Deixa Acontecer

284 27 12
                                    

— NÃO, NÃO, esse não pode ser meu fim, eu não acredito nisso, eu nem viajei para Miami, nem virei um estilista famoso.

Não é possível que eu ia morrer ali, papai do céu, eu sei que eu já errei muito, roubava os doces do Odilon, e eu peguei aquela calça bafonica do Cacá, eu juro que devolvo, mas não me mata.

— Você tá rezando? - O estranho do meu lado pergunta

— CLARO! E morrer ainda nesse lugar que eu odeio, aqui todo mundo se acha porque é rico, ah, uma banana, acham que podem humilhar todos.

Ainda estava fervendo de raiva pela briga que tive com aquela POC HORROROSA quem ela pensa que é, a sabe nem fazer um delineado direito

— Ai, papai, se eu morrer, as dívidas vão para quem? Porque eu estou atolado de dívida, e a única pessoa que eu tenho é o Cacá, e ele é mais pobre que eu.

— Bom, não sei quem fica com as dívidas- O estranho bonito me dizia, até quando eu vou ficar aqui

Nem expliquei, estou preso em um elevador, com alguém que eu nunca vi, em uma empresa que eu juro nunca mais voltar.

Ele parece calmo e tá me estressando, tá que ele é uma gracinha... NÃO KELVIN... mas eu já vou morrer, né?

Essa calça apertada nele, tirou paletó já que está fazendo calor aqui

Enquanto reparava nele senti o elevador despencar e as luzes piscarem

— O QUE QUE É ISSO? CERTEZA QUE TO INDO PARA O INFERNO

Estava fazendo muito calor, e eu queria arrancar a roupa que eu vestia

— Calma um pouco, relaxa, já ja eles vem nos buscar, tá bom?
Aquela calma me estressou mais ainda

— Olha aqui moço eu não tenho a vida ganha igual você não viu, em falar nisso, eu tô atrasado certeza que vão descontar do meu salário

— Se acalma.

Ele falando estava mais me atrapalhando do que ajudando

Comecei a suar, e sentir um tremor em meu corpo, o lugar abafado estava me incomodando, minha respiração acelerada, não sei se era ansiedade ou ataque de pânico

— Moço eu tô passando mal... me ajuda

Chamei a atenção do homem ao meu lado, que bufava irritado, mas não transparecia.

— Ajuda como? - ele me olhou espantado

— Eu não sei, acho que é uma crise de pânico

Ele não entendeu muito bem, e eu só tentava me acalmar fechando os olhos, me sentei no chão na tentativa de controlar minha respiração

— SEJA ÚTIL! - falei gritando com ele, o calor fica mais forte e eu sentia que meu coração ia sair pela boca

— Ta, eu li em um livro que é bom prender a respiração - ele falou rápido, se sentando ao meu lado, levantei minha sobrancelha

— COMO PRENDER A RESPIRAÇÃO SE EU SINTO QUE VOU MORRER

— Pelo menos tenta

Respirei fundo se não eu iria voar na cara desse engomadinho panaca

— Eu não sei como, eu estou perto de -

Fui interrompido quando senti seus lábios pressionando os meus, segurava meu rosto gentilmente, fechei os olhos percebendo que estava me acalmando, foi apenas um selinho, algo rápido, logo ele se afastou e as portas se abriram.

— Viu, eu disse, olha voc -

— QUEM VOCÊ PENSA QUE É SEU ENGOMADINHO?

Falei me exaltando e apontando o dedo em seu rosto, tinha acabado de me ligar no que havia acontecido.

ᴘʀᴏᴄᴜʀᴀ- sᴇ - ᴋᴇʟᴍɪʀᴏ Onde histórias criam vida. Descubra agora