Capítulo 2

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O sol ainda mal havia surgido no horizonte quando Hanna despertou. Jackie, ao seu lado, já estava de pé, movendo-se pelo quarto com uma concentração quase teatral. Hanna observou a irmã mais nova se vestir como se estivesse indo para uma reunião importante. Um blazer bem ajustado, saia lápis e sapatos formais. A aparência de Jackie transmitia uma autoridade precoce, algo quase cômico, como se fosse a presidente de algum clube exclusivo.


— Você está indo para a escola ou para uma reunião de negócios? — Hanna perguntou, arqueando uma sobrancelha, enquanto se esticava na cama.


— Primeiro dia é sempre o mais importante — respondeu Jackie, ajeitando os últimos detalhes no espelho. — Quero causar uma boa impressão.


Hanna suspirou, jogando de lado as cobertas e se levantando. Sua abordagem para o primeiro dia era bem diferente. Vestiu sua calça cargo preta e um top preto que deixava os braços à mostra. Agora, sem a jaqueta que usava na noite anterior, a grande serpente tatuada em seu braço direito finalmente apareceu. Os olhos verdes da serpente pareciam cintilar sob a luz matinal.


Ao descerem para o primeiro andar, o caos se revelou. A casa dos Walters parecia um verdadeiro campo de batalha, com pessoas correndo para todos os lados. Cole passou correndo, gritando algo sobre sair em cinco minutos, completamente alheio ao fato de que as duas garotas recém-chegadas ainda tentavam se situar.


Katherine apareceu logo depois, com um sorriso cansado, mas gentil.


— Como vocês estão, meninas? Conseguiram dormir bem?


Jackie foi a primeira a entrar na cozinha, pegando uma maçã. Hanna demorou um pouco mais, adentrando o cômodo com seu costumeiro ar de indiferença. Foi então que ela o viu. Alex estava sentado à mesa, um livro nas mãos, mas seus olhos, claro, estavam fixos em Jackie. Hanna apertou a mandíbula, sentindo aquela pontada familiar de frustração. Era como se ela fosse invisível, uma sombra ao lado da luz radiante de sua irmã.


Sem dizer uma palavra, ela pegou uma xícara de café e virou o líquido quente como se fosse um shot. A bebida amarga deslizou pela sua garganta, e no mesmo instante, Nathan e Lee entraram na cozinha, pegando-a no ato.


— Uau, impressionante — disse Lee, rindo. — Acho que temos uma competidora aqui.Nathan assentiu, com um sorriso divertido.


— Se beber café fosse esporte, você estaria nas Olimpíadas.


Hanna sorriu levemente, gostando da interação leve e descontraída. Pela primeira vez desde que chegaram, algo parecia normal.Logo, todos seguiram para o carro de Cole. A correria continuava, mas Jackie havia congelado na entrada, incapaz de seguir adiante. Hanna, percebendo o nervosismo da irmã, segurou sua mão e a puxou gentilmente em direção ao carro. Enquanto se aproximavam, Alex saiu do carro, abrindo a porta para deixá-las passar.


— Obrigada — murmurou Jackie, entrando primeiro.


Quando Hanna passou, sem querer, ficou próxima demais de Alex. Ela sentiu o calor irradiando dele, e por um segundo, seus olhos se encontraram. Ele sorriu timidamente, como se estivesse percebendo pela primeira vez o quanto ela era bonita. Hanna manteve a expressão neutra, mas sentiu um leve formigamento. Aquele simples contato a deixou desconcertada.


Dentro do carro, o caos continuava. Todo mundo falava ao mesmo tempo, e Jackie estava visivelmente nervosa com seu primeiro dia de aula. Hanna, por outro lado, mal prestava atenção nas conversas. Seu foco estava em outra coisa — o fato de que todo o lado direito de seu corpo estava encostado no de Alex. Seus joelhos, seus braços, até sua cintura pareciam estar em constante contato com ele. E era como se cada ponto de contato estivesse em chamas.Finalmente chegaram à escola. Todos saíram do carro, mas quando Hanna já estava do lado de fora, percebeu que Jackie ainda estava dentro, paralisada pelo nervosismo. Antes que pudesse chamá-la, Cole apareceu do nada, provocando-a.


— Bela tatuagem, cobra — disse ele, com um sorriso malicioso. — Cuidado para não me morder.Hanna revirou os olhos, já cansada da atitude provocadora de Cole.


— Se eu fosse você, manteria distância. Não é qualquer um que sobrevive ao veneno.


— Gosto de viver perigosamente — Cole respondeu, inclinando-se ligeiramente na direção dela, o rosto perigosamente próximo.


A tensão cresceu entre eles, e Hanna percebeu que, por mais que não gostasse de Cole, havia algo no jeito como ele a provocava que a fazia querer revidar. Mas antes que pudesse responder, Jackie finalmente saiu do carro, e Cole rapidamente mudou de alvo.


— Nova York! — ele gritou, sorrindo de forma debochada. — E então, o que acha da nossa maravilhosa escola?


Jackie hesitou por um segundo, mas antes que pudesse responder, uma garota loira, alta e atraente, chamada Erin, apareceu e começou a beijar Cole. Ele, claro, não perdeu a oportunidade de exibir seu charme arrogante, enquanto Jackie apenas olhava, confusa.Danny se aproximou e explicou discretamente:


— Eles não namoram. Cole só... bem, ele é assim. E ela aceita.


O grupo seguiu adiante, e Danny levou Jackie até sua sala. Quando entraram, lá estava Alex, com a cabeça encostada na mesa, lendo seu livro. Assim que viu Jackie, ele se ajeitou, claramente interessado. Jackie sorriu timidamente e se sentou ao lado dele, e Hanna, observando de longe, apenas deu um sorriso sem graça. Aquele incômodo dentro dela crescia.Logo em seguida, Danny levou Hanna até sua sala. Ao entrar, seu coração afundou. Lá estava Cole, sentado como se fosse dono do lugar. Procurando uma saída, Hanna notou apenas uma mesa disponível com dois lugares... ao lado de Cole.


O professor pediu que ela se apresentasse, e embora Hanna detestasse chamar atenção, sua voz não tremeu. Ela falou com confiança, contando sobre seus pais adotivos e o acidente, e mencionou que gostava de música e esportes. Quando terminou, o professor agradeceu e a instruiu a se sentar ao lado de Cole, mencionando que os trabalhos em dupla seriam feitos com quem estivesse na mesma mesa.


Sem escolha, Hanna se sentou. Assim que se acomodou, Cole começou a provocá-la novamente, dessa vez se inclinando perto demais e falando perto do seu rosto.


— Sabe, eu até que gosto de cobras — disse ele, com um sorriso provocador. — São misteriosas, perigosas.


Hanna revirou os olhos, mas uma parte dela gostou do contato físico, embora não gostasse de Cole. Quando ele, em um momento, deslizou a mão por sua coxa e apertou levemente, algo dentro dela se acendeu. Ela sabia que não gostava dele, mas queria jogar o mesmo jogo. Talvez fosse divertido.

Alex WalterOnde histórias criam vida. Descubra agora