Além das Aparências

239 34 7
                                    

A tarde estava ensolarada, perfeita para uma sessão de drinques à beira da piscina. Fátima ajustou os óculos escuros no rosto e abriu um sorriso assim que Diana a recebeu com uma taça de gin tônica nas mãos. A casa da amiga era espaçosa e bem decorada, com um ar sofisticado que Fátima sempre admirou. Hugo e Robson haviam saído para uma reunião, deixando as duas sozinhas.

— Tava precisando disso, viu? — Fátima suspirou, acomodando-se na espreguiçadeira ao lado de Diana.

— Eu sei que tava — respondeu Diana, com um sorrisinho travesso, tomando um longo gole de seu drinque. — E eu também. Quem disse que a gente não merece se divertir sem eles, hein?

Fátima riu, sentindo o calor do gin aquecer seu peito e a sensação leve que já começava a tomar conta do corpo. A conversa fluía com facilidade, entre piadas e confidências, o tipo de intimidade que só anos de amizade proporcionam. Diana parecia mais relaxada que o habitual, como se aquele momento fosse uma pausa rara para ambas.

— E o Robson? — Diana perguntou depois de uma pausa. — Ele ainda tá pegando pesado contigo?

Fátima suspirou, desviando o olhar para a piscina cintilante. A pergunta a incomodava porque tocava em um ponto sensível que ela se esforçava para ignorar.
— Robson... é complicado. Você sabe como ele é. Ele tem... um jeito dele.

— "Jeito dele"? — Diana arqueou a sobrancelha, sem esconder a ironia. — Esse jeito dele é te tratar como se você fosse invisível? Como se ele tivesse o direito de decidir tudo por você?

Fátima engoliu seco, desconfortável com a direção da conversa. Diana sempre fora muito direta, e, embora soubesse que a amiga estava apenas tentando ajudá-la, aquilo a deixava confusa e vulnerável. Ela queria se defender, mas algo na maneira como Diana a olhava – como se estivesse vendo através dela – a desarmava.

— Acho que é assim que os casamentos são, não é? — Fátima murmurou, quase como se quisesse se convencer.

Diana balançou a cabeça devagar, inclinando-se para perto. A proximidade entre elas era perigosa, carregada de algo indefinível que crescia a cada segundo.
— Não, Faty... não precisa ser assim. E não deveria ser.

O silêncio se instalou entre as duas, pesado e denso. Diana tomou mais um gole do drinque, e Fátima a acompanhou, sentindo a bebida derreter suas inibições. Sem dizer nada, Diana se levantou e começou a tirar a parte de cima do biquíni com um sorriso desafiador.

— O que você tá fazendo? — Fátima perguntou, surpresa.

— Relaxa, ninguém tá aqui pra ver — Diana respondeu com uma piscadela. — A gente tá entre amigas, lembra? Ou você vai me dizer que nunca fez topless?

Fátima hesitou por um momento, mas a combinação de álcool, calor e aquela intimidade crescente a fizeram ceder. Com um riso nervoso, ela também tirou a parte de cima do biquíni e se recostou na espreguiçadeira ao lado da amiga.

— Assim é mais libertador, né? — Diana provocou, virando-se para encarar Fátima.

Os olhares se cruzaram, e a tensão entre elas se tornou palpável. Fátima sentiu o coração acelerar, sem saber ao certo o que estava sentindo. Era como se, de repente, toda a confusão que carregava sobre seu casamento e seus sentimentos ganhasse forma na figura de Diana.

Diana se inclinou mais uma vez, desta vez sem disfarçar o desejo no olhar.
— Você merece mais, Fá... muito mais do que o que ele te dá.

O mundo ao redor parecia ter desaparecido. Fátima sentiu a respiração de Diana perto do seu rosto, e antes que pudesse processar qualquer pensamento, os lábios delas se encontraram em um beijo quente e inesperado. Era um toque diferente de tudo que ela já havia experimentado – suave e, ao mesmo tempo, intenso.

O gosto de gin e desejo se misturava, e quando Fátima percebeu, estava puxando Diana para mais perto, sem pensar nas consequências. As mãos de Diana deslizavam por sua pele, explorando cada curva com uma confiança que fazia Fátima se perder. Os drinques vazios foram deixados de lado, e ambas se entregaram àquele momento como se nada mais importasse.

O beijo se aprofundou, e o mundo pareceu se dissolver ao redor delas. Diana deslizou os dedos pela cintura de Fátima, fazendo-a arrepiar da cabeça aos pés. Era como se cada toque fosse uma revelação, uma libertação de tudo que ela havia reprimido por tanto tempo.

— Isso... é loucura — Fátima sussurrou contra os lábios de Diana, mas não conseguiu evitar que um sorriso escapasse.

— Então deixa a loucura acontecer — Diana murmurou de volta, os lábios roçando no pescoço de Fátima.

Os toques se tornaram mais ousados, as carícias mais intensas. A água da piscina parecia convidativa, mas nenhuma delas estava disposta a interromper aquele momento. Era como se o tempo tivesse parado, deixando-as presas em um instante que parecia tanto errado quanto irresistivelmente certo.

Com os corpos colados e as respirações entrecortadas, as duas se perderam uma na outra, sem pensar em Hugo, Robson ou qualquer outra pessoa. Era apenas elas, naquela tarde ensolarada, finalmente descobrindo o que significava se sentir livre.

 ------------------------------

O que acharam?

Até a próxima! 💋

Entre Drinques e SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora