Échappement #1
Já ouviu falar de TDI? Um transtorno raro de personalidade cujo a dona do perfil tem, meu nome é Yang e eu sou uma das sete personalidades que se esconde por trás de um sorriso feliz..
Como já diz no título que se traduz pra "Escape", é apenas a história de alguém quebrado e a beira do precipício, um pedaço de uma personalidade de alguém que foi quebrado e separou isso pra um só...se quiser ficar fique, se quiser sair tudo bem, é só uma história aleatória passada sobre minha cabeça como forma de me distrair de tudo que está perturbando minha mente..
A história vai ser sobre coisas que conseguem me tirar desta cruel realidade.𝐉𝐮𝐬𝐭𝐞 𝐮𝐧𝐞 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨𝐢𝐫𝐞
- Inverno, o frio cortante pela janela, a neve sujando a sala, o candelabro no chão, a lareira crepitando em silêncio guiando..
Dizia a garota dos olhos vibrantes abraçando sua velha boneca de pano e gesso assentada em uma poltrona de couro no consultório médico de mais um centro medicinal. Seu olhar estático ao vazio parecendo nem mesmo estar viva, sua pele pálida como a neve mostrava claro sinal de frio mesmo que ela não disse.
- Um homem em minha direção de grande altura, trajado como o papai, segurava o brinquedo da mamãe, usando contra seus olhos, ploc ploc é o som que ouvia, mamãe não parecia ligar..
- Espere...
Interrompia o médico anotando cada palavra antes de voltar a atenção a garotinha.
- O que seria o brinquedo da mamãe?
A garota por um mero segundo olhou para o homem grisalho e inclinou a cabeça, o silêncio era ensurdecedor antes dela voltar a falar.
- Era prata cortante com madeira, mamãe estava sempre com ele em mãos na cozinha, taque taque fazia o som sempre que ela cortava, cortava e cortava...em seu quarto também, eu via a mamãe cortar, cortar e cortar..
Ela parou por um segundo apenas encarando o doutor enquanto ele escrevia seus olhos vibrados aos do velho médico como se estivesse analisando sua alma. O médico por si, percebendo a atitude estranha da garota fechou seu caderno e guardou sua caneca ao bolso do paletó.
- Receio que acabamos aqui pequena senhorita...você precisa descansar..
Dizia o médico ao se levantar e estender a mão pra pequena garota o seguir. A garota observa antes de pular de seu assento e segurar a mão do homem grisalho para saírem daquela sala branca.
O caminho ao quarto da pequena parecia extenso enquanto caminhavam em silencia, ela permanecia estática olhando para frente, o que incomodava o médico.
Uma vez deixada em seu quarto, o médico se despede da jovem que nem mesmo o olha enquanto caminha descalça até a janela e se senta no chão olhando pro céu. O médico se sente estranho observando o comportamento dela, mas opta por sair dali e deixá-la só.
O som de passos pela madeira rústica ecoa cada vez mais alto a cada passo do homem, passando quadro a quadro de uma tragédia de uma família aparentemente feliz, era como se os olhos estivessem sobre ele a cada movimento naquele lugar mal iluminado e silencioso, a sensação de ser observado junto a atmosfera fria e solitária eram de dá cara frios terríveis. Ao sair da casa e observar o quintal de plantas mortas num lento caminhar pelo jardim da grande residência, ele sentia ainda mais pesar pela pequena garota que mora lá somente com seus empregados.
Mas o pensamento de ter de voltar ali mais uma vez era algo que o assombrava, sempre sentia como se algo ou alguém estivesse apenas observando e o usando de brinquedo, apenas uma distração, apenas mais uma marionete, sobre o controle de pequenos dedinhos.

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Famille riche
HorrorUma tentativa de um terror psicológico de uma escritora independente e uma forma de desabafo