Succubus: Death within Lust

Capítulo Único

O barulho do salto era o único ressoando pelo corredor extenso do hotel de luxo. Violet dava cada passo tranquilamente até o elevador. O sorriso ladino conseguia seduzir qualquer um que passasse por ela, independente de seu gênero ou sexualidade.

Ao entrar sozinha no elevador, seu sorriso morre e enquanto encara seus próprios olhos no espelho, seu corpo muda gradativamente, cada parte dele se alterando até uma nova forma, uma pessoa completamente diferente. O poder liberado enquanto isso acontecia, fez a câmera do elevador parar de funcionar por alguns minutos, tempo suficiente para não registrar o que aconteceu e nem Violet saindo da caixa de metal.

— Foi encontrado, hoje de manhã, mais um corpo dissecado em um hotel de luxo. Os policiais afirmam que estão trabalhando para descobrir o culpado, mas não informaram se já havia algum suspeito ou pistas. Pedimos que tomem cuidado e fiquem em alerta, porque com esse, já são vinte os corpos encontrados assim. — A voz distante vinha da televisão da sala.

Violet sorriu com as informações ouvidas enquanto terminava de se arrumar. O cargo de CEO que conseguiu através dos poderes de súcubo era apenas uma distração, uma diversão das horas vagas, até encontrar seu próximo alvo e geralmente as reuniões com os acionistas ou herdeiros que encontrava em eventos, ajudavam nessa tarefa.

No entanto, naquela noite, quando entrou no bar do hotel mais luxuoso da cidade, não esperava ser possuída por uma raiva tão grande ao ouvir a voz de um dos novos acionistas. Violet sabia que ele flertava com ela nas reuniões recentes e que ele estava ali porque ela comentou com um dos herdeiros — que conheceu recentemente — que gostava de beber ali. Sua esperança era encontrar com o herdeiro e o seduzir com apenas um sorriso para terminar a noite com ele na cama, porém, só encontrou esse acionista que passou a segui-la por horas afinco.

Quando finalmente o deixou falar, arrependeu-se instantaneamente.

— Você é ainda mais bonita que a pessoa que eu estava procurando, o que acha de subir comigo? Pago dez mil... — A voz, carregada de desejo e ego, fazia a demonesa querer matá-lo ali mesmo, lhe embrulhava o estômago.

Violet respirou fundo e respondeu com um sorriso cafajeste.

— Só isso? Sou muito mais cara do que imagina, querido.

— Cem mil? — Violet fingiu bocejar. A verdade era que se fosse qualquer outra mulher, ele, provavelmente, teria desistido e tentado com outra, mas Violet não era uma mulher qualquer, nunca foi uma. Seu poder que causava aquilo, fazia com que o alvo a desejasse tanto que seria capaz de qualquer coisa para tê-la. — Cinco milhões, mas tenho dois bilhões no meu quarto, em notas, e podemos aumentar esse valor dependendo do seu desempenho.

Violet sorriu e segurou na mão do homem, o levando para perto dos elevadores. Era a partir daquele momento que a demonesa desligava sua mente e deixava tudo acontecer sem perceber, não por prazer, mas por desgosto. A verdade é que ela nem excitada ficava, mas causar a excitação a vítima era o único resultado que precisava, porque quanto mais desejo e estímulos, mais gostoso era o gosto de sua energia vital, mais forte era, mais quantidade tinha.

Ainda agindo no automático, Violet deixou que o homem tomasse o comando da situação, porque ela sabia que assim seria mais satisfatório para ele. E só despertou quando o barulho da cama batendo contra a parede intensificou. Esse era o momento, a hora certa para abrir sua boca e puxar toda a energia vital daquele homem em cima de si.

A Súcubo costuma tirar tudo, acabar com a vida da pessoa ali, mas naquela noite, ela fez diferente, deixando apenas o suficiente para mantê-lo vivo, mas não para se mover ou mesmo gritar por socorro. Seu corpo agora magro, próximo à dissecação, estava tão fraco que mal mantinha os olhos abertos, mas Violet sabia que estava vivo, acordado e consciente de tudo. Tanto que a voz fraca reverberou até seu ouvido no quarto silencioso.

— O que... você é?

Com um sorriso mínimo, levantou-se da cama e respondeu:

— Seu pior pecado, a luxúria em forma de morte.

Violet procurou pelo dinheiro ao qual o homem havia mencionado e quando o achou espalhou todas as notas pelo quarto. Violet nunca precisou de dinheiro e não seria agora que precisaria. Estava ali para fazer aquele homem sofrer nos últimos minutos de sua vida. E qual melhor forma de fazer isso se não o fazendo assistir todo seu dinheiro pegar fogo sabendo que seria o próximo.

Quando espalhadas, Violet encharcou o cômodo com um produto inflamável, o cheiro forte fez os olhos do homem se arregalarem e piorou quando o isqueiro foi largado no chão com a chama acesa. O fogo subiu rápido, queimando cada canto do quarto. O sistema de incêndio, sendo prejudicado pelo poder da Súcubo, ajudou no alastramento do fogo.

Parada em um canto do quarto, ela assistiu ao fogo se espalhar e chegar ao homem que tentava gritar a todo custo, se arrastando pela cama lentamente em uma tentativa falha de fugir do calor. O sorriso grande no rosto de Violet era lindo e cheio de um sentimento de satisfação ao assistir à morte buscar o humano que ainda tentava gritar quando o fogo o consumiu por inteiro.

Violet abriu a porta do quarto, saindo com passos lentos, os saltos ecoando pelos corredores ainda vazios. A poucos passos do elevador, o sistema de incêndio foi finalmente ativado, acionando os sprinklers e o alarme alto. Assim deixando os corredores cheios de pessoas correndo para as escadas, os gritos de desespero sendo uma melodia gostosa para a demonesa.

As portas do elevador abrem para ela assim que chega ao objeto de metal. Os olhos concentrados no espelho observam sua transformação, contemplam o sorriso e os números diminuindo enquanto desce até o subsolo, onde entraria em seu carro e voltaria para casa.

Uma morte a mais para sua lista, mais um corpo deixado para trás, mais uma alma entregue à Morte depois de um banho de prazer. Mais uma morte pela luxúria.