ligação - hyunlix

único

Lee Felix caminhava pela sala silenciosa, seus pés descalços fazendo eco no piso de madeira. A cama ao lado permanecia vazia, desfeita desde a noite passada, e ele evitava olhar para ela por muito tempo. A ausência de Hyunjin era como um peso que ele carregava, e a noite tinha sido fria, como se a falta do outro tivesse roubado toda a temperatura do quarto. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas hoje parecia diferente. Hoje doía de um jeito que ele não sabia explicar.

A playlist que costumavam ouvir juntos ainda tocava baixinho ao fundo. Cada nota de música soava deslocada, como se não pertencesse mais ali, como se não mais fizesse sentido sem os risos de Hyunjin ecoando junto. A voz de Felix estava presa na garganta, oprimida por um sentimento de sufocamento. Como eles chegaram ali? Como o amor, que parecia tão sólido, tão verdadeiro, havia escorregado pelas brechas de suas brigas cotidianas?

Ele sabia que Hyunjin tinha mudado. Eles brigavam mais do que riam, e o silêncio entre eles tinha se tornado mais frequente do que as conversas. Mesmo assim, o pensamento de Hyunjin nos braços de Jeongin era uma ferida que ele não conseguia aceitar. Cada briga, cada palavra amarga que lançavam um ao outro parecia ter empurrado Hyunjin para mais perto de Jeongin, e Felix não tinha como competir. O garoto mais novo era tudo o que o Lee não podia mais ser. Ele era leve, despreocupado, com uma juventude vibrante que Felix já não sentia.

O loiro sentou-se no sofá, o telefone ao lado queimando como uma tentação. Ele sabia que Hyunjin não atenderia. Sabia que a chamada terminaria em silêncio ou, pior, na voz indiferente do outro. Mas ainda assim, ele precisava tentar, precisava ouvir a voz do Hwang uma última vez. Pegou o celular com dedos trêmulos e discou o número que conhecia de cor.

O tom de chamada ecoou no espaço vazio, e Felix quase desejou que Hyunjin não atendesse. Assim, ele poderia ao menos manter a ilusão de que o outro ainda se importava o suficiente para não ignorar. Mas, quando a voz familiar finalmente soou do outro lado da linha, o ar pareceu desaparecer dos pulmões de Felix.

- Alô?

Felix segurou o celular com força, tentando manter a calma que ele sabia que não tinha.

- Hyun... - começou, mas a palavra morreu em sua boca. Não sabia por onde começar, nem o que dizer. Tudo parecia tão pequeno em comparação com a enormidade do que ele sentia.

- O que foi, Felix? - A impaciência na voz de Hyunjin era uma lâmina afiada. Felix fechou os olhos, como se pudesse se proteger do golpe.

A dor no peito era tão intensa que ele precisou de alguns segundos antes de continuar. Ele sabia o que queria perguntar, mas a coragem parecia escorregar por entre os dedos. "E se a resposta for sim?", ele pensou.

Mas ele não podia evitar. Ele precisava saber.

- Ele é melhor do que eu? - As palavras saíram antes que ele pudesse pensar nelas, tão suaves e doloridas que ele quase se arrependeu no instante seguinte.

Do outro lado da linha, o silêncio foi o único som por alguns segundos. Felix podia ouvir a respiração do outro, pesada, como se ele também estivesse lutando contra as palavras.

- Felix... - suspirou, sua voz se quebrando ao meio. - Por que você está fazendo isso?

- Eu só... - A voz de Felix falhou. - Eu só preciso saber.

A dor estava em cada palavra, em cada silêncio não preenchido. Felix sentia que estava afundando em um abismo sem fim. Lembranças de momentos felizes, sorrisos e promessas sussurradas no escuro preenchiam sua mente, mas eles estavam longe agora, quase inalcançáveis. Ele queria acreditar que ainda poderia haver algo, mas sabia que o amor que tinham construído estava ruindo, tijolo por tijolo.