Capítulo 06

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Bali havia sido tudo o que Ariella sonhara e muito mais. As praias de areia branca, o mar de um azul hipnotizante, os templos sagrados e a sensação de liberdade que ela tanto buscava se materializaram diante de seus olhos. Mas o que ela não esperava era compartilhar essa experiência com Murilo.

Os dias em Bali passavam como em um sonho. Eles exploravam cada canto da ilha juntos — passeios de moto pelas estradas sinuosas, trilhas até cachoeiras escondidas, e momentos silenciosos de contemplação dos templos ancestrais. Murilo era um companheiro perfeito, sempre com um sorriso no rosto e uma curiosidade voraz pelo mundo ao redor. Quando o sol começava a se pôr, eles costumavam caminhar de mãos dadas pela praia, o som das ondas misturado à brisa tropical.

Uma noite, após um longo dia de aventuras, eles estavam deitados na varanda do bangalô, observando as estrelas. A conexão entre os dois era palpável, e quando a noite finalmente caía, seus corpos se entrelaçavam com uma intensidade que fazia parecer que nada mais no mundo importava. Eles se amavam com paixão, como se fossem os únicos no universo.

Em um desses dias de paz absoluta, no entanto, enquanto Ariella estava no banho, Murilo recebeu uma ligação inesperada. O som do celular quebrou o silêncio tranquilo do quarto, e ao ver o nome de seu avô, Marcos Trajano, piscando na tela, Murilo franziu a testa. Atendeu a chamada com uma mistura de relutância e dever.

— Alô, vô?

— Murilo — a voz firme de Marcos ecoou do outro lado da linha. — Temos um jantar importante daqui a alguns dias. Espero que esteja de volta a tempo.

Murilo sentiu um aperto no peito. Já sabia sobre o jantar, mas ainda tinha dúvidas sobre o verdadeiro propósito.

— Esse jantar... tem a ver com a ideia daquele casamento arranjado? — Murilo perguntou, a voz carregada de frustração.

Houve uma pausa do outro lado da linha, o que fez o coração de Murilo bater mais forte. Quando Marcos respondeu, foi com a impaciência característica dele.

— Murilo, você sabe que está tudo resolvido. Pare de questionar e apenas faça sua parte. — E com isso, Marcos desligou, sem dar chance para mais perguntas.

Murilo ficou parado, encarando o celular como se esperasse que ele pudesse lhe dar uma resposta. Ele sabia o que aquilo significava, e a pressão sobre seus ombros parecia aumentar a cada segundo. O casamento que seu avô planejava há meses estava mais próximo do que ele gostaria de admitir. E agora, com Ariella em sua vida, tudo se complicava.

Quando Ariella saiu do banheiro, envolta em uma toalha, os cabelos ainda molhados e a pele corada do calor, ela percebeu de imediato a expressão perturbada no rosto de Murilo.

— Murilo? — Ela se aproximou, a voz suave e preocupada. — Aconteceu alguma coisa séria?

Ele olhou para ela, os olhos refletindo a tensão interna que tentava esconder. Sabia que não poderia mais adiar aquela conversa.

— Sim, Ariella... É algo que preciso resolver com meu avô — ele começou, hesitante. — Eu vou ter que voltar para casa em alguns dias.

Ariella se sentou ao lado dele, a toalha apertada em torno de seu corpo, o rosto dela demonstrando empatia.

— Isso é sobre o jantar que mencionou?

Murilo suspirou, passando as mãos pelo cabelo, como se buscasse as palavras certas.

— Meu avô... ele quer que eu me case com uma mulher que ele escolheu. É algo que vem sendo planejado há algum tempo. — Ele fez uma pausa, sentindo o peso de suas palavras. — Mas desde que conheci você, tudo mudou. Nunca senti por nenhuma mulher o que sinto por você, Ariella. E agora, eu não consigo imaginar voltar para aquela vida, fingindo que isso aqui, que nós dois, não é real.

Ariella o observava em silêncio, tentando processar tudo. Ela sabia que Murilo vinha de uma família tradicional, e aquilo era algo com o qual ela poderia ter que lidar, mas ouvir sobre o casamento arranjado tornava tudo mais concreto e assustador.

Murilo a pegou pelas mãos, os olhos dele fixos nos dela, com uma sinceridade que a fez sentir o coração apertar.

— Ariella, eu não sei como isso vai se desenrolar. Mas se você estiver disposta, eu quero que a gente lute por isso. Eu quero que a gente fique junto. Só preciso saber se você está disposta a enfrentar isso comigo.

O coração de Ariella acelerou. Por um momento, o mundo parou ao redor deles. Ela sabia que aquilo não seria fácil — havia expectativas familiares, obrigações e o peso de uma tradição que Murilo carregava nas costas. Mas quando ela olhou nos olhos dele, sentiu a certeza de que valia a pena.

Ela respirou fundo, sentindo a força da conexão entre eles, e respondeu sem hesitar:

— Sim, Murilo. Estou disposta a enfrentar o que for preciso para ficar com você.

O alívio tomou conta dele, e sem pensar duas vezes, Murilo a puxou para seus braços, beijando-a com toda a intensidade do sentimento que havia acumulado durante aqueles dias em Bali. Naquele momento, a conexão entre eles parecia inquebrável, como se, independentemente do que estivesse por vir, nada poderia separá-los.

Mas eles sabiam que o retorno à realidade traria desafios, e o mundo lá fora aguardava, impassível, com todas as suas complicações.

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⏰ Última atualização: Oct 21 ⏰

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