fazem um lapdance ou te dão uma mamada, então pode ficar de boa. Uma das regras primordiais da LTW é que toda e qualquer brincadeirinha deve ser consensual, vinda de ambos os lados. No final do corredor você vai ter acesso á parte principal do clube e também ao bar.

— Ok...- mamada? Como assim mamada? O que é isso? É tipo um chupão no pescoço só que com upgrade?

— Hoje é openbar, então você pode beber a vontade. Pratos e quitutes, no entanto, ficam fora da nossa programação então se quiser comer alguma coisa vai precisar pagar depois, é por isso que assim que você chegar no bar eles vão abrir sua comanda. – explicou, segurando levemente no seu braço e te guiando pelo curto corredor até a área principal do clube. — Temos uma pista de dança e mesas espalhadas para que fiquem a vontade, então aproveite. – piscou novamente. — E se caso ocorrer alguma coisa, pode me procurar ou chamar algum funcionário. Estaremos 100% a postos.

— Obrigada...qual o seu nome?

— Mei, docinho. – piscou de novo e voltou pelo caminho que vocês fizeram

— Ela realmente gosta de piscar o olho. – murmurou baixinho, prestando atenção aonde você estava agora.

A área principal do “clube” era ampla e tinha uma iluminação bem interessante. Roxo e rosa se misturavam em tons que não machucava os olhos e você conseguia ver todos, ainda que alguns pontos ficassem mais escondidos. O bar era extenso, e atrás dele quatro bartender faziam malabarismos para os clientes, com roupas que acentuavam os músculos e deixavam amostra as tatuagens que tinham.

Mesas e bancos com estofados elegantes estavam espalhadas por todo canto
— tal como a host Mei havia dito — assim como os “modelos” que zanzavam por toda aquela área sem se preocupar com a falta de roupa que tinham em seus corpos.

Aquela não era uma boate qualquer. Era uma casa de garotos de programa — ou puteiro, como Mai preferia chamar.

Você ficou um tempo paralisada, observando homens de tudo quanto é tipo e tamanho zanzarem pra lá e pra cá quase nus. Não pera, alguns deles estavam realmente nus.

De repente a vontade de dar meia volta e ir pra casa gritou, mas seu celular também.

nem pense em ir embora – mai fedida
a gente apostou e vc perdeu, larga de ser bebezona! eles não vao te morder – mai fedida
a menos que vc peça é claro ;) – mai fedida

eu te odeio – você

Foi a única coisa que mandou pra ela, respirando fundo, guardando o celular que, agora estava só no vibracall, na bolsinha que tinha escolhido para complementar seu look, e decidindo a primeira coisa que faria naquele lugar.

Beber.

Tomar aquela famosa dose de coragem líquida talvez te ajudassem a completar sua missão ali — o que estava mais para punição ao seu ver mas discutir não resolveria nada.

— Me vê uma vodka com limão, por gentileza. – teve que gritar para que o bartender escutasse por causa da música alta, e te dando uma piscadela — eita como gostavam de piscar para você — ele começou a preparar sua bebida.

Arriscando dar uma passada de olhos pelo lugar, você quase se arrependeu quando percebeu que já estava sendo observada.

Um arrepio subiu sua espinha quando seu olhar cruzou com o dele.

— Aqui está sua bebida, docinho. – com um pulinho, você desviou os olhos daquele que tinha te deixado hipnotizada por um breve momento.

— O-Obrigada. – murmurou, se recompondo minimamente, tomando um gole generoso para disfarçar as bochechas rubras.

Nunca na vida imaginou que rosa combinaria tanto com alguém.

Conforme o álcool ia se estabelecendo no seu sistema, seu corpo se movia suavemente com as batidas da música. Você estava se soltando, estava começando a se divertir. Até olhar pro lado e encontrar cabelo rosa de novo.

Pera, rosa?

Seu cérebro travou por um momento e seu corpo automaticamente entendeu que era para fazer o mesmo, o que fez o de cabelo rosa soltar uma risadinha.

— Primeira vez aqui, princesa?

Deus, que voz é essa?

~.~

reescrevendo essa maravilha aqui com uma pegada um pouco diferente da versão anterior huehuehue

hj é meu aniversário, e apesar de as vezes vcs encherem meu saco resolvi postar isso hj

beso

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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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𝐃𝐎𝐉𝐀, 𝐈𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫𝐢 𝐘𝐮𝐮𝐣𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora