O vento acariciava minha pele com uma brisa leve e fraca e o calor do sol me esquentava, fazendo meu corpo relaxar.
- Filha? Está pronta?
Reconheci a voz familiar que se aproximava, olhei para trás quando percebi uma mão repousando em meu ombro.
- Bom dia pai – Eu disse com um sorriso no rosto – Não sei se estou realmente pronta, esperei esse dia minha vida toda, estou, no mínimo, empolgada, mas não acho que essa seja a palavra certa.
Realmente estava muito empolgada, o tão esperado aniversário de 16 anos, quando seu lado mágico se revela por completo, era realmente muito importante, e todos esperavam que estivéssemos prontos para isso. Mas não é tão simples assim, todos querem que eu simplesmente não tenha medo de revelar minhas asas pela primeira vez e sair voando por aí? Sinceramente, até parece que não passaram por isso e não entendem que, na verdade, é algo aterrorizante.
- Estou aqui para quando estiver preparada – Ele disse, pegando minha mão – Eu sei que todos esperam que você esteja pronta e haja com naturalidade, mas eu já estive no seu lugar, sei como é difícil fingir que sabe o que fazer... – Meu pai respondeu, chegando perto do meu ouvido – Eu chorei na noite anterior do meu aniversário, de tanto medo de algo errado acontecer.
- Sério? – Não consegui evitar uma risada fraca.
- Sim, mas não conta para ninguém, está legal? É nosso segredinho, nem sua mãe sabe disso.
- Sobre o que estão rindo aí?
Minha mãe chegou e parou ao meu lado direito, com uma expressão divertida, como se estivesse tentando decifrar um enigma.
- Nada não mãe... – Respondi, olhando para meu pai, que ria baixo.
- E aí Bella? Vamos lá? – Minha mãe perguntou, olhando em direção ao horizonte.
Era uma paisagem realmente linda. Ao olhar para trás, era possível observar as expressões de felicidade e expectativa de meus amigos mais próximos e familiares que foram convidados, e outros, de reprovação e cobrança que simplesmente apareceram sem avisar. Esses que eram o problema, as pessoas que julgavam, que achavam certa a antiga prática de empurrar o aniversariante de um precipício e esperar que a pessoa simplesmente aprenda sozinha e descubra como fazer algo que nunca lhes foi ensinado. Eles eram loucos, na minha opinião.
Voltei meus olhos a minha casa, atras de mim, era grande e com uma aparência... digamos que "luxuosa"? Bem, não podia esperar menos da casa da nossa família, uma das mais abastadas do reino de Thinsa. Eu, particularmente não ligava muito para títulos e coisas do tipo, mas fui criada para ser uma líder, uma futura figura "importante" para a sociedade, e apesar de ter parentes muito chatos e exigentes, meus pais sempre me criaram com muito amor e com a compreensão de que eu não era apenas aquilo. Eu nasci para ser alguém além de uma "figura social", nasci para ser uma feérica livre, uma pessoa que possa fazer escolhas independente da imagem que deve passar aos outros, porque, no final do dia, sou uma cidadã como qualquer outra. Claro que meus pais sempre foram muito julgados, mas nunca deixaram com que os julgamentos e as falas maldosas, não requisitadas, atrapalhassem minha criação.
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Asas da Terra
FantasyAgora escondidos por serem quem são, um grupo de feéricos precisa conviver em um bunker subterrâneo por causa de ameaças que podem custar suas vidas. Privados de experiências ao ar livre e impedidos de responder aos seus instintos naturais os jovens...