Vamos nos apresentar, não sei se alguém irá ler isso, mas eu sei que eu voltarei com o passar dos dias, a minha memoria já não é mais a mesma, talvez seja a dopamina, os estímulos da vida moderna, o cansaço das oito horas de trabalho ou a Covid que eu tive a um tempo atrás.
Não vou dizer meu nome, mas vou dizer meu apelido, podem me chamar de cau, isso, obviamente se em algum momento alguém ler, vamos lá, vou tentar me apresentar, tenho mais de 20 anos, tenho um trabalho por tempo determinado, as vezes ele tira grande parte da minha energia, as vezes ele recarrega, a dualidade de estar em uma sala de aula é essa, a cidade que eu moro não é muito grande, é bastante bonita, pelo menos eu acho, tem bastante área verde, praia e alguns pontos históricos, inclusive um deles é quase minha segunda casa, as vezes eu digo que é um lugar esquecido até por Deus, me desculpe senhor, mas é difícil não pensar quando o poder público não investe no básico.
Vamos ao que me aconteceu hoje, pelo menos o que aconteceu até as 16:03 da tarde, eu deveria ter ido trabalhar hoje, se tivesse ido provavelmente não estaria escrevendo aqui, mas eu estava doente, um quadro infeccioso ou algo assim, acordei com dor no corpo e prontamente avisei a diretora da minha falta, fui ao médico, não haviam muitas pessoas na minha frente e por um segundo eu fiquei alegre, mas não demorou muito tempo, não havia médico para o atendimento, esperei mais de 40 minutos até que um rapaz ao meu lado começou a reclamar, ele se levantou e foi até a recepção, foi até os maqueiros, foi até a farmácia reclamando da falta de médicos na unidade, ele tinha machucado o braço, o braço estava inchado e roxo, ele desabafou, disse que estava fazendo "ôia" não sabia como iria poder trabalhar, tinha uma família, esposa e uma filha, até vi a foto da criança no celular.
Algumas pessoas riram e reclamaram da ação do rapaz, bem, para a nossa sorte menos de 5 minutos depois a médica apareceu, quando chegou na minha vez olhei para a mulher e o filho ao meu lado e falei...
— Acho que só fomos atendidos agora porque ele é bocudo.- Ela riu e eu segui para a consulta, a moça da triagem havia errado meus sintomas, expliquei a médica e segui até a sala para os remédios, a sala me dava uma agonia, dava pra escutar os gritos de dor de uma mulher, as pessoas dormiam de maneira desconfortável na sala, duas mulheres de aparentemente uns 40 anos, um rapaz e dois idosos, dividiram o espaço comigo.
Eu tomaria um soro, mas pedi para tomar a decadron e o cetoprofeno em injeção, esperei alguns minutos e fui para casa, passando antes na farmácia para comprar mais cetoprofeno, é 16:17, as dores voltaram, melhor tomar mais um pouco.
Meu pai a tarde pediu para que eu fosse buscar algumas coisas no carro, protestei, disse que estava com dor, mas acabei indo, quando cheguei lá me informaram que eu teria que ficar até as 18h, disse que estava doente e vim para a casa, realmente as dores do dia de hoje não me deixariam cumprir essa tarefa.
Nesse tempo me ligaram da escola, pediram para que eu ligasse para o pai de dois alunos para busca-los, não havia água e energia elétrica, á falta de água já é comum, acho triste e de certa forma até bonitinho ver as crianças mais organizadas com pequenos baldinhos para colocar no banheiro, é absurdo e triste vê-los tomar água quente nesse calor, se já é difícil para mim, imagine para crianças de 6 até os 11 anos de idade.
Termino esse diário as 16:33.
Agora estou em casa, escrevendo pa
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Diário de uma pessoa normal
Historical FictionNão sei como vai se suceder aqui, apenas um espaço para descrever o que faço, se quiser compartilhar seus momentos aqui comigo, ficarei feliz.