Tempos antigos...Meu pai havia chegado do trabalho tarde da noite e trouxe consigo duas grandes surpresas. A primeira foi um bolo lindo, decorado com flores da cor rosa e roxa, pois era meu aniversário de 10 anos. A outra surpresa foi que ele havia recebido uma proposta de emprego para trabalhar no Japão, pois a empresa em que trabalhava havia se expandido para outros países, e haviam chamado ele para trabalhar lá pela sua experiência e também por já ser fluente em japonês, pois já tivera um amigo japonês que o ensinara o idioma.
Isso foi uma surpresa e tanto. Porém, assim que meu pai disse que o emprego pagaria o triplo do que eles ganhavam (um salário mínimo), minha mãe, sem receios, disse para aceitar a proposta, pois pensou que assim nossa vida iria mudar.
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Nossa família nunca teve uma renda boa de dinheiro. Claro que não passamos fome e nem nada do básico nos faltava, mas isso significava que meus pais trabalhavam muito para nunca faltar nada. E quando eu digo muito, é mesmo muito.Meu pai tinha dois empregos e minha mãe sempre fazia alguns bicos por aí. Na época, ela até ficou conhecida como "Barbie do RJ", pois ela já havia trabalhado em tantas coisas que, toda vez que lhe perguntavam sobre algum trabalho, ela dizia: "Nisso eu já trabalhei" ou "Nesse aí eu sou especialista" e coisas do tipo.
Por causa disso, eles quase não tinham tempo para passar comigo. E, como na época eu era filha única, isso ajudava bastante para eu crescer sabendo me divertir sozinha. Eu tinha vários amigos imaginários. Além disso, eu aprendi a me virar sozinha muito mais cedo do que a maioria das outras crianças.
Sempre que meus pais estavam em casa, eles me ensinavam a cozinhar, pegar coisas no alto onde eu não alcançava, a não abrir a porta para estranhos, atender o telefone, e outras coisas.
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Uma semana depois de aceitar a proposta, nos preparamos bem para ir. Meu pai ensinou o básico de japonês para mim e minha mãe. Eu não tive tanta dificuldade em aprender; na verdade, não tive dificuldade, pois sempre fui rápida em pegar a prática das coisas, tanto mentalmente quanto fisicamente.
Foi uma longa viagem até o Japão, mas assim que chegamos lá, eu já havia sido matriculada em uma escola, e também já tínhamos uma casa. Ela não era bem nossa, era de um amigo do meu pai, e ele havia nos cedido enquanto não estávamos totalmente estabilizados. Poucos meses depois, estávamos tendo uma vida melhor, passando mais tempo em família e até fazendo pequenas viagens. Realmente, a nossa vida melhorou bastante depois dessa proposta.
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Surpresas Da Vida - Nishimura Riki
FanfictionAna Liz, uma brasileira que se mudou para o Japão por causa de uma proposta de emprego que seu pai havia recebido. Uns anos depois ela descobriu um lugar que dava aulas de dança e decidiu se inscrever. Mas seus pais não ficaram contentes com is...