prólogo

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Posso acreditar na possibilidade
de um dia conseguir viver em paz,
posso sonhar com isso e criar uma
realidade diferente. Uma realidade
onde eu não tenha nascido como
sou, onde eu possa andar pelas
ruas sem temer ser queimada ou
decapitada.

Mas, enquanto isso não acontece,
acho que deveríamos incomodar
esses idiotas. Nossa, acabei de
falar um palavrão? Céus, e se eu
tivesse falado alto? Seria queimada
e vista como um verme desprezível.

Quero dizer, se estivesse do outro
lado, claro! Pobres garotas com
mentes moldadas pelos homens.

Essa é uma coisa boa de viver aqui,
nesta terra sem lei: podemos roubar
e matar deste lado. Fazemos justiça
com nossas próprias mãos.

Agora, o lado ruim é justamente
esse: nós, seres mágicos, criaturas
especiais - chame como quiser -
que fomos jogados para cá depois
de exigirmos nossa liberdade, por
não aceitarmos mais ser escravos.

A cada dia, mais criaturas
desaparecem. Não podemos
atravessar para o outro lado, mas
eles podem vir para o nosso e nos
matar.

0 ferro deles nos fere, nos lembra
que a terra ainda pertence a eles.

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