Bed Chem [binuel]

2 • Tomada Dois

Beatriz 🎬

Entro no estúdio da Luminous Dreams Studios em Los Angeles e como da última vez, sou recepcionada por uma mulher loira com um IPad em mãos. 

— Sra. Urquiza, é ótimo recebê-la aqui. Creio que seu nome já seja o próximo.

— Obrigada.

— Venha comigo, vou te mostrar o caminho. 

Ela me guia através de duas portas duplas de vidro que dão em uma grande sala bem iluminada com chão de mármore escuro e paredes de madeira no mesmo tom. Um painel de espectadores está posicionado à frente do palco, com cadeiras de ferro e estofado vermelho parecida com tronos para os diretores e produtores. Há um canto totalmente preto de área de espera com sofás e mesas de café.

— Sinta-se à vontade aqui. 

Mal posso esperar.

Captem a ironia.

— Obrigada novamente. 

Helena aparece quando é mencionado a presença de rolinhos primavera no brunch.

Ao que me parece depois de quase cinco minutos inteiros, finalmente chamam meu nome, e meu coração se aperta em nervosismo. A sensação é hilária, não importa quantas vezes eu já tenha feito isso — testes —, ainda carrego a mesma ansiedade da primeira vez. 

Helena beija meu rosto quando me afasto, sussurrando um "boa sorte" e completando com "esse papel já é seu" antes de enfiar um torrone na boca. É até engraçado como meu peito se alivia, todo o nervosismo pré-teste sumindo. Ela tem esse poder, é a minha irmã mais velha, afinal. Quem eu costumava me inspirar cegamente quando tudo que tínhamos era um quarto conjunto e figurinhas da Barbie para dividir. 

Instintivamente encaro Manuel e recebo um erguer de sobrancelhas em resposta. Sua presença está me fazendo tão desconfortável desde o momento em que ele chegou. Seu teste foi curto, não precisou de muito para que ele pudesse se consagrar Julio Peña, já que, não surpreendendo, eles são parecidos — físico e internamente. 

A sala está decorada com cadeiras dispostas em semicírculo, e no centro uma mesa com algumas câmeras estratégicas voltadas para nós próximo à um telão branco. 

Enquanto nos posicionamos, é quase palpável a eletricidade e nervosismo no ar. Embora a primeira parte venha dele e a segunda de mim.

— Vocês vão começar com a cena em que Julio e Isabela se confrontam na praia no final da história. — A diretora, Jackson, instrui. — Eu quero, apesar do desentendimento, que aja fogo e bastante desejo no olhar de ambos. 

— Isso não é difícil. — Ouço a voz profunda e rouca dizendo e novamente volto a encarar o homem-poste. Um homem-poste bem gostoso, diga-se de passagem.

Ele está me provocando?

— Suponho que já tenham as falas em mente, mas no telão disposto ali no centro elas passarão para caso precisem de uma colinha.

Me posiciono de frente para Manuel, tentando ao máximo não encará-lo o suficiente, mesmo que sua jaqueta de couro seja a responsável pelo quase fim do meu autocontrole. Seu cabelo cai como dominós por seu rosto perfeitamente. 

Espero o sinal de Jackson.

— Podem começar quando quiserem.

Solto um suspiro longo e subo o rosto para olhá-lo, respirando fundo ao dar início. 

— Para! — Digo com a voz alta e intensa, apontando o dedo para seu peito para trazer profundidade. — Eu disse para você que não queria conversar.