Prólogo.

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Karina estava devastada com a cena diante de seus olhos, como se o mundo ao seu redor tivesse simplesmente parado. A música alta da festa desapareceu em segundo plano, suas batidas abafadas por uma dor que apertava seu peito. Tudo que Karina conseguia enxergar era Minjeong. Sua melhor amiga, sua Minjeong, beijando outra garota.

Aquilo parecia impossível. Minjeong não faria algo assim... não faria de propósito, faria? O olhar frio que Minjeong lançou em sua direção foi como uma faca perfurando seu coração, e naquele instante, qualquer resposta racional escapou de sua mente. Karina ficou ali, congelada, encarando a cena por alguns segundos que pareceram uma eternidade, até que seu corpo agiu por conta própria. Ela se virou e correu. Correu sem direção, como se fugisse da própria dor que a perseguia.

O vento frio da noite batia em seu rosto, mas Karina mal notava. Lágrimas escorriam por suas bochechas e sua visão ficou turva. Tudo parecia um borrão de emoções que ela não conseguia processar. Só queria fugir, se esconder. Foi apenas quando estava prestes a atravessar a rua, distraída, que o brilho dos faróis de um carro se aproximando a trouxe de volta à realidade. Mas mesmo assim, ela não reagiu. Apenas olhou, estática, enquanto o carro vinha em sua direção.

Até que sentiu um puxão forte em seu braço, a arrastando para a calçada.

— Você ficou maluca? Não tá prestando atenção nas coisas? — Minjeong a puxou para longe do perigo, a voz cheia de desespero e raiva. — Você poderia ter morrido, Jimin!

Karina, ofegante e confusa, olhou para Minjeong. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, seu coração ainda batendo descompassado pela adrenalina. Mas a dor era muito maior. E tudo o que conseguia pensar era uma única pergunta:

— E você se importa? — sua voz saiu entrecortada, frágil, enquanto encarava Minjeong. Ela não conseguia controlar mais as lágrimas que desciam livremente pelo seu rosto.

Minjeong a olhou por um momento, visivelmente abalada, mas sua expressão logo se fechou em raiva.

— Do que você tá falando? Quem deveria estar assim sou eu, não você! Eu só te dei o troco! — A voz de Minjeong cortou o ar como uma lâmina, carregada de mágoa.

Karina a encarou, confusa. As palavras de Minjeong não faziam sentido. Troco? Troco pelo quê? E então, a verdade bateu nela como um golpe.

— Minjeong... o que você tá dizendo? — Karina perguntou, a voz hesitante. Ela mal conseguia processar o que estava ouvindo.

— Jimin, eu vi você beijando o Heeseung! — Minjeong cuspiu as palavras, cada uma delas carregada de ressentimento.

Karina arregalou os olhos, surpresa e desesperada.

— O quê? Não, ele me beijou! Eu não fiz nada! — Ela tentou se explicar, sua voz tremendo de urgência.

— Eu não sou idiota, Jimin. Eu vi vocês dois juntos a noite inteira! — Minjeong rebateu, a raiva tomando conta de cada palavra. Seus olhos estavam brilhando com lágrimas, mas ela não conseguia segurar sua frustração.

Karina abriu a boca para tentar argumentar, mas Minjeong parecia inconsolável, tomada por uma fúria que transbordava de seu coração ferido. Ela disse coisas que provavelmente não deveria ter dito, mas que naquele momento, pareciam inevitáveis.

— Olha só, eu ia me declarar pra você hoje! — Minjeong começou, a voz cheia de dor. — Até porque eu sei que você já sabia dos meus sentimentos. Mas adivinha? Você nem ligou! Tudo o que a gente passou foi só brincadeira pra você? O que eu sou pra você, Jimin? Uma piada? — Minjeong estava devastada, as palavras saíam entrecortadas pelo choro. — Ver você beijando outra pessoa... isso me destruiu. Acabou! Nossa amizade... que nem era mais uma amizade... acabou tudo! Eu tô cansada de você, de ser enrolada! Nunca mais chega perto de mim!

Quando Minjeong se virou para ir embora, sentiu a mão de Karina segurando seu braço. Ela estava realmente chorando agora, as lágrimas molhando seu rosto pálido.

— Minjeong, por favor, me escuta! Eu... — Karina tentou começar, mas Minjeong puxou seu braço de volta com força, se afastando.

— Eu não quero mais saber, Jimin! Eu cansei! — A dor na voz de Minjeong era palpável.

— Eu não beijei ele, eu não estou te enrolando... eu só... só não sei o que eu quero ainda, mas eu nunca brinquei com você, por favor, não diga isso. — Karina implorou, as lágrimas escorrendo de seus olhos, sua voz desesperada. As duas estavam quebradas, e ambas sabiam disso.

— Jimin, eu já falei, eu cansei! O que você fez foi o limite. Acabou tudo entre nós. Eu realmente gosto de você, mas eu não posso mais lidar com isso. — Minjeong suspirou profundamente, a dor transparecendo em cada palavra.

E essa foi a última coisa dita naquela noite, ali, na frente da casa. Minjeong voltou para a festa, deixando Karina para trás, sozinha, com um coração partido e um misto de sentimentos que ela mal conseguia entender. Ela estava com raiva, com tristeza, se sentia impotente por não ter conseguido falar o que realmente sentia, e ao mesmo tempo devastada por ter perdido a pessoa que mais amava no mundo.

Aquela noite, sem dúvida, foi a pior de sua vida.

Depois disso, Minjeong fez o máximo para evitar Karina. Ela não queria vê-la, não queria sequer pensar nela. E Karina, embora desejasse desesperadamente consertar as coisas, acabou fazendo o mesmo. Elas ficaram quase um ano sem se falar, sem sequer trocar olhares. Mas tudo poderia mudar, dependendo do que suas melhores amigas, Giselle e Ningning, planejassem para forçar um reencontro inesperado.

Talvez o destino ainda tivesse planos para elas.

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