O coração estava frenético, era possível escutar em seus ouvidos os batimentos fortes, o que fazia o homem tentar controlá-los. Tentava respirar de maneira contínua e ritmada, empenhando-se para conseguir sustentar a face que construirá. A pele queimava diante dos olhos do outro homem, os olhos escuros tinham um brilho diferente.Uma inocência genuína. Quase que...infantil.
Mordeu o lábio inferior enquanto olhava para o cobertor predominantemente vermelho com detalhes coloridos, agarrou a ponta do cobertor e afastou a mesma para dar espaço ao outro.
Apesar de não olhar para o mais alto, sabia que os olhos dele se focavam em seus atos, atentos, julgando ou admirando seu desempenho com ele.
Quando afofou o travesseiro virou-se para Brahms, encontrando-o quietinho no pé da cama, esperando pacientemente.
– Você sabe que é hora de dormir, certo Brahms? – encarou nos olhos o homem mais alto.
A máscara impossibilitava a formação de uma expressão, mas sabia que Brahms gostava quando seguiam sua rotina rigorosa. Então ele apenas assentiu.
– Vem, vem deitar. – gesticulou com a cabeça, estendendo a mão, mas hesitou por instantes.
O homem mais alto vendo a hesitação não perdeu tempo em agarrar a mão estendida, apertando-a levemente.
Sendo guiado para a cama perfeitamente arrumada, apertou a mão um pouco mais, acariciando com o polegar.
Theo ajustou a coberta sobre o corpo do homem, não soltando da mão dele.
A mansão dos Heelshire estava mergulhada em um silêncio profundo, sendo apenas interrompido pelas respirações e os barulhos dos corações acelerados.
Os acontecimentos de horas atrás ainda rodavam a cabeça de Theo que quase não piscava os olhos, suspirando cansado com tamanho choque. Preparando-se para sair do quarto, sentiu um toque leve na cintura – frio e calejado, mas com uma força surpreendente. Olhou para cima, Brahms o fitava firme, ainda com aquele brilho intrigante e infantil nos olhos.
– Beijo... – pela falta de uso, a voz de Brahms era rouca, grossa, como se houvesse acabado de acordar. E ficava mais grave com a forma que ele falava, baixinho, como se estivesse tímido.
Theo respirou fundo, tentando manter-se calmo, as mãos tremiam.
Não havia tanta surpresa com o pedido, afinal estava na lista do Brahms, era como ele havia aprendido quando chegou na mansão. Todo ritual, toda precisão de movimentos, seguindo à risca a rotina exigida.
O cuidado na hora de dormir era essencial, Brahms precisava estar deitado confortavelmente, e antes de dormir, Theo deveria contar-lhe uma história, dar-lhe um beijo na testa e Brahms dormiria tranquilamente a noite inteira.
Mas, engoliu em seco diante do pedido, era diferente quando o mesmo não era um...boneco. A forma inanimada do mesmo não o afetava tanto quanto agora, sentia até diversão quando cuidava do boneco pois lembrava da infância onde sua irmã mais velha o deixava brincar com suas bonecas. Mas...Brahms era uma pessoa, para sua surpresa.
Não negava que se julgava levemente – completamente, burro. Dois dias após se acomodar na mansão dos Heelshire escutou barulhos estranhos nas paredes, além do sentimento ruim de estar sendo observado, apesar de que não via ninguém ao seu redor.
Mesmo que claramente existia alguém.
Mordeu o interior da bochecha enquanto pensava, sentou-se na cama com a coluna reta. Olhos conectados, Brahms piscava lentamente. Sorriu de lado, tentando acalmar o coração disparado.
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Através do quadro
Фанфик- CONCLUÍDA - Theo murmurou incrédulo quando viu uma mão sair do buraco na parede, que antes se localizava um quadro da família Heelshire. - Theo... Brahms fanfic Halloween Series 1/?