A paz

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~G~

Talvez isso tenha sido muito imaturidade minha e de meu amigo, mas isso não importa. Afinal, se eu soubesse que um borro de batom no pescoço iria causar um desequilíbrio imenso nele, eu não teria feito. Só sei que a única coisa que eu consigo pensar é discutir, já não tenho mais ideia do que está saindo da minha boca, e nem como essa discussão está se mantendo, só sei que no mínimo vou parar na coordenação. Agora só existe eu e Raphael, tudo ao redor parece inútil, a sala toda rindo e olhando para nossa briga, e mesmo assim consigo não ligar para isso. Não sei a quanto tempo estamos discutindo, mas sinto isso tão idiota, afinal a masculinidade frágil do "dondoco" do meu amigo que causou tudo isso. Não sei em que momento isso aconteceu, entretanto senti uma mão fina rodear a minha cintura e me puxar lentamente para fora da briga, e por muito pouco quis bater em quem estaria fazendo isso, porque eu realmente queria continuar discutindo, e foi então que eu percebi: Ananda. Ananda era responsável por aquele toque delicado e carinhoso, e por mais irritado que eu estava naquele momento, aquilo me causou um conforto inimaginável naquele exato momento. Aos poucos, apesar de continuar discutindo, me deixei levar pelo toque de minha mulher e me acalmar por completo, olhando para o sorriso dela, apenas rodeando seus ombros, mas logo percebo que a professora já estava na porta me esperando para ir na coordenação.

~A~

Eu não sei quando começou a briga imatura deles dois, só sei que começou e que não iria acabar tão cedo. Eu estava desnorteada, preocupada em como isso iria acabar, olhando para eles e a reação da nossa professora, ao mesmo tempo segurando a risada (acreditem se quiser, as vezes é bom ver homens discutindo por motivos idiotas). Ainda sim, estava tensa, quero saber como um borro de batom causou essa briga, mas enfim. Olho para Guilherme e me pergunto se fiz a escolha certa: ele está tão desequilibrado por pouca coisa, agindo de forma tão imatura, mas mesmo assim não consigo evitar o olhar de apaixonada para meu namorado, afinal as atitudes imaturas dele nunca são a respeito do nosso relacionamento, e sim fora dele. Por mais durão que ele esteja pagando, sei que no fundo tem uma parte dele que está chateado por estar discutindo com o amigo, entretanto o orgulho dele jamais deixaria ele assumir isso. Eu queria impedir aquela discussão, mas tenho medo da reação dele, ele parece alterado ao extremo, e estando desse jeito, sabe Deus o que pode acontecer. Quando menos percebi, minha mão estava rodeando a cintura dele e puxando aos poucos para fora daquela bagunça toda. Por um tempo eu achei que ele ia tirar a minha mão da cintura dele, mas estava enganada: ainda discutindo com o amigo, seguiu os meus passos sem questionar, e ao parar de falar com Raphael, nossos olhos se encontram, e pude perceber seus olhos lacrimejando minimamente. Dei um leve sorriso no rosto enquanto ele rodeou meus ombros, e sei que aquilo foi o suficiente para deixar Guilherme tranquilo. Sem ao menos perceber, ele afrouxa o nosso toque, se recolhendo para a porta junto com o amigo, seguindo a professora a caminho da coordenação.

A brigaWhere stories live. Discover now