Covardia e Coragem

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Já era cedo.

Mesmo que não olhasse a hora no celular ou não pudesse sentir os raios de sol invadindo o quarto, Furihata sabia que o dia havia chego na sua cidade.

Costumava, não por própria opção, começar seu dia assim que o sol aparecia no horizonte. Então, apesar do corpo dolorido, da dor na cabeça latente e do braço que não conseguia sentir por conta de uma noite completamente mal dormida, se viu totalmente alerta.

Os acontecimentos que nunca abandonaram seus pensamentos naquela noite se firmaram por completo; ele não poderia mais fingir estar embalado no sono e que não se importava muito com aquela situação absurda.

Furihata não tinha respostas, mesmo que um borbardeio de pensamentos cruzasse sua cabeça, sobre o que estavam fazendo ali.

Teve medo de abrir os olhos, queria voltar a ignorar tudo, mas não aguentava mais a inércia que perdurava por horas.

Esperava, assim que seus olhos se acostumassem à penumbra, sentir toda a culpa brotar de novo.

Foi mesmo o que aconteceu, mas apenas depois de secretamente permitir-se admirá-lo.

Akashi estava dormindo muito, mas muito tranquilamente próximo a si. Mesmo que a respiração de Furihata em sua orelha fosse irregular ou que seu braço estivesse recém enfaixado, ele suspirava calmamente, sossegado.

Aparentemente, o acidente que o próprio Koki havia provocado não doía tanto, mesmo que os remédios administrados no hospital provavelmente já não garantiam efeito nenhum.

De fato, em nenhum momento viu Akashi abalado. Ainda enxergava aquela pessoa paciente, observadora e complacente com a qual dividia o quarto.

Um suspiro e algumas lembranças cruéis interromperam o bom momento.

Embora Seijuro não se importasse, que repetisse estar tudo bem como havia feito horas atrás, Furihata não conseguia acompanhar os pensamentos positivos.

Fora um covarde novamente, e dessa vez havia machucado fisicamente alguém que gostava, e gostava muito.

Quando tomaria uma atitude sobre o que sentia? Esperaria que Seijuro se afastasse e culparia o tempo? Não teve oportunidades?

Certamente não.

Se encontrava há meses nessa situação. E semanas atrás, com o que estava fazendo junto do outro Akashi... É, tudo parecia estar piorando. Ele não era honesto.

Furihata olhou novamente para o garoto dormindo consigo na mesma cama.

Ele estava com rosto virado para cima, e seus cabelos recém cortados roçavam no braço apoiado na cama do moreno.

Está... dormente.

Agora que podia enxergar, Furihata lamentava mais a posição que estava, mas não poderia se mexer. Além do braço, seu quadril também estava em contato com o colega de quarto, e ele não queria acordá-lo de forma alguma, principalmente quando o próprio Akashi havia insistido que ficassem juntos aquela noite.

Suspirou novamente sem ter o que fazer.

Sempre que estava com ele, aliás, tinha mesmo poucas opções.

Era inútil dizer não a Akashi, pois ainda que estivesse de volta à sua gentil personalidade, sabia utilizar as palavras muito bem, e era muito inteligente.

Se bem que... Particularmente, Furihata faria tudo por ele.

Quando isso começou?

Devagar, mais uma hora se passou entre lamentos, até que dois olhos gentis pousassem encima de si.

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⏰ Última atualização: Nov 17 ⏰

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