Capítulo um

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Janeiro de dois mil e vinte e dois


— Finalmente chegamos em casa, que saudade desse lugar! — Digo me jogando, literalmente, no sofá da sala. Diogo entra logo atrás com as nossas malas e o Davi passa por último fechando a porta atrás de si. Olho em volta achando estranho o silêncio da residência e decido gritar: — Tia Biga? Cadê você, mulher? Senti sua falta!

— Tô aqui, garota. — Ela vem da cozinha com o Bruttus atrás dela correndo feito um louco. Ele pula em cima de mim e a minha tia se aproxima também pra me dar um beijo na testa. — Nem vou perguntar como foi a viagem. Só pelas fotos sei que foi uma delicia, não foi?

— Não tenho nem palavras pra descrever a beleza e energia daquele lugar, Biga. — Diogo fala indo abraçá-la e o Davi repete a mesma atitude do pai. — Como anda tudo por aqui?

— Normal, nada de novo sob o sol.

— Ela e os ditados dela. — Davi reclama fazendo a gente rir e o celular dele notifica uma mensagem. — Mal cheguei e já vou ter que ir, galera. Minha mãe está vindo me buscar.

— Mas já? Você mal voltou, Davi. — Minha tia cruza os braços indignada e eu estendo o braço pra alcançar o Marley que também apareceu quando ouviu a bagunça. — Pede pra ela deixar você aqui até a noite, pelo menos.

— Não dá, tia Biga. Ela tá com saudade e além do mais o tempo de ficar com o papai já acabou. — Davi abraça ela de novo e lhe dá um beijo no topo da cabeça. — Prometo que volto logo, fechou? Relaxa.

— Vem me dar um beijo também, garoto. — Peço ainda deitada no sofá toda largada e ele ri vindo até mim. — Vai com cuidado e volta rápido, já me acostumei com você aqui apesar de me tirar do sério a maior parte do tempo.

— Eu sei que você me ama muito, não precisa disfarçar. — Ele se gaba e olha pro pai antes de ir até a porta. — Até mais, pai.

— Não vejo a hora de te ver de novo, filho. — Eles tocam na mão um do outro, coisa de garoto, e se abraçam pela milésima vez. — Juízo e me liga sempre, pra qualquer coisa.
Davi sai pela porta nos olhando uma última vez e a minha tia se vira pra mim.

— Fome?

— Por incrível que pareça não, tia. — Respondo cheia de preguiça, até pra falar. — O que sinto mesmo é cansaço. Foram dias lindos mas muito cansativos, sabe?

— Deixa eu fazer uma massagem nesses pezinhos.

— Não precisa, amor, não precisa. — Tento dizer e até esconder meus pés nas almofadas mas o Diogo se aproxima, agacha o corpo e pega meus pés com a maior delicadeza desse mundo pra massagear cada um como se tivesse nascido pra fazer isso. — Hum...que delicia!

— E você ainda disse que não precisava. — Ele passa na minha cara e eu dou a língua pra ele. — Realmente foram dias intensos. Andamos, nadamos, passeamos, fizemos sexo...

— Diogo! — Bato no braço dele envergonhada pelo simples fato da minha tia ainda estar presente. — Finge que você não ouviu isso, dona Abigail.

— Para de besteira, menina. Vocês são um casal e é óbvio que transam, até demais eu diria. Às vezes escuto umas coisinhas aqui e outras ali mas finjo que não tenho olhos e ouvidos a maior parte do tempo.

— Tia! — É a vez de repreender ela e o Diogo cai na risada. — Não ria, seu safado. Isso não é nada engraçado e sim preocupante. Todas ou quase todas as pessoas acham que somos pervertidos. É essa a imagem que estamos passando mesmo?

— Não, acho que passamos a imagem de um casal quente só que o imaginário das pessoas vai muito além. Somos normais.

— Não são não. — Minha tia discorda e nós a olhamos confusos. — Vocês dois tem o molho, entenderam? São excitantes só de olhar, é isso que as pessoas veem.

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