capítulo 2 Bosque

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Os primeiros flocos de neve caíam, suaves como sussurros, enquanto Simo Häyhä se movia furtivamente entre as árvores do denso bosque finlandês. A natureza era sua aliada, e ele conhecia cada curva do terreno, cada sombra e cada som. O bosque, com sua quietude quase sobrenatural, tornara-se seu refúgio e seu campo de batalha, um lugar onde ele poderia se camuflar e esperar, como um predador paciente, por sua presa. O silêncio era profundo, quebrado apenas pelo suave crepitar da neve sob seus pés e pelo ocasional canto distante de um pássaro, que parecia ignorar o horror que se desenrolava fora de suas fronteiras.

As árvores altas e imponentes pareciam formar uma muralha protetora ao redor de Simo, proporcionando a ele a segurança de que precisava. Ele havia aprendido desde jovem a aproveitar as vantagens do ambiente natural, utilizando a neve como um manto que ocultava sua presença. Agora, mais do que nunca, cada elemento ao seu redor tinha um papel a desempenhar em sua sobrevivência. O bosque, com sua densa vegetação e seus troncos espessos, tornava-se seu lar, um lar temporário construído de determinação e estratégia.

Enquanto a guerra se intensificava e os soviéticos avançavam, Simo se tornava um espectador e, ao mesmo tempo, um protagonista de um drama trágico. Ele observava as tropas inimigas se movendo, sua forma de operação e os padrões que estabeleciam. Com o tempo, ele começou a notar as fraquezas nas formações soviéticas, como uma peça de xadrez se movendo sob a mente de um mestre. Cada dia trazia novos desafios e novas oportunidades, e Simo estava determinado a aproveitar cada uma delas.

O treinamento militar havia ensinado a ele não apenas a habilidade de atirar, mas também a importância da paciência. Ele aprendeu a esperar. Às vezes, passava horas imóvel, escondido sob camadas de neve, enquanto as tropas soviéticas se moviam por perto, muitas vezes sem perceber que a morte os observava a uma curta distância. O frio penetrante fazia seus músculos doerem, mas a adrenalina pulsava em suas veias, mantendo-o alerta e focado. Para ele, cada segundo que passava sem ser notado era uma vitória.

Naquela manhã em particular, a luz do sol filtrava-se timidamente entre as copas das árvores, criando um espetáculo de brilho na neve. Simo estava deitado na neve fofa, a bochecha encostada no frio do rifle Mosin-Nagant que descansava em sua mão. Ele sentia a respiração controlada, o coração batendo de forma uniforme enquanto os sons da batalha ao longe pareciam se misturar com o ambiente tranquilo do bosque. Cada segundo contava, e ele sabia que a paciência era uma virtude que salvaria sua vida.

O cheiro da madeira e da terra molhada misturava-se com a frieza do ar, uma combinação que trazia um sentimento de clareza à mente de Simo. Ele olhou para o campo à sua frente, onde a neve cobria os vestígios de vidas interrompidas e sonhos destruídos. Ali, no coração do bosque, a guerra tornava-se um espetáculo grotesco, e ele era tanto o artista quanto a obra-prima. Com cada tiro que disparava, ele não apenas eliminava um inimigo, mas também se tornava um símbolo da resistência finlandesa.

O tempo parecia se arrastar enquanto ele esperava. No entanto, a expectativa logo se transformou em ação quando um grupo de soldados soviéticos entrou em seu campo de visão. Eles se moviam de forma desordenada, sem o conhecimento de que estavam sendo observados. Simo ajustou a mira e sentiu a respiração ficar pesada em seu peito. O primeiro tiro ecoou no bosque, como o estrondo de um trovão, e, em um piscar de olhos, o primeiro inimigo caiu. O resto do grupo, surpreso e desorientado, começou a se espalhar, procurando abrigo.

Cada tiro se tornava uma extensão de sua vontade. O segundo e o terceiro disparos se seguiram, e o som dos corpos caindo se misturava ao vento que soprava entre as árvores. O bosque, antes silencioso, tornou-se um testemunho da brutalidade da guerra, mas também da resiliência de um homem que se recusava a ceder. Simo Häyhä não era apenas um atirador; ele era a personificação do espírito finlandês, lutando contra um inimigo que parecia avassalador.

Conforme a batalha se desenrolava, Simo não se permitia perder o foco. Ele era um caçador em um mundo que se tornava cada vez mais caótico. Com o passar dos dias, a luta se intensificava. O bosque, que outrora era um lugar de paz, transformara-se em um labirinto de morte e destruição. Mas para Simo, cada árvore, cada arbusto e cada floco de neve representavam uma oportunidade de sobreviver e lutar por sua terra.

A guerra exigia sacrifícios. Ele viu amigos e companheiros caírem, mas cada perda apenas solidificava sua determinação. O bosque se tornava um cemitério silencioso, onde os ecos de vozes perdidas se misturavam ao uivar do vento. Simo sabia que a luta não era apenas física; era uma batalha psicológica, uma luta pela alma de seu país. Em cada disparo, em cada respiração, ele sentia o peso da história sobre seus ombros.

À medida que o inverno avançava, Simo Häyhä se tornava uma lenda viva. Os rumores de um atirador mortal que operava nas florestas se espalhavam entre as tropas soviéticas, gerando um medo palpável que permeava suas fileiras. O nome "A Morte Branca" começava a ressoar como um aviso, um eco das histórias de um fantasma que assombrava o bosque. Simo se tornava mais do que um homem; ele se tornava um símbolo de resistência e coragem.

Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em meses. O bosque, com  entanto, sua história estava apenas começando.

Notas do autor: vão tudo se fod#

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⏰ Última atualização: Oct 28 ⏰

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Simo Häyhä A morte BrancaOnde histórias criam vida. Descubra agora