⋆.˚ PIMENTA

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PIMENTA

Em anos quebrando as pontas de minhas garras, ando morto ao olhar dos sem-vida.
Minhas patas se limpam na mistura Via-Láctea das tintas fluorescentes.
Desenho um sorriso e, assim, se afiam os dentes das felinas atrás de mim.
Plantas rasgam as gargantas alheias, já não sei ao certo se o esturro veio de dentro ou do medo.
Guardo molho de pimenta no morango de minha boca e, em um instante, o valor dessas meras máquinas afunda em suas súplicas. Há apenas o roubo da essência do deslize de meus pés.
Trêmulos em pavor, eles assistem o escarlate de seus olhos se fundirem ao meu sangue.

Assim, a estrela invade o caramelo de minhas íris.
Empurrei seus ossos…
Mastiguei a carne…
Beijei todo o vazio preenchido de mediocridade em passo lento.
Um por um,
estouro seus pulmões.

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