AMOR & PERIGO

CAPÍTULO 1

Não existem problemas que não possam ser resolvidos. Ainda que a solução não seja evidente – ou simples, ela estará sempre ali, esperando que alguém a descubra. Um homem não deve demorar muito a lidar com seus próprios problemas. Fugir ou postergá-los só fará com que cresçam, e, então, as coisas sairão do controle. Foi o que aconteceu comigo.

Meu nome é Gianluca Ricci e estou prestes a me arrepender de contar tudo isto. Ao fazê-lo, estou quebrando uma das regras mais importantes quando se quer ser bem-sucedido: "não produzir provas contra si mesmo". Mas se eu não falar, se não desabafar, talvez acabe fazendo uma besteira!

Eu acabei de me casar com a mulher da minha vida. Passamos os últimos seis meses planejando cada detalhe do que veio a ser o momento mais bonito de nossas vidas. A cerimônia, a festa, os convidados, tudo foi meticulosamente pensado para que nada nos atrapalhasse. Nós fomos a Paris para comprar o vestido de noiva da Diana, encomendamos meu terno em Nova York, fizemos questão de nos proporcionar o melhor que o dinheiro poderia pagar. Estávamos prontos para o início de nossa vida a dois, animados demais para perceber que tanta felicidade poderia incomodar alguém.

— Gianluca Ricci — o juiz de paz me encarou, sério. — Você aceita Diana de Oliveira como sua legítima esposa?

— Aceito. — respondi. Meus olhos estavam marejados, o que me fez agradecer o fato de estar de costas para a horda de convidados que acompanhavam a cerimônia de perto. Não sou o tipo de homem que gosta de expor seus sentimentos. — Claro que aceito.

Antes mesmo de receber a permissão formal para beijar a noiva, fui tomado por um impulso irresistível e a puxei para meus braços, unindo nossos lábios com uma paixão renovada, como se fosse a primeira vez.

Diana, com sua beleza delicada, possuía traços finos e uma estatura pequena que, embora às vezes a tornasse alvo de comentários brincalhões, apenas acentuava seu charme único. Sua presença irradiava uma graça natural, e naquele instante, tudo ao nosso redor parecia desaparecer, deixando apenas nós dois, imersos na intensidade do nosso amor.

O salão explodiu em aplausos calorosos quando nossos lábios se encontraram, selando nosso compromisso diante de todos. Diana me olhou com os olhos brilhando de emoção, seu sorriso largo e genuíno, lembrando a alegria pura de uma criança. Era um momento de realização plena; havíamos finalmente nos tornado marido e mulher, prometendo fidelidade um ao outro nos bons e maus momentos, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separasse.

Diana estava deslumbrante, adornada com um diadema de diamantes rosas que cintilava sob a luz suave do ambiente. Essa joia preciosa, um legado da minha família que atravessara gerações, complementava perfeitamente o penteado que segurava seus cabelos lisos e finos.

— Você está feliz? — eu perguntei à Diana. — Feliz de verdade?

— Feliz de verdade. — ela assentiu sorrindo. — Acho que estou sentindo algo maior do que felicidade, não sei explicar!

— Eu te amo, Diana.

Algum tempo mais tarde, eu soube que nosso diálogo foi acompanhado atentamente por algumas das pessoas mais ardilosas de que já tive notícias. Às vezes, o inimigo se esconde mais perto do que você imagina. Minha mãe segurava uma taça de champanhe e nos assistia, sorrindo como se estivesse feliz por nós, disfarçando bem seus reais sentimentos. Dona Elizabeth não aceitava bem a ideia de que eu quisesse me casar com alguém que ela não escolhera, disso eu sabia. Mas não sabia que, contrariando suas vontades, eu havia declarado guerra à mulher que me gerou.

Não posso dizer que nasci sem sorte. Vim ao mundo saudável, no fim da tarde de um dia quente de Outubro, membro de uma das famílias mais poderosas do país. Meus pais transformaram os negócios imobiliários herdados dos meus avós paternos em um verdadeiro império, expandindo-os para a construção civil e investindo também em diversas áreas, como a comunicação e a fabricação e pesquisa de novos medicamentos. No final dos anos 1970, quando meu avô se foi, meu pai herdou uma imobiliária pequena e, vinte anos depois, presidia o Grupo Empresarial Ricci, com sede à Avenida Paulista.