01: Olho do tigre.

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O som do despertador ecoa pelas paredes da casa. Em prontidão, o garoto de cabelos cor de carvão levanta de sua cama esgueirando seu braço ao despertador para confirmar o horário. O rosto que transborda cansaço muda rapidamente. Confirmando mais uma vez o horário, o garoto boceja com as mãos no rosto e se apressa para se trocar.

 São sete horas da manhã e na casa dos Bennet está como sempre: um caos. A casa é composta por dois andares e os quartos ficam no andar de cima. Abrindo a porta do seu quarto, o garoto é surpreendido por  Nancy que dispara em descer as escadas e ir até a cozinha. O cheiro amanteigado de panquecas sobe pelos corredores da casa, a barriga do garoto faz um ruído imaginando o sabor das panquecas que sua tia faz todos os dias antes de ir trabalhar e às vezes é a melhor parte do seu dia.

 Descendo até a cozinha, o garoto abre a geladeira e retira a jarra de suco de laranja. Observa os informes anotados em pedaços de papel colocados com fita crepe. "Levar Nancy até a escola e jogar o lixo fora" estava anotado com sinais de pressa em uma escrita mal alinhada e estranha, mal conseguia interpretar as sílabas.

— Bom dia, tio e tia! — Com um sorriso singelo, fala o garoto.

— Bom dia, Noisy — respondem em harmonia ambos os dois.

 Seu tio segurava o seu celular em páginas de notícias e falava sobre como o mundo estava um lugar terrível para viver hoje em dia. Todos os dias a família ouvia um pouco desse discurso montado, conseguiam até mesmo montar previamente em suas cabeças as suas opiniões.

— Noisy, filho — disse seu tio com um ar de preocupação. — Por acaso a empresa que você está estagiando não te obriga a virar comunista, não é?

Noisy rebate tranquilamente e fala de forma arejada. 

— Não, na verdade eles preferem que os funcionários não coloquem suas crenças ou personalidade no trabalho.

— Como deve ser feito — responde seu tio aliviado. — As marcas devem ter cuidado com essa influência de mau caráter e sua mãe não gostaria de...

 Impedindo seu marido, Tia Carmen coloca sobre a mesa uma tábua cheia de panquecas. A calda brilhante reflete na mesa inteira, a manteiga e a fumaça de comida caseira recém feita invade os corações de todos na mesa.

— Não acho que seja assunto para puxar na mesa, querido. — Põe os talheres ao lado dos pulsos de seu marido e aponta com a cabeça para a Nancy. — Também não acho que seja da nossa conta sobre as preferências políticas de Noisy e da sua empresa.

 —Não somos comunistas na empresa, tio e tia. — Responde de cabeça baixa e com os olhos fechados.

 Nancy está bem inquieta hoje, pois é dia de levar brinquedos para a escola. Ela segura duas de suas bonecas e olha fixamente para ambas como se fossem as últimas bonecas do mundo.

— Não sei qual das bonecas levar, mãe. — Expressa uma cara engraçada entre raiva e confusão.

Em prontidão, sua mãe responde com uma voz doce e suave.

— Acho que deveria levar a Zoe e a Becca essa semana, querida. — Colocando as panquecas em seu prato.

 Nancy põe as mãos sobre a mesa ajudando a segurar o copo que a mãe está enchendo com suco de laranja.

— Mãe, sabe que a Zoe está em expedição no zoológico hoje e Becca tem sido muito chata ultimamente, preciso que ela se comporte melhor para ver a minha amiga Christie.

 Noisy faz uma cara confusa sobre a situação, refletindo consigo mesmo se ainda estão falando de bonecas ou de amigas adolescentes de um filme dos anos 2000.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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