Único

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O Dia dos Namorados, embora tivesse amanhecido com nuvens cinzentas, tinha começado como qualquer outro dia para Jungwon, tirando o facto de que ele acordou com uma empolgação que se acentuou conforme os minutos passavam. No fundo, ele imaginava que Jay fosse surpreendê-lo logo de manhã, fosse com uma mensagem inesperada ou um telefonema que fariam o seu coração bater rapidamente. Mas, enquanto os minutos se tornavam horas e não recebia nenhum sinal de vida do namorado, o seu entusiasmo inicial começava a desaparecer. Ele recostou-se no sofá, vendo as horas de tempo em tempo, a tentar convencer-se de que apenas estava a ser impaciente.

À medida que o tempo passava, Jungwon sentia-se cada vez mais ansioso. Ele tentava distrair-se, mas a sua mente sempre voltava para o mesmo pensamento:

— O Jay hyung não mandou nem sequer uma mensagem. Talvez ele só esteja ocupado — murmurou para si mesmo, enquanto desbloqueava o telemóvel pela milésima vez. Mas não havia nada, nem uma notificação. Ele suspirou e abanou a cabeça, tentando afastar a ponta de decepção que começava a brotar no seu coração — Eu estou a exagerar. Ele vai-se lembrar. É o Jay, afinal — disse, tentando convencer-se. Só que, a cada minuto que passava, a sua inquietação crescia.

Jungwon levantou-se do sofá, andou de um lado para o outro na sala e parou, finalmente, em frente à janela, olhando para o céu nublado do lado de fora — Merda, Jongseong!— Resmungou baixinho, mordendo o lábio inferior enquanto tentava afastar as ideias mais pessimistas que surgiram na sua cabeça. Para tentar-se distrair, pegou no telemóvel e deslizou o dedo pela lista de contactos. Pensou em mandar uma mensagem para o mais velho, mas desistiu logo da ideia — Ele podia ao menos ter-se lembrado de mandar um emoji, qualquer coisa... Não custava nada, certo? — Atirou-se para o sofá novamente e soltou um suspiro pesado, deixando o telemóvel de lado e esfregando as mãos no rosto, frustrado — Porquê que isto está a incomodar-me tanto? — Perguntou para si próprio, sentindo o peito apertado. Num último ato de rendição, ele pegou numa almofada e abraçou-a com força, afundando-se no estofado preto com o olhar fixo no telemóvel que insistia em permanecer silencioso.

-X-

Longe dali, Jay também estava ansioso, mas com um entusiasmo nervoso que lhe dava energia.

Tinha planeado tudo para que fosse um Dia dos Namorados perfeito: um restaurante especial, comprou as flores preferidas de Jungwon – um ramo de azaleias, a flor do amor à flor da pele e na cor vermelha, que significa amor de longa data, perseverança e persistência – um plano que ele acreditava que compensaria qualquer decepção. Ele saiu de casa mais cedo do que o habitual, pronto para procurar as flores e encontrar-se com o namorado com tudo impecavelmente organizado. O que Jay não imaginava, era que o destino tinha planos diferentes para aquele dia.

No início da noite, Jay ainda acreditava que tudo sairia conforme o planejado. Ele tinha preparado cada detalhe meticulosamente para surpreender Jungwon. Porém, quando recebeu o telefonema do restaurante a cancelar a reserva em cima da hora, um aperto ameaçou o controle que ele tanto tentava manter. Respirou fundo, recusando-se a deixar-se abalar.

— Ok, Park, nada de entrar em pânico — murmurou para si mesmo. Olhou ao redor, os olhos a analisarem cada detalhe da floricultura. O perfume das flores trouxe-lhe uma ideia repentina: — Certo, plano B. Eu vou cozinhar algo especial para ele — decidiu em voz baixa, forçando um sorriso esperançoso ao imaginar o rosto de Jungwon ao ver o jantar preparado por si.

Com o ramo de azaleias em mãos e uma determinação renovada, saiu da loja. No entanto, os obstáculos pareciam surgir uns atrás dos outros.

Ele esperou quase vinte minutos até o táxi chegar. O tempo parecia escorrer entre os seus dedos, cada segundo mais tenso do que o anterior. A ansiedade corria pelas suas veias enquanto ele apertava o ramo contra o peito, sentindo as pontas das flores tocarem levemente as suas costelas.

Run To You | JaywonOnde histórias criam vida. Descubra agora