Jogo de sombras

A Herdeira

O cheiro de pólvora e poder estava no ar enquanto eu observava a movimentação ao meu redor. O clube, uma das propriedades da minha família, era repleto de rostos conhecidos e desconhecidos, todos se movendo em um jogo de ambição e rivalidade. A música pulsava forte, e as luzes azuis criavam sombras que dançavam pelo salão.

A atmosfera estava carregada, como se algo estivesse prestes a acontecer. Eu não era apenas uma espectadora; era parte do legado que moldaria meu futuro. Juliette Marino, a única filha de Domenico Marino, o temido chefe da máfia. Com apenas 24 anos, a responsabilidade sobre meus ombros não era um fardo, mas uma armadura que eu estava começando a abraçar.

Eu sabia que todos os olhares estavam em mim, esperando. A pressão era imensa, mas isso só aumentava meu desejo de ser mais do que apenas a filha do chefe. Eu queria deixar minha marca, dominar este mundo sombrio e complexo. No fundo, a ideia de controlar o legado que me foi deixado era o que mais me atraía.

Caminhei pelo clube, observando cada detalhe. Os murmúrios, as risadas, o som dos copos tilintando, tudo isso me fazia sentir viva. Eu sempre adorei a intensidade desse lugar, mesmo que muitos o considerassem perigoso. Era como um segundo lar.

Lembrei-me de como meu pai costumava me ensinar as regras do jogo, as regras da vida na máfia. "A força é fundamental, Juliette. Nunca mostre fraqueza. No momento em que você mostrar vulnerabilidade, estará em perigo." Essas palavras ecoavam em minha mente e moldavam meu comportamento.

Decidi que precisava de um momento para mim. Afastei-me do barulho e caminhei até o terraço. A brisa da noite era fresca, e eu respirei fundo, tentando clarear a mente. A cidade brilhava sob a luz da lua, e por um instante, me perdi em pensamentos sobre o futuro que eu queria construir.

Lá em cima, era mais fácil me conectar com o que realmente desejava. O poder, a ambição, o controle - era isso que eu queria. A máfia não era apenas uma herança; era um campo de batalha, e eu pretendia ser a melhor jogadora.

Do lado de fora, o silêncio era quebrado apenas pelo som distante da música do clube. Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi passos se aproximando. Olhei para trás e vi meu pai, Domenico, vindo em minha direção.

"Juliette," ele disse, sua voz grave ressoando na noite. "O que faz aqui fora sozinha?"

"Pensando," respondi, mantendo a firmeza. "Sobre o futuro."

Ele me encarou, avaliando-me. "Você sabe que precisa estar preparada. A máfia não perdoa os fracos. E seu futuro, minha filha, depende de suas decisões."

"Eu sei, pai. Estou pronta para assumir a responsabilidade. Quero ser mais do que uma peça no seu jogo," afirmei, minha determinação clara.

Domenico cruzou os braços, um sorriso satisfeito se formando em seus lábios. "Você tem o espírito da nossa família. É preciso ser implacável. Vincenzo Romano pode ser uma ameaça, mas você não pode subestimar a importância de se manter no controle."

"Não estou com medo dele," declarei, desafiadora. "A escuridão é onde eu prospero. Eu quero o que me pertence, e não vou deixar ninguém atrapalhar."

Ele assentiu, um brilho de aprovação em seus olhos. "Bom. Lembre-se de que o mundo é cruel. Cada movimento deve ser calculado. Não mostre fraqueza, e você se destacará."

"Entendido," respondi, sentindo a adrenalina percorrer meu corpo.

Com um último olhar para meu pai, afastei-me, meu coração pulsando com uma mistura de determinação e excitação. O clube pulsava com vida, e uma certeza se instalou em mim: o jogo de sombras apenas começava. Eu estava pronta para reivindicar meu lugar nesse mundo sombrio e a herança que me aguardava.