Prólogo

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O homem entrou às pressas na sala mais ao norte da mansão, os passos apressados ecoando pelo chão de madeira gasta. O coração martelava no peito, cada batida um lembrete da urgência que o consumia. Ao entrar, não se deu ao trabalho de fechar completamente a porta, deixando-a entreaberta, como se a própria mansão estivesse agora repleta de segredos que não mais poderiam ser contidos.

"Ela finalmente virá para cá. Preciso avisar os outros."

Aquela frase ainda reverberava em sua mente. Ele acabara de receber a notícia pela qual esperara incansavelmente por quase dezessete anos; A garota viria para a fazenda. E desta vez, não por uma visita curta — ela ficaria. O tempo que ele tanto aguardara finalmente começava a girar a seu favor.

O significado disso era claro. O alvo estava se aproximando. A oportunidade pela qual ele e sua organização haviam se preparado pacientemente surgia no horizonte. Naquela mansão, a garota descobriria o que realmente era. E quando o fizesse, depois de tanto tempo infiltrado, ele estaria pronto para agir. Todos estariam prontos.

A sala parecia congelada no tempo, abarrotada de móveis antigos, cobertos por panos grossos e empoeirados, como fantasmas de eras passadas. O ar estava pesado, denso, quase sufocante. Ele avançou sem hesitar, os olhos fixos em seu destino: um espelho imenso, de moldura prateada, tão frio, contrário a expressão eufórica em seu rosto. Parou diante dele, o reflexo tremulando levemente, como se o próprio espelho tivesse algo a esconder.

Ajoelhou-se devagar, os dedos ansiosos vasculhando o bolso até encontrar o pequeno relógio. O ouro do objeto reluzia suavemente, apesar da camada fina de poeira, e as inscrições crípticas em sua superfície contavam histórias que olhos comuns jamais compreenderiam. Ele pressionou o relógio contra o peito, sentindo o pulsar das engrenagens ocultas, e então se ergueu, os olhos se fechando por um breve momento de concentração.

Sem hesitar, avançou para o espelho.

A superfície prateada ondulou, uma voz grave sussurrando palavras em uma língua antiga. Um frio estranho percorreu sua pele, mas ele não parou. Passou através da névoa densa que se formou do outro lado, desaparecendo na escuridão.

"Finalmente, o tempo estará em nossas mãos."

E então, o silêncio tomou a sala novamente. 

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⏰ Last updated: Oct 12 ⏰

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A Guardiã das ErasWhere stories live. Discover now