Passos De Paz?

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Eu me sentia enojada comigo mesma, uma estúpida, sem noção!

Mesmo após tudo que vivi, Tzuyu, mesmo após tudo que sofri nas mãos dela, os castigos, as agressões, as torturas físicas e psicológicas; eu ainda era tola demais.

Eu já não suportava como no início toda a fadiga e estresse que a presença de Mina me causava. Contanto, eu continuava a ser estupidamente educada e burramente passei a aceitar tudo aquilo sem pestanejar, sem mais tentar me debater ou me desvencilhar. Apenas... aceitei.

Já não havia esperança de uma mudança e eu não poderia fazer nada. Myoui iria continuar ali, me atormentando para sempre. Esta dor que senti ao constatar que nada mudaria, certamente, era milhares de vezes mais dolorosa que ter os ossos quebrados.

Lembro de, nos primeiros anos, guardar ao máximo minhas lágrimas dentro de mim. Porém, eu já não conseguia fazer isso e, quando a Deusa se deitava para dormir, eu me permitia desabar em lágrimas carregadas, longe da caverna, durante quase toda a madrugada.

Os meus dias passaram a ser isso: aturar a perturbação quase demoníaca de Afrodite durante o dia, deixar que usasse meu corpo para satisfazer seus desejos impuros ao cair da noite e chorar por tudo durante a madrugada até cair no sono e acordar no dia seguinte sabendo que o ciclo se repetiria.

Estava nas águas do lago, me banhando sob a luz da lua enquanto as lágrimas caíam livres pelo meu rosto e os soluços vinham a todo momento. Fiquei submersa e rapidamente voltei para a superfície, indo para a beira do lago.

Meus pés tocaram o chão quando já raso o suficiente para tal e andei até próximo à margem. Parei quando uma presença fria e inexpressiva parada às margens do lago chegou à minha visão. Eu até pensei em cobrir minha nudez, mas, não faria diferença, ela já vira tudo contra a minha vontade.

— Não estava na caverna, Ninfa... — a Deusa loira ditou ainda inexpressiva. Eu só fiquei em silêncio e abaixei minha cabeça, imediatamente contendo minhas lágrimas. — Por que chorava?

Eu continuei sem falar, imóvel, com a água do lago à altura do meu abdômen. O único som a ser ouvido era o som dos grilos.

— Quero uma resposta. — ela não gritou, não alterou o tom de voz. Me causou uma pequena confusão. Talvez ela ainda estivesse com sono e por isso não se alterou.

Em todo caso, ainda com a voz embargada e quase sussurrando, ergui meu olhar choroso e mantive contato visual com a loira.

— Eu estava em paz. Solitária, mas em paz. De todas as vezes que alguém veio para Ogígia, esta é a mais repugnante, quando deveria ser a mais pacífica, não deveria, Deusa do Amor? — fiz uma pausa, engolindo o nó preso em minha garganta. — Não faz ideia do que me causa lágrimas? Você causa! Você é a companhia que não desejo, perturbou minha paz e por quê? Eu nunca fiz nada contra você! Nunca cometi mau algum, mesmo que vocês, Deuses egocêntricos, pensem que sim apenas por eu não ter lhes apoiado. Me chamam de traidora, mas vocês foram os primeiros a me trair. Já não bastava ter de lidar com uma dor miserável a cada milênio quando sou deixada aqui sozinha pelos homens mortais que acabam por aparecer ocasionalmente. Nem mesmo isso eu tive nos últimos milênios. E agora, vem a Deusa do Amor, a adorada Deusa do Amor... Você de fato não deveria merecer este título se não consegue sequer sentir algum remorso quando faz estas coisas asquerosas! O que você faz não é digno de alguém de amor. Eu só quero a minha paz de volta, por favor.

Devo ter falado alguma besteira, certamente. Ela deu um passo à frente, enquanto eu recuei um por instinto. Fui tola ao imaginar que Afrodite teria alguma pena de mim?

Ela continuou avançando e eu recuando, desistindo de fugir quando a água já estava em meu pescoço. Não demorou para ela me alcançar e puxar meu cabelo, dando vários tapas em cada lado do meu rosto.

Eu pensei que ela continuaria e iria além disso. Mina deveria ter tentado me estuprar, tentado me espancar de forma mais bruta até cair desacordada como ocorrera inumeras vezes. Mas ela, após os tapas, não fez mais nada. A loira me soltou e virou as costas para mim.

— Retorne para a gruta, Calipso. — disse somente isto, de modo diferente do habitual. Era um ordem, sem dúvida alguma, no entanto, não estava acostumada a ouvir suas ordens sendo ditas de modo tão... melancólico?

Eu estava começando a causar efeito na grandiosa Deusa do Amor? Na época isso era uma hipótese distante, utópica e nada mais que isso. Conquanto, hoje em dia, eu sei que, sim, inconscientemente, eu estava causando uma grande sensação de culpa em Mina. E isso só se tornava maior a cada dia.

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Olá, queridos leitores! Como vão?

O que estão achando da história da Sana Calipso?

Vocês acham que o perdão vai vir assim muito fácil pra Afrodite?

Difícil dizer. Calipso é uma Ninfa boa, mas também não é muito trouxa não.

Ansiosos para o lançamento de Strategy? Eu tô muito! Todas elas de franjinha, aquele trailer lindo, lindo, feat com a Megan...

O capítulo dessa semana foi ainda mais curto que os demais, mas acredito ser bastante importante. Já passamos da metade, se não estou enganada. Até o fim do ano, todos os capítulos estarão postados.

No mais, é isso. Desejo tudo melhor para vocês e, por gentileza, peço a ajuda de vocês, compartilhando, comentando e favoritando o capítulo.

Nos encontramos na semana que vem.

Adiós, muchachos!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 7 days ago ⏰

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Ninfa Calipso: A Rainha De OgígiaOnde histórias criam vida. Descubra agora