Nythera. A Deusa Esquecida

capítulo um: acordei desamparada

NYTHERA NOCTIS

Acordei com um leve tilintar, como se estivesse ouvindo o som de sinos distantes. Abrindo os olhos lentamente, percebi que estava deitada em uma cama em um ambiente iluminado, mas suave. As paredes eram de madeira clara, decoradas com plantas e cristais que pareciam pulsar com uma energia própria.

Minhas memórias estavam turvas, mas a sensação de que algo havia acontecido ainda permanecia. Enquanto tentava me sentar, percebi que havia alguém ao meu lado.

Lyara estava lá, murmurando algo para outra garota, que estava vestindo uma armadura romana completa. A armadura reluzia à luz suave da enfermaria, e a menina tinha uma expressão arrogante, com os braços cruzados e um olhar de desprezo fixado em mim.

- Você acha que ela vai se lembrar de alguma coisa? - Lyara sussurrou, a preocupação evidente em sua voz.

- Não sei, mas espero que sim. Porque se não, vamos ter que ficar lidando com essa aberração. - A outra garota fez uma pausa, depois olhou para mim e deixou escapar uma risada. - Olhem só, ela tem um olho dourado, como a lua cheia, e o outro é tão escuro quanto o céu à noite. Que combinação estranha!

Senti o rosto esquentar, mas permaneci em silêncio, tentando processar a nova informação sobre mim mesma. Meu olhar se fixou na menina em armadura, seus cabelos castanhos curtos e a expressão desdenhosa apenas acentuando sua atitude desafiadora.

- Você não precisa ser tão cruel, Aria - disse Lyara, um pouco mais firme agora. - Nythera está passando por muita coisa.

- Cruel? - Aria riu, cruzando os braços com desdém. - Estou apenas sendo honesta. Você viu como ela desmaiou diante da primeira dificuldade? Quem você acha que vai conseguir lidar com os desafios do acampamento?

A verdade é que a zombaria dela me atingiu. A insegurança, misturada com a confusão, crescia a cada palavra. As palavras dela me atingiram. Decidida a me defender, me levantei da cama, mesmo que a fraqueza ainda me dominasse.

- Quem você pensa que é? - desafiei, olhando diretamente nos olhos de Aria. - Eu não sou uma "aberração". Estou aqui tentando descobrir quem sou, e você só está tornando isso mais difícil!

Aria sorriu de forma sarcástica, como se eu fosse uma piada.

- Olha só, a nova recruta está tentando ser corajosa. - Ela fez uma pausa, seus olhos brilhando com provocação. - Vamos ver se isso vai durar quando você enfrentar as verdadeiras dificuldades.

Lyara observou a troca de farpas entre nós, hesitando antes de se posicionar.

- Olha, Nythera, Aria tem suas razões. Ela se preocupa com todos nós. - A voz de Lyara era cautelosa, mas sua lealdade à amiga era clara.

- Cuidar não significa ser rude! - retruquei, sentindo a frustração crescer. - Se você é amiga dela, deveria defendê-la das próprias crueldades!

- Não precisa se envolver, Nythera! - Aria interveio, com uma expressão desdenhosa. - Este é o nosso acampamento, e você não pertence a ele.

- se é assim então vou embora, não vou ficar no lugar, no qual as pessoas, são rudes e cruéis, não lembro nada da minha vida até o agora, não quero ter que aturar crueldade desse tipo - eu disse exasperada

Ninguém entende como eu tô me sentindo. Ninguém. E ainda chegam essas pessoas que eu não faço a mínima ideia de quem seja, zombando de mim, me tratando cruelmente desse jeito.

De hoje não passa. Vou embora desse lugar. Se as pessoas não me querem aqui, pra que eu vou ficar? Preciso descobrir coisas. Tipo, por exemplo, por que eu só lembro do meu nome? E que pessoas são essas?, também ajudaria.