Capítulo 10: Marés de Luxúria

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Guilia


Eram 10 da manhã quando comecei a me arrumar para uma reunião importante com a minha editora. Meu novo projeto estava fluindo de forma surpreendente. Eu tinha deixado de lado a temática de suspense e tramas com crimes — aquela fase da minha vida já tinha passado. Agora, estava imerso em um novo livro de poemas. O mais engraçado é que a maior parte deles era sobre Elia, mas ele não fazia a menor ideia. Os versos também falavam sobre o mar, que sempre me trazia a ele. Ou seja, praticamente tudo girava em torno de nós dois. Eu estava completamente apaixonado.

O calor na costa foi intenso, então optei por um conjunto social de alfaiataria leve, fresco e elegante — ideal para uma ocasião. Fiz uma maquiagem suave, apenas para iluminar o rosto, e modelei algumas ondas nas pontas do cabelo com o babyliss. Como parecia ser minha nova marca registrada, peguei um par de óculos escuros antes de sair.

Desci as escadas da casa de Elia, sentindo o ar calmo e silencioso ao redor.

— Élia? — chamei, aguardando a resposta.
Nenhuma resposta.

Passei rapidamente pelos cômodos à sua procura. Nada. Então fui até a garagem, onde ele sempre estava quando não o encontrava.

A garagem de Elia era uma extensão de sua personalidade: organizada, prática e com um toque de aventura. Havia um jipe ​​moderno, um carro esportivo clássico e duas motos. As paredes eram decoradas com itens marítimos, e os equipamentos de surf suspensos pendurados mais obras de arte do que ferramentas de esporte.
— Me chamou? — Sua voz tão suave atrás do jipe, me pegando de surpresa.

Quando olhei para ele, meus olhos imediatamente capturaram a imagem: sem camisa, de short jeans, com o "V" do abdômen perfeitamente esculpido à mostra. Seu corpo estava coberto de sabão, algumas gotas de suor escorriam pela testa e o short estava molhado, colando-se à pele. Ele exalava um charme bruto, selvagem, que me fez baixar os óculos para observá-lo melhor.

– Chamei, sim. — Ele se mudou, e eu senti meu coração acelerar. — Estou indo para a editora, não sei a que horas volto.
Elia bateu a mão no short, tentando tirar a espuma.
— Posso te buscar para o almoço? — Disse casualmente, como se não estivesse me desarmando completamente com aquela visão.
— Claro — concordei, inválida de recusa.

— Ótimo. Me avise quando eu puder ir — disse, abrindo um sorriso descontraído.

– Claro. — Mandei um beijo no ar, e ele fez um gesto brincalhão como se o tivesse capturado.

Quando eu virei para sair, o celular dele vibrou em cima da mesa, chamando minha atenção. Olho por reflexo. Era o nome do seu pai que aparecia na tela. Droga.

— Pode atender para mim? Estou com as mãos sujas.
Caminhei lentamente até o telefone, sentindo o peso daquele simples pedido. Era como se estivesse lidando com uma bomba-relógio. Atender com recebimento.
— Alô? — disse, tentando parecer neutro.

— Ah, olá! É o Lorenzo — a voz do outro lado está tão despreocupada.

Revirei os olhos, imaginando seu sorriso satisfeito.

— Olá, Lorenzo.

— Você é uma garota que estava com Elia na loja, certo? Ou talvez não. — Ele soltou uma risada, como se fosse o máximo brincar com a ideia de ter mais de uma mulher em sua vida.

— Sou eu, sim.

Elia me observava de canto, o cenho franzido, enquanto continuava a lavar o carro.

— Ótimo! Gostei de você! Escuta, diga ao Elia que eu e a mãe dele gostaria de jantar com ele hoje no Ristorante La Perla del Mare. E, claro, você é mais do que convidada, amor. — A palavra "amor" saiu de sua boca com uma familiaridade desconcertante, que fez um arrepio percorrer minha espinha. — Temos uma reserva às 20h. Não se atrase.

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⏰ Last updated: Oct 23 ⏰

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