único

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O pequeno grupo de amigos estavam reunidos na mesa de algum canto do refeitório, conversando entre fofocas de última hora e risadas escandalosas, até tentariam se importar com a opinião alheia mas sabina que não se importariam. O mais novo deles estava sentado de uma forma desleixada no banco, quem visse podia achar que ele dormiria ali por estar tão relaxado, e ria de algo que seus amigos falavam.

Mas sua atenção volta para outro grupinho que acabará de chegar, eles sentaram a algumas mesas de distância e Ni-ki os acompanhou com o olhar, especificamente em alguém. Ele admira com brilho nos olhos o garoto de olhos de gatinho, o sorriso fofo e os olhinhos pequenos quando sorria. Sua paixonite pelo mais velho começou a quase um ano quando o viu em alguma palestra que suas turmas tiveram em conjunto, o outro sentou ao seu lado nem se importando em o olhar, mas sussurrou um "Com licença" antes de se sentar. Ni-ki admite que não lembra de muita coisa que o palestrante falou já que sua atenção estava toda nos olhinhos mais lindos que já viu.

— Vai falar com ele— Heeseung sorri calmo o incentivando, mas faz um biquinho triste quando o mais novo nega o olhando. — Nem sempre é o que achamos, Ni-ki. Você tem chance até que ele fale não.— o japonês abaixa a cabeça pensativo, seu Hyung falava coisas que o deixava pensativo, só as vezes. Ele olha novamente para o menor mas fica desviando olhar surpreso quando aquelas orbes carinhosas já o olhava, ele morde o lábio e vira o rosto pra seus amigos na tentativa, falha, de disfarçar seu nervosismo.

Heeseung já sabia de tudo. Ni-ki não sabe disfarçar e sempre desabafava consigo sobre estar apaixonado naqueles olhos felinos. Mas ele também sabia que os sentimentos do japonês eram retribuídos. Jungwon veio falar com ele a quase meio ano atrás, onde perguntou se o mais novo era solteiro ou se ao menos era gay, e o Lee respondeu com a mais compreensão tudo o que sabia. Não falou dos sentimentos do amigo, é claro, mas deixou claro que o Yang tem chances.

Jungwon gostava de Ni-ki bem antes da palestra, onde sentiu ao lado do maior depois de seus amigos o pressionarem por aquela oportunidade. Ele engolia a seco a cada minuto com os olhares nada discreto do Nishimura em si, não sabia o que passava na cabeça dele, se estava o vendo como alguém bonito ou feio, alguém bom ou ruim. Então apenas o ignorou um pouco assustado com aqueles sentimentos de o decepcionar. Depois de tomar coragem de falar com Heeseung, ele saiu saltitando quando soube que ele poderia ter alguma chance, essa que não surgiria sem esforço, é lógico. Mas não sabia o que fazer.

Ele começou a reparar nos olhares de Ni-ki em si toda vez que entrava no refeitório, por isso sempre sentava em uma mesa que conseguia o ver diretamente. Seus amigos o incentivando a ir falar com ele, mas era medroso demais pra aquilo.

Mas naquele dia ele estava determinado a falar com Nishimura Ri-ki.

Quando o grupo do japonês levantaram pra ir embora, ele foi logo atrás apressado pra os alcançar. Ele morde o lábio ainda hesitante os vendo logo em sua frente, o primeiro em o notar foi Heeseung, que o olhou em dúvida primeiramente e só depois da confirmação é que ele chamou a atenção do amigo. Ni-ki se vira confuso quando o maior o chama e indica com a cabeça pra se virar e ele sentia que podia desmaiar a qualquer hora quando viu o Yang parado ali, em sua frente, o olhando inseguro.

— Eu... Eu posso falar com você, se não for te incomodar— pede mexendo os dedos envergonhado, e Ni-ki teve que ser cutucado pelo mais velho pra sair de seus pensamentos e concordar.

— Ah, c-claro... Eu acho que não incomoda... Não, quer dizer ... Não incomoda, lógico....— ele sente o rosto esquentar por ter se atrapalhado e as risadas de seus amigos não ajudaram em nada, Heeseung e os meninos avisam que já iam e os deixam sozinhos. — Você prefere um lugar mais privado ou...— o olha em dúvida não querendo o deixar desconfortável e congela vendo o sorriso envergonhado do menor.

— Acho que é melhor— eles começam a andar pelos corredores em completo silêncio, cada um preso em suas bagunças mentais. Ni-ki mexia as mãos inquieto, curioso pra saber o que o menor queria o falar. Claro que uma declaração passou voando de sua cabeça, sequer pensava naquela possibilidade. Então a confusão o tomou, então o que Jungwon queria o falar? Eles foram até a área esportiva, entraram na quadra e sentaram nos bancos mais altos da arquibancada. Jungwon ainda de cabeça baixa mexendo os dedos ansioso.

Ni-ki não o pressionaria, nunca faria isso. Então esperou. Esperou o coreano formar as palavras em sua cabeça, esperou ele levantar a cabeça puxando coragem, esperou ele finalmente o olhar, e esperou.... Esperou ele falar, sem pressa alguma como se ainda hesitava.

— É que...— começa mas para engolindo a seco voltando a abaixar a cabeça. Ni-ki estende sua mão a ele e, mesmo confuso, Jungwon aceitou entrelaçando seus dedos.

— Não precisa ter pressa, vai no seu tempo. Eu esperarei.— sussurra acariciando a palma macia, Jungwon sente o rosto esquentar e voltou a ficar quieto. Ele agradeceu mentalmente por aquilo, por que sabia que se tivesse continuado antes iria falar alguma baboseira.

E eles ficaram ali, apenas em silêncio aproveitando suas companhia por dez...quinze...vinte minutos. Até Jungwon suspirar e concordar consigo mesmo que devia falar.

— Eu gosto de você e...— ele para quando o japonês ri fraco e o olha sorrindo.

— Olha que coincidência, eu também gosto de você. Pensei que já sabia.—murmura abaixando a cabeça sorrindo enquanto olha pra suas mãos entrelaçadas.

— Pensei que iria querer que eu falasse uma declaração decente.— ele também olha pra suas mãos e Ni-ki ri novamente.

— Pra me deixar mais ansioso? Prefiro que seja direto.— ele nega ainda sorrindo e Jungwon ri com sua fala. Eles continuaram ali, no conforto do silêncio, admirando o simples toque de suas mãos e com os sentimentos expostos.— Então como fica agora? Posso te beijar?— o olha esperançoso e Jungwon sorri concordando. Suas mãos finalmente se soltam, pra aquela, antes ocupada de Ni-ki, vá até a bochecha fofa do Yang acariciando com o dedão. Ele se aproxima devagar e se deixou observar aqueles olhos de perto, e então os fecha sentindo os lábios macios se tocarem.

Era algo inocente e ingênuo, um simples selinho esperado por muito tempo. Um sentimento. Jungwon entrelaça suas mãos na nuca alheia fazendo um carinho síngelo, e Ni-ki ainda tocava seu rosto com delicadeza.

Eles se olham depois de um tempo, os batimentos a mil e fogos de artifício brilhavam em suas cabeças. Ambos sorriram e voltam a se beijar.

Quando menos percebem, ficam ali até o fim das aulas. Seus amigos já os esperavam no portão segurando suas bolsas, e as entregam aos verdadeiros donos. Os grupos, agora juntos, não podiam estar mais que feliz com o recém-casal formado, que andavam de mãos dadas e sorrisos bobos estampados em seus rostos. Ni-ki não sabia se teria algum momento mais feliz na sua vida como naquela, onde acabará de saber que seus sentimentos eram recíprocos e pode apreciar aqueles olhos brilhantes de gatinho o olhar com o maior carinho.

Ele sabia, sabia que Yang Jungwon, o menino de olhos de gatinho, era o amor de sua vida. E não faria nada que pudesse o tirar de seu lado.

Olhos de gatinho (Wonki)Onde histórias criam vida. Descubra agora