And try again

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Um lugar vazio, apenas uma cama e uma luz no teto preenchiam o ambiente.

"Você foi forte Lou." Ouço uma voz dizer ao meu lado.

Eu conhecia aquela voz, uma voz rouca que já me embalou nos dias mais nebulosos da minha vida.

"O mundo pode ser horrível as vezes." Disse novamente, me virei e deparei-me com ele, vestindo uma longa blusa com longas mangas brancas e calças e sapatos da mesma cor. Seus olhos verdes me passavam tamanha serenidade, tamanha confiança que nem percebi quando ele pegou em minha mão.

"Lou, tudo está bem agora, pode relaxar."

"Mas Harry...como é possível?" Minha voz saiu entrecortada.

"Louis, por motivos que você ainda não pode compreender, algumas provações foram repassadas a você, e saiba que as cumpriu da melhor forma possível, porém como ser humano, você também apresenta defeitos, falhas, fraquezas, e tudo isso foi pressão demais." Ele me olhava de uma forma tão terna, que percebi que não teria outro lugar onde eu gostaria de estar.

"Onde estamos Haz?" Foi a única coisa que consegui dizer.

"Bem...podemos dizer que em algum lugar em sua mente." Ele riu um pouco, olhando o lugar em volta, mas logo voltando sua total atenção a mim.

"Espera aí, eu não morri?"

"Não ainda." Ele dizia enquanto afagava minha mão, pequena comparada a sua.

"Mas e você, o que faz aqui?"

"Isso já é mais complicado, qual a ultima lembrança que você tem de mim, amor?" O uso daquele apelido encheu meu peito num lugar onde não era aquecido a muito tempo.

"Ah..." tentei me lembrar, mas não conseguia achar o último momento. Até que ele veio átona, o sangue, a dor, a escuridão e a luz.

"Não meu amor, não foi esse momento, eu não estava lá, eu nunca faria algo assim com você, nunca faria mal a você." Ele dizia agora com uma feição mais séria, sua expressão parecia se conter a não mudar de pacífica.
Então comecei a pensar, revolvi começar pelo início de tudo, quando conheci Harry.

Foi a exatamente 7 anos, meu primeiro dia de aula em uma escola nova, minha mãe disse que eu iria encontrar vários amigos, porém não foi bem assim. Na classe me sentei na ultima carteira, no canto mais distante. Um menino de cabelos cacheados sentava lá também, sentei-me atrás dele, porém nunca tive coragem de falar com ele, apesar dele sempre me mandar olhares e sorrisos, aos quais nunca correspondi.

Uma semana já havia se passado, não conversei com ninguém, ninguém me interessava. Até que, em um final de aula, resolvi ir ao banheiro antes de ir para casa. Lá, de frente para o espelho, apenas me perguntei qual era o problema comigo, porque aquelas vozes me diziam para me cortar mais, que a cada silêncio, a cada desvio de olhar um corte mais profundo deveria ser feito. Eu apenas assentia, não havia como discordar delas. Até que ele apareceu, chegou meio tímido, seu olhar logo recaiu aos meu braços marcados.

"Por que faz isso com você mesmo?"

"Você não me conhece."

"Então me permita." Ele se aproximou, pegando nos meus braços os acariciando. "Permita-me ser seu amigo Louis." Ele voltou o olhar para o meu, e naquele momento em que o verde encontrou o azul eu percebi que talvez eu não estava sozinho, que existia esperança para mim. E Harry me ofereceu isso, nos seus olhares mais discretos, nós seus sorrisos tímidos...e depois de um tempo em seus beijos, nas suas carícias, nas suas palavras e promessas. Existíamos só eu e ele ali, mais ninguém importava. Ele era minha sanidade, meu porto seguro.

Story Of My Blood (Larry Stylinson AU Depressive!Louis)Onde histórias criam vida. Descubra agora