Capítulo 1 sem título

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 Uma vila, num reino, num mundo e num universo de criaturas e desentendimentos. Em Smefera, a paz e a tranquilidade eram obrigatórias, até ser atacada durante uma noite.
 Gritos e choros ecoavam na pobre vila, um cenário de horror era criado durante essa noite, e uma mãe corria com o seu filho nos braços, desesperada e sem rumo. Uma mulher corajosa, valente e destemida, o peso que carregara no futuro não podia ser explicado naquele momento de medo e terror.
 Após tanto correr, sem saber por onde ia, encontrou uma casa no meio de uma floresta nevada. Havia uma lareira que emitia luz para o lado de fora da aconchegante casa. A mulher quase nem conseguia respirar do quão fria que estava, a sua respiração era visível como uma nuvenzinha de fumo gelado, e com as suas últimas forças, bateu à porta.

 Momentos depois, uma figura jovem abriu a pequena porta de madeira grossa. Aparentava ter entre os seus 20 e 25 anos, nada mais, era uma camponesa que morara sozinha na sua humilde casa no meio da floresta, mas vivia bem.
 Ao ver a mulher deitada no chão gelado na entrada da sua casa, entrou em pânico. Tentou ver se a mulher ainda se mantinha viva, mas em vão... A mulher já havia dado o seu último suspiro, e o que restava, era o seu pequeno filho, adormecido e com frio, nos braços da sua falecida mãe.

 Pegou na criança e levou-a para dentro com a intenção de a acolher, como a sua mãe assim desejou ao deixá-lo na porta da casa desta querida rapariga. Ao ver o menino acordar e abrir os olhinhos cansados, um sorriso foi-se formando na cara da moça, um sorriso acolhedor e aconchegante. Um bocejo, e adormece.
 Deitou-o na sua cama e em seguida, deitou-se ao seu lado, mantendo-o quente e protegido.

 Anos passaram-se e eu já não era nenhum bebé, era quase um homem. Samuel foi o nome que a minha falecida mãe escolheu chamar-me, mas a maioria dirige-se a mim como «Sam». Não que me importe, compreendo que seja mais fácil e que para uma criança pequena, «Sam» seja mais adequado, já que crianças costumam ser fofas e merecem alcunhas fofas.
 Eu costumo ajudar na vila da minha "mãe", Bella é o seu nome. Foi lhe concedido um nome cujo significado quer dizer "formosa", "bonita" e "pura", diria que combina com ela. Quer dizer, quando não se irrita comigo. Nesse caso, chamar-lhe-ia "Bruxa".

 Cuidou de mim desde os meus 2 anos, hoje em dia com os meus 175, ainda o faz. Tem uma aparência jovem, mas já está nos seus 42 anos. Parece que foi mesmo abençoada pelos deuses.
― Sam! ― Chamou-me, a sua voz estava calma, então parece que estou a salvo.

 Caminhei em direção de onde a ouvi, entrei em casa e questionei o porquê que me chamara. «Gostarias de te tornar um aventureiro ou um guerreiro, filho?» Perguntou-me. Seria uma pergunta que eu podia responder que não queria ser nem um, nem outro, ou teria de responder o que ela queria?
― Não sei. Tenho de escolher uma opção, ou posso recusar? ― Fez-me uma cara de aborrecida, então já sabia que teria de escolher uma delas. Bufei e respondi-lhe. ― Guerreiro.
 Começou a sorrir como uma criança feliz. Acho que esperava que respondesse isso, os guerreiros eram conhecidos por proteger os fracos, o povo e manter a paz. Os aventureiros eram idiotas que só procuravam por coisas estúpidas nas florestas, pelo menos, no meu ponto de vista.

― Porque desejas ser um guerreiro?

― Não o desejo, apenas... Aceito.

 Aparentou estar desanimada com a minha resposta, mas o que poderia fazer senão responder-lhe com sinceridade. Não quero ser guerreiro nem aventureiro, apenas aceito ser guerreiro porque pelo que vejo, são mais úteis do que os aventureiros.
 Saí de casa em direção aos campos de plantação. Frutas eram a nossa especialidade nos campos de agricultura, eu e a minha "mãe" plantávamos maçãs, pêssegos e alguns morangos. Ajoelhei-me e ao pegar num pêssego caído no chão, reparo numas manchas escuras na minha mão, fazendo-me soltar a fruta. «O que é isto..?» Questionei-me e rapidamente levantei-me, comecei a correr de volta à minha casa onde encontrei a minha "mãe" deitada no chão.

― Mãe... Mãe! ― Ajoelhei-me a seu lado, deitando-a no meu colo e levantei-me para ir ao médico da vila.
 Quando menos esperei, caos e desespero... Um cenário que pensei nunca mais ver, quer dizer, com consciência, agora. Olhei para a minha mãe nos meus braços e a mesma sorria para mim. «Não desesperes, meu filho...» Disse-me, com a intenção de me acalmar e deixou a sua mão chegar à minha bochecha. «Deixa-me aqui e foge desta vila... Desta maldição.» O que quis ela dizer? Não o sabia, nunca o soube.
 Lágrimas caíam-me dos olhos e o medo crescia em mim, não a podia perder... Não a ela. Haviam gritos e choros, lembrava-me de algo assim, mas não tinha uma memória sem ser algo borrado na minha mente.
 Abracei-a antes que desse o seu último suspiro, antes que a sua mão descesse lentamente da minha cara, antes de a deitar na sua cama novamente, deixando-a num sono profundo e... Antes de partir.

The Last HopeWhere stories live. Discover now