Final

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Era uma manhã cinzenta quando Sn acordou, o peso da tristeza ainda presente em seu peito. As semanas haviam passado desde que começara a terapia, um esforço constante para lidar com a ausência de Soobin. Cada sessão era um passo, embora doloroso, em direção à cura. Mas hoje parecia diferente; havia uma determinação em seu coração que a impulsionava.

Depois de se arrumar, ela se sentou à mesa da cozinha e olhou pela janela. O céu estava nublado, refletindo seu estado emocional. Com um suspiro profundo, pegou um caderno e começou a escrever. As palavras fluíam como um rio, cada frase carregando consigo a dor que ela guardava há tanto tempo.

"Querido Soobin, meu amor" começou ela, "a vida sem você é como um livro sem páginas. Eu sinto sua falta em cada momento do meu dia." As lágrimas escorriam pelo rosto enquanto ela escrevia sobre os momentos que haviam compartilhado, as risadas, os sonhos e até mesmo as pequenas brigas que agora pareciam tão insignificantes diante da imensidão de sua perda.

Ao terminar a carta, Sn sentiu uma mistura de alívio e tristeza. Era hora de enfrentar o que mais temia: visitar o túmulo de Soobin. Ela guardou a carta cuidadosamente no bolso e saiu de casa, o coração acelerado.

O caminho até o cemitério parecia interminável. Cada curva da estrada trazia à tona memórias vivas de Soobin — seu sorriso contagiante, o jeito como ele a fazia sentir segura. Ao chegar ao cemitério, os pensamentos giravam na sua mente como folhas ao vento. "Estou pronta?" questionou-se, mas não havia mais volta.

Após alguns minutos procurando entre as lápides, finalmente encontrou o túmulo dele. A pedra fria e silenciosa parecia absorver toda a luz ao seu redor, como se o mundo tivesse parado ali. Sn se agachou, tocando a superfície do mármore com as mãos trêmulas. "Soobin..." sussurrou, as lágrimas começando a escorregar pelo rosto.

O silêncio ao redor era ensurdecedor enquanto ela permitia que sua dor emergisse. Sentia-se vulnerável ali, exposta diante da realidade da perda. O tempo parecia ter parado; cada lágrima era uma parte dela que estava sendo liberada.

Com um esforço profundo, puxou a carta do bolso e abriu-a novamente. As palavras dançavam diante de seus olhos turvos pela emoção e ela começou a ler a carta:

"Querido Soobin, meu amor

Hoje, escrevo com o coração pesado e uma dor que parece insuportável. As palavras fogem de mim, mas sinto que preciso tentar colocar em papel tudo o que estou sentindo. A verdade é que a saudade já se instalou em mim e não sei como viver sem você.

Cada dia sem você é como uma eternidade. Sinto falta do seu sorriso, do seu jeito de me olhar e da sua risada que iluminava qualquer ambiente. Lembro-me das nossas conversas, dos sonhos que compartilhamos e dos planos que fizemos juntos. Tudo isso agora parece tão distante, como se tivéssemos vivido em um mundo paralelo que foi abruptamente interrompido.

Sem você, tudo perdeu a cor. As coisas que antes me faziam feliz agora só trazem lembranças dolorosas. Eu gostaria tanto de ter mais um momento ao seu lado, mais uma chance de dizer o quanto você significava para mim. Você era meu porto seguro, minha alegria, e agora me sinto perdida em um mar de tristeza.

Eu gostaria de poder voltar no tempo e aproveitar cada segundo ao seu lado com mais intensidade. Prometi a mim mesma que nunca deixaria de te amar, e essa promessa eu mantenho. Você sempre estará vivo em meu coração, nas minhas memórias e na minha alma.

Despeço-me com lágrimas nos olhos e um vazio imenso dentro de mim. Que você encontre paz onde quer que esteja, meu amor. Vou guardar cada lembrança nossa com carinho e amor eterno.

Até um dia, meu querido.

Com todo o meu amor,

[S/n]"
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A cada frase lida, seu coração se apertava mais; era como se estivesse reabriando feridas que nunca cicatrizariam completamente.

Quando terminou de ler, olhou para a sepultura com um misto de amor e dor. Se inclinou e deu um beijo suave na pedra fria, sussurrando: "Eu te amo e sempre amarei. Espero te encontrar nas nossas próximas vidas." Um buquê de flores silvestres foi colocado com carinho sobre o túmulo; eram flores que sempre lembrariam Soobin — vibrantes e cheias de vida.

À medida que se levantava para ir embora, uma sensação inesperada a envolveu. Era como se um peso tivesse sido retirado dos seus ombros; finalmente conseguira deixar Soobin descansar em paz. Embora soubesse que sempre sentiria sua falta, havia uma nova luz em seu coração — uma luz que representava tudo o que vivera com ele.

Com passos firmes e decididos, Sn saiu do cemitério olhando para trás uma última vez. A sepultura de Soobin agora era um lugar de amor e lembranças felizes, não apenas de dor. Ela sentia que tinha feito o correto ao liberar seu espírito; ele merecia isso tanto quanto ela.

E assim seguiu seu caminho sob as nuvens cinzentas do céu — livre e feliz por finalmente ter encontrado paz em meio ao luto profundo que carregara por tanto tempo. A jornada não tinha acabado; mas agora havia esperança no horizonte — esperança para novos começos e memórias eternas com aquele que sempre seria seu primeiro amor.

Fim! 🥀

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