Capítulo 1: Dois anos antes da carta.

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A rua úmida enfim, vira o descanso do céu após longos dias de chuva. Um cachorro bebia na poça de água acumulada em uma quebra do asfalto gasto quando ela passou: uma mulher de estatura média que acabara de sair da boate, caminhado pelas ruas vazias da cidade. Usava salto alto e fino, e um vestido curto.

O barulho de seus saltos ecoava no silêncio desconfortável da noite, e enquanto remexia na bolsa, suas expressões faciais revelavam o incômodo e insegurança de estar sozinha naquela parte da cidade. A luz do poste piscava freneticamente, como se estivesse prestes a queimar.

De repente, um toque leve em seu ombro fez com que seu corpo congelasse. Ela se virou bruscamente, assustada pela abordagem, sentindo seu coração disparar.

- Com licença, você sabe que horas são? - disse uma voz suave, quase que infantil.

A mulher piscou algumas vezes, aliviada ao ver que era apenas uma adolescente. Era uma garota ruiva, usando roupas pretas e um capuz, que obscurecia parte de seu rosto.

- Ah... - a mulher sorriu de maneira forçada, tentando recuperar o fôlego. - Claro, só um minuto!

Ela remexeu na bolsa, buscando o celular, ainda com as mãos tremulas, mas tentando recobrar a calma. Ao encontrá-lo, a tela iluminou seu rosto, e foi nesse momento que ela sentiu uma pancada forte em sua nuca. Não teve tempo de processar a dor antes de seu corpo ceder completamente, desabando ao chão.

Foram 14 quilômetros até que seu rosto visse a luz novamente, a luz da lanterna que a garota mirava em sua face para se certificar de que ainda estava viva. Ela piscou repetidas vezes, ainda tonta; os sons ao seu redor pareciam distantes, abafados pela dor que pulsava em sua cabeça.

A garota, uma figura aparentemente frágil e delicada, mas com olhos predatórios. Ela abaixou a lanterna por um momento. observando-a de cima, antes de puxá-la brutalmente pelos cabelos para fora do porta-malas. O impacto contra o solo áspero arrancou m gemido abafado dela, o som mal escapando pela mordaça firmemente amarrada em sua boca. Ela tentou se debater, mas estava muito fraca.

- Não adianta lutar - a garota se abaixou na frente dela, falando com a voz suave, então acariciou levemente seu rosto, dando um sorriso sutil, mas com um tom de psicopatia. - Ninguém vai te ouvir aqui - ela começou a arrastar para o meio da mata, puxando como quem leva uma carga pesada, ignorando seus espasmos de dor que percorriam seu corpo cada vez que sua pele encontrava o chão úmido e sujo da floresta. Os galhos secos arranhavam suas pernas e braços, deixando sua pele repleta de ferimentos, que logo se misturaram com a sujeira.

- Por favor... - ela tentou articular, mas a mordaça a sufocava. A garota ignorou seus grunhidos, a deixando no local do abate.

Sua pele toda lacerada pelo solo, e os roxos dos impactos até lá eram evidentes. A boca tapada a impedia de gritar, então ela se contorcia e gemia para ao menos tentar implorar por misericórdia.

A garota voltou para o carro sem dizer uma palavra, enquanto o pânico crescia dentro da mulher; seu corpo tremia, e ela tentava desesperadamente libertar suas mãos amarradas, mas era inútil. Seus olhos se estreitaram ao notar a garota retornando com uma mala de couro preto. Ela se ajoelhou ao seu lado, abrindo a mala com calma, e a primeira coisa que retirou foi uma faca longa, brilhante sob o reflexo da luz da lanterna, em seguida, um estilete.

- Vamos começar devagar - murmurou a garota, quase para si mesmo, então encarou a mulher, dando outro sorrisinho.

A mulher gritou, ou ao menos tentou: um som agudo e abafado escapou de sua garganta. A garota pressionou o estilete levemente contra a pele do seu rosto, o suficiente para fazer um pequeno corte, e o sangue escorreu lentamente ao chão.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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