1. Convite

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"Pour mercy, mercy on me

Set fire to history"


A luz do sol começou a invadir o quarto de Gabriela, filtrada pelas cortinas finas que balançavam levemente com a brisa da manhã. O som suave dos pássaros cantando servia como um alarme natural, gentil, mas insistente. Ela abriu os olhos lentamente, espreguiçando. O corpo ainda estava pesado, resquício de uma semana cheia de treinos e aulas voluntárias de vôlei. Apesar de não dar aulas todos os dias, havia períodos em que ela chegava a dar duas ou três aulas em diferentes escolas. Mas hoje era um dia especial. Era sábado, e sábado significava dar aula de vôlei às meninas da escola pública no programa "Escola da Família", algo que lhe trazia mais satisfação do que qualquer torneio.


Gabriela levantou-se devagar, passou as mãos pelo rosto, sem antes olhar para a cicatriz que carregava em sua sobrancelha direita, passando um pouco de água em sua mão para tentar ajeitar e esconder o máximo possível daquela marca que carregava consigo e, após uma rápida parada no banheiro, desceu as escadas, já sentindo o cheiro do café fresco. A cozinha estava banhada pela luz do sol, e sem perder tempo, ela colocou café numa xícara. Pegou uma fatia de pão integral, passou uma camada fina de manteiga e, enquanto tomava um gole do café forte e amargo, olhou pela janela. Lá fora, as ruas começaram a ganhar vida. Pais levando crianças para as atividades de fim de semana, ciclistas aproveitando o frescor da manhã, e algumas pessoas fazendo caminhada ou corrida pela calçada.


Vestiu seu agasalho esportivo, amarrando os cadarços dos tênis enquanto mentalmente organizava o plano da aula de hoje. Ela adorava ensinar aquelas meninas; via nelas o potencial emergindo aos poucos. Anos atrás, quase se tornou uma atleta profissional de vôlei, mas desistiu do sonho após um evento traumático com sua família. Tinha apenas 18 anos quando aconteceu e, desde então, convivia com Estresse Pós-Traumático. Fazia terapia uma vez por mês e tomava remédios controlados para ajudar a manter o equilíbrio. Mesmo assim, tentava seguir em frente. Seu pai, já falecido, havia deixado para ela uma boa quantidade de terrenos e imóveis, e foi com isso que Gabriela construiu uma renda passiva, alugando pequenas casas. Com essa segurança financeira, ela podia se dedicar aos trabalhos sociais e às aulas de vôlei, embora as escolas insistissem em pagar um valor simbólico pelo seu trabalho.


Quando chegou à escola, o ambiente familiar da quadra a recebeu. O eco de seus passos soavam no chão de madeira, enquanto as outras funcionárias estavam reunidas na entrada, conversando animadamente. Gabriela acenou com um sorriso de bom dia, mas logo percebeu algo diferente no ar. Algumas olhavam para ela com uma mistura de entusiasmo e segredo.


— Bom dia, Gabi! — disse Vanessa, quase saltitando de animação. — Você soube da novidade?


Gabriela franziu a testa, intrigada.


— Ainda não. O que foi?


Vanessa se aproximou, como se fosse compartilhar um segredo importante.


— Sabe que estão organizando a 'Semana das Profissões' aqui na escola? Desta vez vão trazer uma convidada especial!


— Semana das Profissões? Já? Não era só no fim do ano? — Gabriela tentou se lembrar se havia ouvido algo sobre essa mudança de data.


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⏰ Última atualização: Nov 04 ⏰

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