Vai Ser Amor, Vai Ser Pra Sempre Amor Na Verdade- Miotela

tempos difíceis

Ana Flávia povs
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Quando a porta do apartamento de Gustavo se fechou atrás de mim, senti como se uma parte do meu coração tivesse ficado ali dentro, junto com ele. Cada passo que eu dava no corredor parecia pesar mais do que o anterior. O ar de São Paulo, sempre tão vibrante, agora me sufocava. Entrei no carro que me esperava, com a mente em turbilhão, e não consegui evitar que as lágrimas caíssem em silêncio.

O trajeto até o aeroporto foi um borrão. Eu mal conseguia focar no que estava ao meu redor. O mundo passava como se estivesse em câmera lenta, enquanto a minha mente repetia as palavras que tinha dito a Gustavo. Ele disse que ia esperar por mim, e isso doía mais do que qualquer outra coisa. Eu queria tanto acreditar que um dia tudo faria sentido, mas no fundo, sentia um vazio imenso. Sabia que a decisão era a certa, mas isso não tornava a dor mais suportável.

Quando cheguei ao jatinho que me levaria de volta para Londrina, me senti anestesiada. O voo foi rápido, mas cada minuto no ar parecia durar horas. As luzes de São Paulo desapareceram na janela, e a minha mente continuava a girar, repetindo cenas do nosso último abraço. O cheiro dele ainda estava em mim, e a sua voz ecoava em minhas lembranças: "Eu vou esperar." Isso apertava meu peito mais do que eu conseguia suportar.

Quando finalmente cheguei em Londrina, o carro da minha mãe já estava à minha espera no aeroporto, eu mandei uma mensagem falando que eu estava voltando, só não imaginava que ela viesse me buscar pessoalmente. Ela sabia. Mesmo antes de me ver, ela sabia. Dona Michelle sempre teve esse instinto, essa ligação quase telepática comigo. Eu ainda não tinha forças para dizer nada, mas quando entrei no carro e vi o rosto dela, os olhos compreensivos e cheios de amor, eu desmoronei.

— Meu amor, eu estou aqui. Sempre vou estar. O que quer que esteja acontecendo nós vamos passar por isso juntas.— falou com uma voz carinhosa e firme

Ela puxou-me para um abraço, e naquele momento, eu desabei. Solucei como uma criança, sentindo o peso de todas as emoções que tinha guardado nos últimos dias, desde o show, desde o momento em que soube que teria de tomar essa decisão. Tudo saiu de uma vez.

— Mãe... eu o amo tanto. Eu queria que fosse diferente, queria estar pronta para ele... mas eu não consigo. Eu sinto que estou  me perdendo e que não consigo ser suficiente.— falo chorando no ombro da minha mãe

—Filha, o amor não é uma linha reta, nem sempre acontece do jeito que esperamos. Às vezes, precisamos de tempo, de espaço para nos encontrarmos, e isso não significa que vc  não o ame. Muito pelo contrário. Amar também é ter a coragem de dar um passo para trás quando sabes que não estás pronta.— falou fazendo um carinho em meu cabelo e falando com muita ternura

Eu sabia que ela estava certa. Cada palavra dela me ajudava a encontrar um pouco de clareza no meio da dor. Sabia que não podia continuar a me enganar, tentando forçar algo para o qual ainda não estava preparada. Mas ouvir isso da minha mãe, alguém que sempre me apoiou, deu-me a validação que eu tanto precisava.

— Mas, mãe... e se ele não esperar? E se o tempo passar e ele perceber que já não me quer mais? Eu não sei se consigo lidar com essa incerteza.—com a voz ainda falha, enxuguei meu rosto

— Filha, se o Gustavo te ama de verdade e eu sei que ele ama, ele vai entender o seu tempo. Vai esperar, sim. E se o destino quiser que vocês se reencontrem, isso vai acontecer. Mas agora, você precisa  se encontrar. Não pode viver para corresponder às expectativas dos outros, nem mesmo as dele. O mais importante é que estejas bem contigo mesma, para depois poder amar com todo o coração.

Eu senti aquelas palavras entrarem fundo na minha alma. Ela tinha razão. Eu estava  carregando um fardo tão pesado, tentando corresponder a algo para o qual ainda não estava pronta. E, por mais doloroso que fosse deixar Gustavo, eu sabia que esse era o passo certo para mim.