Os convidados se mantinham em silêncio, todos observando o glamour da noiva e do noivo que se apresentavam sobre o altar. O Padre era já idoso, por isso dizia tudo com pouca clareza. As luzes iluminavam apenas o casal lá na frente, mas ainda era possível ver e apreciar a cerimônia.
Daichi olhava para sua noiva com um grande sorriso, os olhos da moça devolviam a felicidade com a mesma intensidade. Seguravam as mãos um do outro num toque singelo, estavam sendo unidos finalmente. Estavam prontos para começar uma família e serem o apoio um do outro para sempre.
Para sempre?
Bom, no último banco lá estava eu. Cheguei um pouco tarde do serviço, tive que correr contra o tempo para comparecer ao casamento, mas enfim estou aqui assistindo Daichi vestindo um terno fabuloso, que o deixava mais bonito do que nunca, com aquele sorriso encantador o qual sempre esteve presente em seu rosto carismático, apenas para sua belíssima noiva.
Tão sincero.
Do fundo da igreja eu não entendia uma palavra do senhorzinho de batina. Porém, não era necessário entender o que ele falava para saber que as duas pessoas em pé naquele altar estavam se unindo pelo resto de suas vidas. Já que pelo tamanho daquele sorriso, não existiria a menor possibilidade de haver algum tipo de separação, certo? Pelo menos era o que ouvia de alguns dos convidados sentados na minha frente.
Eles diziam coisas como: "Eles foram feitos um para outro, não acha?" Ou "Nossa que Casal lindo, eles devem se amar muito!" E tem também "Owwt, eu queria que alguém me amasse como eles se amam." Mas até que me identifico com essa última frase.
Eu gostaria que alguém me amasse como eles se amam.
Talvez isso doesse um pouco, mas já estava tão acostumado a essa dor que nem reparei que chorava. Eu chorava pelo casamento? Não, eu chorava pois não tive tempo de admitir que estava errado.
E você deve estar se perguntando do que eu estou falando, correto? Bom, eu estava errado de mentir tantas vezes para mim mesmo que não estava apaixonado.
Eu escondi isso por tanto tempo, só agora percebo que amo aquele homem sorridente no altar, prestes a se casar com outra.
Se casar com ela.
Aquela garota que antes era apenas uma amiga, conseguiu roubar seu coração tão rápido, que
quando me dei conta você já estava me contando sobre seu noivado.A comoção foi tanta, eu quase me esqueci de dizer que estava feliz por você.
Pois eu não estava.
Você não sabe as tantas vezes que ouvia o quão feliz estava Hinata pelo seu casamento, as tantas vezes que ouvi Nishinoya comentar sobre beber até cair na festa de casamento, as tantas vezes que ouvia de você aquelas palavras gentis me convidando para ser seu padrinho.
Como dói.
Eu rejeitei seu pedido tão abalado, que você achou que eu estava sedendo lugar ao Tanaka, que queria muito ser seu padrinho. Pois bem, fingi que era apenas isso.
Esses olhos brilhantes, tenho certeza que sentirei saudade deles, pois dúvido que volte a me olhar com tal intensidade tendo uma mulher tão bonita para admirar.
Não que eu não vá comparecer na festa de casamento, mas não conseguiria olha-lo depois daqui, então claro que arranjarei uma desculpa imbecil para ir embora mais cedo.
Já planejo até o que fazer: comprar um vinho barato, entrar em casa, beber a garrafa toda de uma vez só e chorar no sofá da sala enquanto apago fotos nossas do meu telefone.
Já sinto falta de nós.
Neste momento só consigo pensar no quão aliviado estaria se tudo fosse apenas um sonho, ou melhor um pesadelo.
Quero acordar.
Estou aqui chorando como uma criança, sem meus amigos nem ninguém para me consolar, até porque todos que conheço estão nos primeiros bancos da igreja. Tanaka, Hinata, Kageyama, Nishinoya...
Eu com certeza não vou sair daqui, não nesse estado deplorável.
O tempo passava devagar de mais, o que me trazia mais sofrimento. Antes que eu pudesse perceber, o padre dizia as palavras finais.
É o fim.
E antes que pudessem dizer sim um ao outro me retirei da capela o mais rápido que pude. Acho que não pude evitar fugir dali. Meu peito batia freneticamente, ansioso, com medo, assustado.
Assim também não pude evitar me sentar, como um bêbado chorão, na calçada. Só agora notei o quão longe corri para fora daquele casamento.
Eu não conseguia ouvir mais nada, até que os sinos da igreja tocassem, anunciando o fim de tudo, pelo menos pra mim.
Acabou.
Novamente essas memória me atormentam, sinto aquela dor latente de novo e de novo. Eu só não posso mais continuar aflito assim. Por quê tinha de ser assim? Por que não tive coragem de dizer o que guardei por tanto tempo?
Talvez eu seja apenas mais um mero idiota que não pôde criar a mínima coragem para dizer a verdade.
E agora perdi tudo.
Tudo que eu mais desejo, tudo que eu só quero agora é poder voltar para o passado. Quero voltar e concertar o que fiz de errado e talvez poder ter você de volta, Daichi.
Eu quero voltar para o passado, eu quero outra chance.
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I want to go back to past
FanfictionOnde Sugawara volta no tempo para concertar seu erro: ter escondido seus sentimentos pelo seu melhor amigo o qual está prestes a se casar. Será que ele será capaz de fazer Daichi se apaixonar por ele?