Julia Pov
Olhei para o celular pela centésima vez na noite. As horas passavam, e nada de mensagens ou uma ligação da minha namorada. Eu sei que S/n saiu para beber com uns amigos, mas a falta de notícias estava me deixando ansiosa.
Tentava me convencer que não havia nada de errado acontecendo. Saíamos juntas ou separadas o tempo todo, afinal, confiança era um fato essencial no nosso relacionamento. Mas estava ansiosa de qualquer forma, mais do que o normal.
Por que ela não mandou nenhuma mensagem? Ela sempre escrevia ao menos que tinha chegado bem.
Depois de um tempo decidi mandar mensagem, não resisti aos meus pensamentos ansiosos. Peguei o celular e mandei uma mensagem objetiva: "tá tudo bem ai?"
Enquanto esperava uma resposta, meu ciúmes foi tomando conta de mim, extremamente nervosa se algo de errado estava acontecendo.
Quase meia hora depois, ainda sem nenhuma resposta de S/n, decidi que já tinha esperado o bastante. Tirei o pijama e coloquei uma roupa minimamente decente, uma calça jeans e uma blusa de frio para ir até o bar que minha namorada estava.
Ao chegar, encontrei um ambiente totalmente lotado e barulhento, o som do pagode que tocava se misturando com as conversas alheias. Vasculhei o lugar com os olhos, até finalmente encontrá-la. Ela estava em pé, ao lado da mesa com seus amigos em volta, dançando enquanto segurava o copo de bebida. S/n ria e parecia completamente alheia ao fato de que não tinha dado nenhuma notícia. E claro, isso foi um ponto importante para meu ciúmes crescer.
Me aproximei de onde estavam, sentindo meu coração disparar. Quando ela notou minha presença, sua expressão risonha rapidamente deu lugar à surpresa.
— O que você está fazendo aqui, amor? — perguntou preocupada
— O que eu tô fazendo aqui? — repeti, sentindo a raiva me dominar — Eu tô aqui porque você não deu um sinal de vida a noite toda. Uma mensagem ou ligação, é pedir demais?
— Desculpa, vida. Eu acabei me distraindo, você sabe como é, né? — mexeu no cabelo, nervosa
— Não, eu não sei como é — retruquei — Eu sei como é ficar em casa esperando, preocupada, enquanto você simplesmente decide me ignorar
Os amigos de S/n trocaram alguns olhares, dando qualquer desculpa esfarrapada para sairem dali e deixarem nós duas sozinhas.
— Você está exagerando Julia, eu avisei que vinha para cá, não estou entendendo a preocupação
— Porra S/n, eu só queria uma mensagem falando que estava tudo bem, nada mais. Isso não ia fazer sua mão cair! Mas não, você estava ocupada demais com outras pessoas que sequer lembrou que eu estava sozinha em casa te esperando. Você sabe que eu me importo e me preocupo, qual a dificuldade?
— Julia, para com isso. Você fica com ciúmes de tudo, parece que não confia em mim. Não da pra viver assim, com você controlando meus passos — revira os olhos, visivelmente irritada
— Eu não tô controlando nada! — minha voz começa a falhar, estava com vontade de chorar por conta da irritação e do ciúmes — Eu só queria que você se importasse do mesmo jeito que eu me importo. Mas parece que pra você tanto faz — acabo deixando o choro me dominar
Por uns segundo S/n ficou em silêncio, apenas observando as lágrimas cairem pelo meu rosto. E então, ela me abraçou.
— Me desculpa, não pensei que iria se sentir assim. Era só uma saída com meus amigos, nada mais. Achei que estava tudo bem para você
— Eu entendo você sair com seus amigos, eu também saio e não tem problema algum nisso. Só esperava que fosse mandar mensagem como sempre. Porra, eu confio em você, mas essas situações me fazem surtar de ciúmes. Além de ficar preocupada se você ao menos chegou bem.
— Sei que errei em não dar noticias, prometo que farei diferente da próxima vez. Eu te amo, Julia, não duvide disso nunca. Se eu estou com você, é porque quero você e só você — segura meu rosto, me obrigando a olhar em seus olhos
— Desculpa por ter feito escândalo na frente dos seus amigos, não era minha intenção. O ciúmes acabou me cegando
— Está tudo bem, eles sabem que minha mulher é surtada — brinca, me fazendo revirar os olhos
— Você gosta
— Gosto muito, se não for assim eu nem quero mais nada — acabo sorrindo, a puxando para um selinho
— Se resolveram, crianças? — uma das amigas de S/n pergunta, se sentando na mesa novamente — Olha Julia, você tem uma paciência de Jó com essa menina, viu? Puta merda, namorar ela deve ser um inferno
— Se liga, sua piranha mal comida — minha namorada mostra o dedo do meio para ela
— Não é um inferno, só precisa de bastante paciência mesmo — pisco para morena em minha frente que me olha indignada — Te amo, mozão
— Também te amo, amor — sela nossos lábios
— Gay se beijando na minha frente não, saiam daqui suas pecadoras — outra amiga dela comenta, fazendo todos rirem
— Pra que inimigos se eu tenho vocês, né gente?
— Você ama a gente, assume vai
— Amar eu só amo a minha namorada, vocês eu suporto um pouco — todos reviram os olhos, desferindo xingamentos