Uma tempestade a enfrentar

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Izuku sempre foi alguém paciente. Era difícil vê-lo perdendo a calma ou elevando a sua voz para qualquer um, mesmo em seus dias como um aluno na UA, que por si só já eram muito conturbados. Ao perder sua individualidade e acabar se tornando um professor na própria U.A e 8 anos depois tendo auxílio de Katsuki e seus amigos com a ideia de um traje para retornar ao campo de batalha, Izuku pensou que as coisas continuariam nessa mesma linha de constantes altos e baixos em sua vida. Talvez ele tivesse sorte e as coisas ficassem até mais serenas com o tempo, estando ele divido entre sua vida fora e dentro de campos de batalha e não sempre apenas ao risco da segunda opção.

Acontece que Katsuki, seu amigo de infância e agora companheiro de vida, parece fazer tudo ao seu alcance para dificultar ainda mais seu trabalho, não apenas no dia a dia, mas em todas as visitas que faz durante suas aulas.

Izuku estava em uma aula em meio a uma longa explicação sobre o uso correto e consciente de individualidades. São conceitos gerais bem básicos, que levam em conta todos os possíveis usos de acordo com as informações dos alunos sobre como as identificam e no que eles mesmos já as aplicaram. A turma a seu cargo ainda parece ter dificuldade em compreender e analisar tudo isso, levando em conta suas notas baixíssimas na última avaliação. Talvez isso também se deva ao fato das interrupções de Katsuki às suas explicações serem constantes e nunca apenas nos períodos de horário de almoço dele como uma vez ele prometeu que seriam.

"E aí, nerd. Como vão as lições? Os pirralhos estão dando trabalho?" Chega Katsuki, entrando pela porta com um estrondo bem desnecessário. Ele não se incomoda muito em pedir licença antes de sentar-se bem ao lado de Kota e atrás de Eri, no canto esquerdo da sala, próximo a janela.

"Ka...Dynamight, por favor, estou dando aula agora. Você é uma distração e eu não posso lhe dar atenção no momento. Sobre o que quer que queira falar, podemos fazer isso quando eu terminar. Certo?"

Katsuki está sentado sem muita postura, inclinado para trás com os pés cruzados no alto da carteira. Ele não dá muita bola para o que Izuku disse, mantendo uma aura sempre tão provocadora.

"Deku, porque ele vem aqui com tanta frequência e porque sempre nessa turma? Porque não a de Aizawa?" Pergunta Shiro, um jovem que não se faz muito presente nas aulas, mas que sempre está atento a tudo que acontece ao redor, nunca parando de conversar alto com colegas durante as aulas. Ele certamente não é um muito fã do herói Dynamight.

"Huh? O que você tem com isso, hein, cabeça de prego? Ele é meu amigo e acho que tenho todo direito em visitá-lo, não concorda?" Katsuki nunca mede palavras ou suas entonações, mesmo quando se dirigindo às crianças. Todos que estudaram com ele sabem que ele é todo "late e não morde" com elas, mas sua busca constante por intimidação como sua primeira forma de enfrentamento e defesa ainda pode assustá-las de qualquer forma.

"Caramba, como você é barulhento, hein. Pode falar mais baixo? Acho que todas as outras turmas conseguem te ouvir."

Katsuki levanta e caminha até Shiro com um olhar ameaçador. Izuku não quer que seja hoje o dia a romper o "late não morde", então parte em sua direção.

"Kacchan, por favor!"

"Ele tá brincando, tio Kacchan." Diz Eri, levantando-se, mas ainda mantendo sua posição. Ela nunca foi de se envolver em brigas, muito menos participar de baderna em sala de aula. Então essa não será a primeira vez.

"Pega ele, Dynamight." Já Kota parece estar sempre metido a incentivar ainda mais as bagunças generalizadas de sua turma. Ainda é um mistério que Eri e Kota se deem tão bem recentemente.

Talvez isso pareça meio familiar.

Izuku finalmente alcança Katsuki e o puxa pelo braço, ao que Katsuki não reage e se deixa ser levado para fora da sala. Ele bufa, mas ainda expõe um sorriso provocador.

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