Capítulo 10 💎

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Michael Jackson

O relógio marca 23:00 da noite, e eu ainda não consigo tirar os olhos do meu celular, como se, a qualquer momento, uma mensagem pudesse mudar tudo. Eu ligo a televisão e abro um streaming, tentando manter a mente ocupada enquanto espero por notícias da Jacqueline. A sensação de impotência é esmagadora; o transplante de medula é sua única esperança, mas ela própria parece não querer se ajudar! Como ela pode rejeitar a medula do próprio filho? Do nosso filho?

A campainha toca.

Eu respiro fundo, não estou com cabeça para mais visitas, mas, ao abrir a porta, vejo Danny ali, parado, com a expressão séria e desconfortável que sempre aparece quando ele tem algo que precisa me dizer.

-Danny! Não esperava que viesse aqui essa hora da noite.-Minha voz está desanimada.-Entra aí.-Danny entra na minha casa, parecendo  apreensivo, como se estivesse carregando um peso que não pode mais ignorar.

-Sei que é um péssimo momento, Mike, e que você tem tudo pra se preocupar agora, mas… eu preciso te contar uma coisa.-Danny faz uma pausa, como se estivesse se preparando para lançar uma bomba.-É sobre o Erick.

-O que tem o Erick?

-Eu vi ele no quarto da Letizia, na última vez em que eu cheguei cedo do trabalho. Eles estavam trancados lá dentro, sozinhos, e ficaram um bom tempo. E pode ter certeza que rezando eles não estavam.-Meu sangue parece congelar. Não consigo esconder a surpresa.

-Trancados no quarto?-Repito com um tom de incredulidade, como se não tivesse ouvido direito.-Danny, eles são amigos, só isso. Não há nada de mais.

-Eu sei, cara, mas… o jeito que estavam. Não parecia ser só amizade. O Erick sempre foi protetor com a Letizia, mas ultimamente, parece diferente. E eu percebi que ela também…ela está diferente. Mais próxima dele. Mais íntima.

Fico em silêncio por um momento, processando as palavras de Danny. Eu não sei se sinto raiva, confusão ou simplesmente um desconforto crescente. Não é o momento para isso. Eu já estou afogado em outras preocupações, mas eu entendo que essa situação toca uma ferida sensível em meu amigo: Letizia está crescendo, mudando, e ele, de certa forma, está perdendo o controle sobre ela, afinal, minha afilhada já está a beira dos 20 anos.

-Você está insinuando o quê, Danny? Que sua filha e meu filho estão…o quê? Namorando? Ficando?

-Eu não sei, cara. Não estou dizendo que há algo concreto. Mas também não posso ignorar que algo está acontecendo entre eles. Pode ser só uma fase, ou pode ser algo mais.-Danny responde com suavidade.

-Isso não é hora para esse tipo de conversa, Danny.-Minha voz sai mais ríspida, porém não consigo evitar.-Minha ex está no hospital, aguardando o transplante. E agora você vem aqui me dizendo isso?

-Eu sei que é difícil, e que você tem uma tonelada de outras coisas pra lidar agora, mas… o Erick não é mais uma criança, Mike. Você sabe disso. E talvez não seja algo que você possa ignorar. A forma como o Erick age… a forma como a Letizia se comporta perto dele…não parece só amizade, e isso não é algo que a gente possa deixar passar.-Respiro fundo e, por um momento, parece que o peso de tudo o que está acontecendo finalmente me derruba.

-Eu não sei o que você espera de mim, Danny. Não sei se estou pronto pra lidar com isso agora. Nem sei se é verdade.-Danny parece perceber que, talvez, aquele momento não seja o mais apropriado.

-Eu só queria te avisar, cara. Só queria que você ficasse de olho. Não quero ser avô agora.-Ri de seu comentário.

O silêncio se estende entre nós dois, pesado e desconfortável. Sinto que não tenho mais forças para lutar contra isso, mas também sei que, por mais que eu tenha minhas próprias batalhas, essa é uma que eu não irei precisar enfrentar.

(...)

Jacqueline McQueen

Deitada na cama do hospital, sinto o cheiro de desinfetante penetrar ao meu redor. Senti meu corpo pesado, a fadiga da quimioterapia ainda me domina. Meu coração batia rápido, mas não era apenas por causa da fraqueza. Era a expectativa, a esperança desesperada de que o transplante de medula realmente acontecesse.

Ouvia o burburinho dos médicos na sala ao lado, as vozes ansiosas que não conseguiam disfarçar a urgência da situação. Minha leucemia estava avançada, e as chances estavam diminuindo a cada dia.

De repente, a porta se abre, e o Dr. Khin entra, seguido por uma enfermeira bem jovem. Ele me olha com seriedade.

-McQueen, temos um doador compatível. Precisamos proceder rapidamente!-Disse ele. Tentei sorrir, mas a preocupação ainda me consumia. A ideia de que alguém estava disposto a dar parte de si mesma para me salvar era incrível, mas a ansiedade me apertava.

-Quem é?-Pergunto com minha voz fraca.

-Ele pediu para manter o nome em sigilo.-Respondeu a enfermeira, ajustando os equipamentos ao meu redor.-O importante é que ele está aqui, pronto para ajudar.

Senti uma mistura de gratidão e curiosidade. Quem seria essa pessoa que se importava tanto comigo? O silêncio na sala foi cortado apenas pelo som do monitor cardíaco, um lembrete constante do quão frágil estava minha vida.

-Você está pronta?-Dr. Khin pergunta, aproximando-se.

Eu assenti, a respiração profunda tenta acalmar o turbilhão em meu peito. A dor e o medo eram reais, mas a esperança também era. Uma vida nova poderia estar a caminho, e tudo dependia daquela doação anônima.

Com os olhos fixos no teto, faço um pedido silencioso, agradecendo a esse desconhecido. O ato dele era mais do que um transplante: era um ato de amor que poderia dar a mim uma segunda chance.

Mas quem será que foi o meu salvador?

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⏰ Última atualização: Oct 13 ⏰

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