Prólogo.

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Ginny se acomodou na mureta, colocando os fones de ouvido e segurando o celular como se fosse uma âncora, enquanto esperava Rony. Seu corpo clamava por descanso; cada fibra parecia implorar para que ela voltasse para casa e dormisse. Seus olhos estavam pesados, e parecia uma eternidade desde a última vez que pisara numa escola, embora o primeiro dia em Hogwarts High School tivesse acabado de chegar ao fim.

Ela prometeu a si mesma que não reclamaria — afinal, já havia enfrentado sete horas de estudo, então o que eram mais dez minutos? Era suportável, mesmo com a exaustão pulsando em suas veias.

Dois minutos se passaram, e então "Bad Liar" começou a tocar, e Ginny não pôde evitar um sorriso irônico. Parecia que Dan Reynolds estava descrevendo sua vida. Sentada sozinha, esperando impacientemente para ir embora, ela não conseguia deixar de se comparar com a antiga versão de si mesma: a Ginny de Beauxbatons, a garota enérgica e popular que aproveitava até os últimos minutos na escola rindo e interagindo com todos ao redor. Ela era o centro das atenções, não porque buscava ser, mas porque era naturalmente cativante. Agora, só de pensar nisso, ela sentia o peso do cansaço. Seu corpo doía, sua mente a puxava de volta para casa, e tudo parecia distante, como se aquela garota alegre estivesse se desfazendo.

"Será que a felicidade está em um anel de diamantes?", ela se perguntava todos os dias, sem chegar a uma resposta. Ela sempre acreditou que não, mas então, como um término de relacionamento havia arruinado sua alegria? Ela sabia a resposta, mas isso não tornava mais fácil aceitar. O fim de algo importante havia transformado sua vida, apagando o brilho de quem ela era e deixando-a comum, monótona, apática. Ela era o paraíso perfeito que estava se despedaçando.

Ginny lembrou-se de algo que dissera a Rony mais cedo: "Traumas servem para alguma coisa, afinal." Mas será que serviam mesmo? Ou apenas nos transformavam em seres pensativos e introspectivos, presos em questionamentos? Porque era exatamente assim que ela se sentia: perdida em reflexões que, ao tentar resolver, sua mente imediatamente pedia por descanso. E, sem forças para resistir, ela obedecia mecanicamente. Talvez fosse seu instinto de sobrevivência impedindo-a de se expor mais uma vez ao que a havia ferido.

Exposição. Essa palavra a atormentava, ecoando em sua mente como algo que ela simplesmente não podia mais suportar.

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