"Há muito, muito tempo, numa era onde a natureza era tanto reverenciada quanto temida e o mundo era habitado por seres tão mágicos quanto os resquícios de encantos que ainda brilham nas florestas ao cair da noite. Cinco reinos existiam, separados por decreto de uma entidade única e poderosa, Ela, a Soberana Mãe. Cada reino tinha a responsabilidade de zelar por uma parte d'Ela, cuidando para que seu sopro vital jamais cessasse. Não havia questionamentos. Não havia cansaço. Servi-la era uma dádiva inegável, Ela dava e tirava conforme sua vontade, e mesmo assim, todos a adoravam.
Em um certo dia, num gesto de extrema bondade, a Soberana Mãe decidiu presentear os reinos com algo único: cinco mulheres, nascidas de seu próprio poder, dotadas de uma fração de seu imenso dom. Cada uma vinda de um momento singular da criação.
A primeira emergiu da sua primeira chama de fogo, quando, em fúria primordial, fez nascer uma montanha incandescente que cuspia lava e adormecia por eras. A segunda surgiu da primeira lágrima que derramou, e dessa gota nasceu um oceano infinito, dando vida a incontáveis criaturas. A terceira brotou dos primeiros galhos e folhas verdes que floresceram sob um dia abençoado pelo sol. A quarta foi moldada pelo vento que dançava no céu, brincando com as folhas, flores e mares, fazendo-os girar em uma sinfonia celestial. A quinta, sua predileta, não foi formada por um único elemento, mas por tudo o que Ela era; moldada desde o início dos tempos, idealizada pela própria essência da Grande Mãe.
Essas cinco mulheres carregavam dons extraordinários: podiam fazer a grama crescer ao toque de seus pés, trazer chuva com um simples suspiro, convocar tempestades de fúria ou calmaria, conversar com os animais e abençoar todos ao seu redor. Com o tempo, foram veneradas e aplaudidas, desejadas mais do que a própria Mãe que as criou. Aos poucos, uma sutil ignorância tomou os corações dos reinos. Seus governantes cederam tronos para que essas mulheres governassem, enquanto a Soberana Mãe, desdenhada e esquecida, via sentimentos novos e sombrios surgirem no mundo — o ódio, a ganância e o orgulho apoderaram-se das almas, e, no coração d'Ela, um pesar crescente se instalava, fruto do ciúme e da decepção.
Contudo, havia uma exceção: Eyva, do Reino Leste, sua criação mais bela e perfeita, a idealização de sua própria imagem. Todos os dias, Eyva aconchegava-se nos braços da Grande Mãe, oferecendo-lhe presentes raros e belos, louvando-a como nenhum outro. Sob seu governo, o Reino Leste prosperava, suas terras florescendo com as mais exuberantes flores, seus frutos abundantes e saudáveis. O sol nascia com brilho sereno e cedia lugar à lua, cujas estrelas contavam histórias aos habitantes. Os animais cantavam e o vento soprava leve, convidando todos a dançarem.
Nos outros reinos, no entanto, a decadência se instalava como uma sombra lenta e inexorável, alimentada pela amargura e ingratidão que corrompiam o coração de seus habitantes, que, cegos, não percebiam que sua ruína estava à porta.
No Reino do Sul, onde governava Serah, a filha nascida do fogo, as chamas que antes aqueciam e protegiam começaram a consumir as terras. O vulcão, seu lar, antes uma fonte de força e equilíbrio, agora rugia incontrolável, expelindo lava que devastava vilarejos inteiros. Serah, enredada em seu orgulho, acreditava que poderia dominar as chamas sozinha, mas cada tentativa só alimentava o caos. O povo começava a murmurar em pânico, olhando para sua líder com crescente desconfiança, enquanto o calor escaldante sufocava qualquer esperança.
No Oeste, Larah, nascida das águas, sentia o peso de sua vaidade crescer. O oceano, outrora fonte de vida e mistério, agora se agitava com marés violentas e imprevisíveis. As águas, espelhando o estado de espírito de Larah, varriam cidades costeiras, engolindo plantações e levando pescadores ao desespero. Larah, isolada em seu palácio submerso, tornara-se obcecada com sua própria beleza, ignorando os clamores de socorro de seu povo, que começava a sussurrar sobre seu distanciamento e desprezo.
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Ecos da Natureza
FantasyEm uma era esquecida, cinco irmãs nasceram dos elementos mais primordiais da natureza, cada uma dotada de poder e responsabilidade sobre seu reino. Sob a proteção da Soberana Mãe, elas governaram em harmonia, mas a inveja e a ambição começaram a cor...