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                      Reflexos de Sangue e Aço.

Visenya.

Visenya Waters não se lembrava do dia em que fora abandonada, mas a ausência de respostas sobre seu passado estava em cada canto escuro e empoeirado da casa dos prazeres.

Desde pequena, sabia que não pertencia àquele lugar. Seu reflexo nas bacias de água suja sempre lhe mostrava o que a tornava diferente: o cabelo prateado e os olhos lilás, características que faziam com que todos a encarassem com estranhamento, misturado a uma admiração cautelosa. Era uma aparência que ela não conseguia compreender, mas que sempre a fazia sentir-se como uma criatura exótica, deslocada e fora de lugar.

Entregue ainda bebê à dona de um dos bordéis mais frequentados da Rua de Seda, Visenya fora criada por Maris, uma mulher de meia-idade com semblante duro e mãos calejadas.

Quando a acolheu, Maris a encontrou envolta em uma manta fina com o nome Visenya bordado em fios delicados. Havia também um colar de aço valiriano preso ao pescoço da bebê, uma peça incomum naquele lugar, que Maris decidiu guardar para ela como um símbolo de algo que talvez nunca pudesse entender.

Maris alimentou a menina e deu-lhe um canto onde pudesse dormir, mas jamais ofereceu explicações sobre sua origem ou sobre os objetos deixados com ela. Para Visenya, a mulher era uma figura tanto de proteção quanto de frieza. Não a tratava com desprezo, mas também nunca foi especialmente carinhosa. O mais próximo que chegavam de uma conversa mais íntima eram os murmúrios rápidos de advertência, como "não se aproxime dos clientes" ou "mantenha-se fora de vista".

Na infância, Visenya era mantida longe dos olhares curiosos dos frequentadores do bordel. Ela ajudava com tarefas simples, limpando os corredores e os quartos, sempre nos horários em que o movimento era menor.

Embora estivesse cercada por outras crianças, filhas das prostitutas que trabalhavam ali, ela sempre se destacava. Não só pela aparência marcante, mas pela forma como parecia carregar algo indefinível, uma aura que Maris dizia ser "nobreza no sangue, ainda que misturada à sujeira do mundo". Quando Visenya perguntou o que isso significava, Maris apenas deu de ombros e lhe disse para voltar ao trabalho.

Com o passar dos anos, os olhares ao redor dela foram se tornando diferentes. Quando era criança, os homens que frequentavam o bordel a viam apenas como uma criança peculiar, com olhos brilhantes e uma cabeleira prateada. Mas, à medida que Visenya crescia, aquela curiosidade se transformava em cobiça.

Era impossível não notar a beleza deslumbrante que começava a surgir, combinada com uma aura quase sobrenatural. Seu cabelo prateado caía em ondas até a cintura, reluzindo sob a luz das velas, e seus olhos lilás pareciam esconder segredos de eras passadas.

BLOODLINE • hotd Onde histórias criam vida. Descubra agora