Capítulo 2: Sombras na Escuridão

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Eu ainda consigo ver o rosto dele. Não importa quantos corpos eu tenha visto ao longo dos anos, alguns ficam gravados na memória. Derek era apenas um garoto. Vinte e poucos anos, talvez nem tanto. Jovem demais para morrer assim, com o corpo largado na calçada como se fosse um objeto descartável.

O relógio na sala de interrogatório marcava seis horas da manhã, e eu estava tentando encontrar o fio que unia os acontecimentos. Derek morreu por volta das nove da noite, mas foi encontrado uma hora depois, em outro local. Alguém o moveu. Por quê? A pergunta ecoava na minha cabeça. Havia algo que eu ainda não tinha percebido, uma peça solta.

Derek não estava sozinho naquela noite. Ele estava com a irmã, Eloise. A história dela, durante o depoimento, ainda ecoava na minha mente. Eles estavam na balada, se divertindo como qualquer outro jovem da idade deles, até que tudo desmoronou. Um rapaz tentou assediar Eloise, e Derek entrou em ação. A confusão foi rápida, mas os seguranças conseguiram separar a briga antes que fosse longe demais. Eloise foi ao banheiro para se acalmar. Quando voltou, Derek já não estava mais lá.

Ela procurou, e procurou, mas não conseguiu encontrar o irmão. Não havia câmeras que mostrassem exatamente o que aconteceu depois disso. E agora, o garoto estava morto.

Eu precisava voltar àquela balada. Falar com Eloise de novo, talvez até com os seguranças, ver o que mais eles lembravam. Porque algo me dizia que a confusão não foi o fim da história, mas o início de uma sequência de eventos que levou ao assassinato de Derek.

Peguei meu casaco. Se eu queria encontrar respostas, teria que vasculhar as sombras que envolviam aquela noite e seguir o rastro que Derek deixou para trás.

Eram duas da tarde quando cheguei na Avenue Club. O cheiro de álcool barato e vômito pairava no ar, misturado ao som abafado das músicas que ainda ecoavam pelos corredores sujos. Fui direto ao Brian, o dono daquela pocilga. Ele estava cercado pelos seus seguranças na área VIP. Três brutamontes. Eu sabia que não derrubaria nenhum deles no soco, então cheguei com cautela.

— Ei, Brian. Quero falar com você em particular.

— Olha só, Detetive Patrick — ele sorriu com desdém. — Você chega assim na minha área e já vai exigindo? Será que meus meninos vão ter que "conversar" com você?

— Olha, Brian — respondi, mantendo a calma — o dia já foi longo. Se você não cooperar, eu volto com um mandado e vasculho essa pocilga inteira. O que acha?  Vai me ajudar?

Ele suspirou e acenou para os seguranças.

— Meninos, dêem licença. Tenho assunto pra tratar.

Quando ficamos a sós, ele se encostou na mesa e cruzou os braços.

— Então, Detetive, o que você quer de mim?

— Ontem, às nove da noite, um jovem desapareceu aqui na sua balada. Ele foi encontrado morto uma hora depois, a dois quilômetros daqui.

Brian sorriu com cinismo.

— Olha, eu sou muita coisa, Detetive. Mas assassino? Não sou, não. Dou uma apertada em alguns que me devem, mas matar? Isso não.

— Se eu achasse que você fosse o assassino, Brian, já estaria preso. A pessoa que fez isso... nem dá pra chamar de humano. E o corpo foi achado sem nenhuma pista.

— Estou assustado e curioso agora. Temos um novo rosto na cidade de Brusque,

— E se depender de mim, não vai durar muito.

— Então, detetive, essa conversa está se prolongando. O que você realmente quer?

— Olha, eu sei que você tem câmeras, não só aqui dentro da balada. E duvido que tenha escrúpulos em colocar câmeras em lugares proibidos, como no banheiro, seu rato. Quero acesso a essas gravações. Ou então volto com um grupo de policiais armados e um mandado para vasculhar suas instalações em busca das drogas que você tem escondidas. O que me diz?

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⏰ Última atualização: 7 days ago ⏰

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